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AS ROUPAS NA HISTÓRIA

Por:   •  18/8/2021  •  Resenha  •  511 Palavras (3 Páginas)  •  141 Visualizações

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AS ROUPAS NA HISTÓRIA

Reynaldo Damazio

Com o advento da história das mentalidades e do cotidiano, um novo enfoque tomou conta dos estudos historiográficos. Os heróis foram substituídos pelos cidadãos comuns e os "grandes ciclos" se pulverizaram nos movimentos oscilantes do dia a dia. O historiador abandonou o "plano geral" e passou a se dedicar aos detalhes, montando um quebra-cabeças com os micro-processos que dão alento aos fatos históricos.

Essa perspectiva teórica se desdobrou na recente moda dos estudos culturais. Muita bobagem tem sido dita e impressa sob tal rubrica, mas às vezes um ou outro estudo realmente sensível e pertinente merece atenção. É o caso de O casaco de Marx - roupas, memória, dor; de Peter Stallybrass, professor de inglês da Universidade da Pennsylvania. O livro traz dois pequenos ensaios que têm como assunto central a questão da vestimenta nas relações sociais, estabelecendo finas interligações entre o universo do uso pessoal, da subjetividade, e o das complexas redes de sociabilidade.

Numa abordagem original e curiosa, o autor explora o processo de humanização das roupas, que se amoldam não apenas ao corpo, mas à sensibilidade das pessoas, carregando marcas profundas de quem as usa. A história social acaba impressa nos objetos que fazem parte da vida das pessoas. Roupas e objetos são preciosos depósitos da memória, material impregnado de informações que esperam por uma interpretação acurada, capaz de resgatar os pedaços de uma história perdida, ou menosprezada. Nesse resgate pode-se compreender os modos como a ideologia vai se infiltrando e metamorfoseando nas mínimas esferas dos sentimentos pessoais. Ou como os valores se traduzem no gestual, nos hábitos, nos rituais de comportamento.

No segundo ensaio, Stallybrass demonstra a importância do casaco de Karl Marx, em suas idas e vindas à loja de penhores, num momento crucial de sua vida de intelectual que mudaria a história da humanidade. Justamente durante o duro inverno londrino em que estudava na biblioteca do Museu Britânico para a redação de sua obra máxima, O capital. Operando uma inversão ousada de conceitos, o autor rediscute a questão da mercadoria e do

fetiche, termos centrais na filosofia marxista, a partir de relação sofrida do filósofo e economista com seu casaco, reflexos de suas crises financeiras. Stallybrass faz uma surpreendente reflexão sobre o valor de uso e o valor afetivo, demonstrando que os objetos que amamos e que transformamos em extensão de nossa sensibilidade assumem valores que muitas vezes transcendem a mera relação de mercado.

O casaco de Marx - roupas, memória, dor, Peter Stallybrass, tradução de Tomaz Tadeu da Silva, Autêntica, 1999, Belo Horizonte, 127 pp., tel. (0xx31) 318 6135, formato 11 x 15 cm.1

REFERÊNCIAS

DAMAZIO, Reinaldo. As roupas na história. Disponível em:

<http://www.weblivros.com.br/nao-ficcao/casacodemarx.shtml>. Acesso em: 9 jan. 2005.

FIORIN, José Luiz: SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1998.

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1 Para fornecer os dados sobre a obra resenhada, o autor optou por esta forma de registro. Na Faccat recomendamos colocar no começo da resenha: livro resenhado (título), autor, editora, local, ano, nº de páginas, preço; contextualização (dissertação, tese, coletânea de artigos, obra literária, etc.), tema do livro e objetivo do autor.

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