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Análise do livro sobre o contexto histórico e social da criação da sociedade brasileira e as características que a caracterizam

Resenha: Análise do livro sobre o contexto histórico e social da criação da sociedade brasileira e as características que a caracterizam. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  2/4/2014  •  Resenha  •  1.695 Palavras (7 Páginas)  •  517 Visualizações

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A obra, dividida em seis partes, totaliza 19 textos e conta com a participação de 25 autores, além de Caldas e Motta, seus organizadores. Nela, é apresentada uma análise de como o contexto social e cultural nacional influenciam na construção do comportamento presente nas organizações brasileiras em seus diferentes níveis hierárquicos. Rico em conhecimento, o livro apresenta todo um contexto histórico-social de criação da sociedade brasileira e dos traços que a caracteriza, estabelecendo de que forma tais traços adentram nas organizações e como se manifestam. Porém, antes de me aprofundar na análise da obra, convém apresentar um pouco do tema e destacar sua importância, sobretudo para estudantes e profissionais das Ciências Sociais.

Estudos sobre cultura organizacional são relativamente recentes, passando a aparecerem com maior frequência no mundo a partir dos anos 1980, quando a globalização passou a se intensificar, sobretudo com o maior acesso a novos mercados pelas empresas multinacionais, embora no final da década de 1960 e durante a década de 1970 terem se destacado os trabalhos de Geert Hofstede e Edgard Shein, que utilizavam conceitos e pressupostos da psicologia social e da antropologia para analisar e gerar conclusões sobre a formação e manifestação do comportamento organizacional. A influência exercida pela globalização nessa perspectiva organizacional que foi vista, em seu início, como mais um modismo dentro do estudo das organizações, consolidando-se mais tarde como importante linha de pesquisa, foi a necessidade de conhecer questões relacionadas à cultura de determinadas regiões para assim poder conceber os melhores modelos de gestão, tornado eficiente os procedimentos adotados na prática gerencial e gerando os melhores resultados, lógica e razão de ser da Administração. Entretanto, o Brasil só veio atentar para a importância do tema a partir do final da década de 1980 e inicio de 1990, e mesmo assim ainda com fraca aplicabilidade no contexto nacional, pois nessa e em muitas áreas ainda predomina a dominação de teorias e técnicas estrangeiras não adaptadas às nossas peculiaridades, quando aquelas deveriam servir apenas como ponto referencial para podermos construir conhecimentos voltados para nossa realidade, ponto onde a obra aqui analisada constitui-se rara exceção.

Ora, o conceito consagrado para cultura sugere esta como sendo um sistema de crenças, costumes, ideologias, valores, leis, rituais, símbolos e estilos de vida que contém uma série de significações e interpretações da realidade, sendo compartilhado por um grupo de pessoas. Na verdade, essa cultura é formada por um determinado grupo de subculturas que interagem entre si dentro de um grupo definido de pessoas, como, por exemplo, a cultura brasileira, que possui suas particularidades regionais, mas no seu todo apresenta traços fortes e bem definidos que caracterizam a maioria dos brasileiros, servindo, inclusive, de meios pelos os quais uma pessoa se assume brasileiro, sendo este o ponto de partida para a explanação, ou melhor, para as explanações apresentadas no livro.

Motta e Caldas consideraram a importância de se compreender a diversidade cultural para após usá-la na geração de valor para a organização, seja esta pública ou privada. Para possibilitar tal compreensão, eles utilizam-se da análise da cultura nacional, pois é bem demonstrado no livro como esta influencia na cultura de uma organização. O conceito de cultura organizacional parte do axioma de que uma organização é formada por um conjunto de pessoas que compartilham objetivos comuns ou, pelo menos, dependentes. Assim, uma organização não existe sem pessoas e estas possuem culturas próprias, adquiridas no meio onde vivem e por suas experiências de vida, que são levadas para dentro da organização e, uma vez dentro desta, interagem com outras culturas presentes originando a cultura organizacional, que é a reunião de traços culturais presentes na organização que passam a ser compartilhadas pelas pessoas por meio de rituais, valores e crenças disseminadas, além de normas, linguagens, formas de comunicação e símbolos, que ajudam a afirmar e reafirmar a cultura adotada pela organização.

Caldas e Motta utilizam-se do pressuposto de que os indivíduos adotam traços particulares da cultura brasileira para se enxergarem como brasileiros e tais traços são transferidos para seu ambiente de trabalho, o que influencia diretamente a formação da cultura organizacional, criando assim estilos brasileiros de administrar e também de ser gerenciado. Segundo eles, esses traços possuem como origem todo um desenvolvimento histórico, econômico e antropológico que se deu desde a chegada dos colonizadores em nosso solo, passando pelo tráfico negreiro, Proclamação da República, Golpe Militar, entre outros fatos. Destaca-se nesse processo de formação da cultura brasileira e, posteriormente, da cultura de nossas organizações, o papel do português, raça que exerceu influência por um longo período de tempo, principalmente com o que é considerado no livro como falta de orgulho de raça (capacidade de hibridização portuguesa ocasionada pelo constante contato dos povos da Península Ibérica com diversos outros povos, principalmente mouros, e que encontrou em solo brasileiro condições propicias à sua continuidade), com a inclinação para exaltação da sexualidade e com o paternalismo herdado a partir da vinda da Coroa portuguesa em 1808, trazendo consigo uma legião de pessoas que eram alocadas em cargos específicos apenas para manterem seu status quo e receberem uma fatia do Tesouro sem nenhuma contribuição efetiva para o reino que se instalava, hoje refletindo no repudiado nepotismo e apadrinhamento de aliados políticos.

Nas diversas fases passadas pelo “Impávido Colosso”, verifica-se uma alternância na detenção do poder, nos objetivos das políticas públicas e nos referenciais adotados (no príncipio em Portugal, depois França e Inglaterra e, relativamente mais recente, Estados Unidos). Tais fatos influenciaram cabalmente a formação do imaginário nacional, que é apresentado no livro pela maneira como vemos as figuras do estrangeiro e do pai, por nossa flexibilidade e criatividade (exemplificadas no jeitinho brasileiro e na maneira como encaramos o termo “malandro”) e, também, por nossos paradoxos. Segundo o livro, o brasileiro é caracterizado por traços como a distância do poder, o personalismo, a malandragem, o sensualismo, o espírito aventureiro e o formalismo, que são apresentados em seis partes: Cultura, cultura organizacional e cultura brasileira; Cultura organizacional

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