Assedio Moral Ambiente Do Trabalho

1. INTRODUÇÃO

Desde os primórdios das civilizações já existia o trabalho. Trabalhava-se para produzir alimento, construir casas e para a subsistência. Com o progresso dos tempos, o conceito de trabalho também evoluiu, principalmente porque passou-se a remunerar as pessoas pelas atividades, ou seja, recebia-se um salário em troca da força de trabalho.

O Trabalho proporciona ao ser uma satisfação em vários segmentos da vida, não apenas por questões financeiras, mas também por gerar a interação social, a qualidade de vida, o sucesso e a felicidade.

Nesse sentido, encontra-se a necessidade de compreensão do individuo nas organizações não somente como recurso a ser explorado e sim como seres complexos, vislumbrando-os como seres únicos enquanto pessoa e geral enquanto espécie. Seres habilidosos, que desempenham suas atividades com total atuação mesmo com todas as mudanças que circundam o mundo do trabalho.

Mudanças essas que são associadas a um momento de reestruturação produtiva, fechamento e diminuição de postos de trabalho, globalização, políticas neoliberais, competitividade. Assim sendo, um forte artefato estruturante do trabalho é o medo pela ameaça do desemprego e a consequente precarização da vida que somado a sobrecarga de trabalho vão afetando a saúde física e mental do trabalhador.

O desemprego é o maior medo do ser humano, e é por isso que muitas vezes mesmo tendo consciência de seus direitos continuam sendo assediados moralmente, ou seja, continuam sendo expostos a situações humilhantes e constrangedoras de forma repetitiva.

Diante dessa ameaça permanente os padrões de gestão colocam cada vez mais as pessoas em situação de rivalidade, os chefes aproveitam desse receio para aumentar a produtividade e apressar a substituição daqueles que consideram menos preparados. Ocorre que essa medida é feita diante de requintes de crueldade, contando na maioria das vezes, com o apoio de outros funcionários.

A ameaça combina-se com o temor pessoal de não conseguir manter seu desempenho, ritmo e objetivos, e de não estar à altura da situação e das mudanças tecnológicas, as pessoas tem trabalhado de maneira intensa mesmo estando adoecidas, sujeitando-se às condições e organizações do trabalho.

São nessas circunstâncias que surge uma forma de sofrimento psíquico: o assédio moral, uma agressão psíquica, em que o trabalhador passa a ser vítima de jogadas perversas, até sua completa desestabilização e adoecimento psíquico, que resulta em afastamento pelo clima insuportável de trabalho.

Marie Frane Hirigoyen conceitua o assédio moral como “toda conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude...) que atenta, por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou a integridade psíquica ou física de uma pessoa, colocando em perigo seu emprego ou degradando seu ambiente de trabalho”.

2. PROBLEMA

O assédio moral pode ser avaliado como um fenômeno social mundial, do qual não se tem ideia de quando teria iniciado, mas acredita-se que tenha nascido junto com o trabalho, é um processo muito amplo e complexo onde cada área de conhecimento adota uma definição mais próxima de sua classificação. São vários os termos usados para definir o assédio moral, de acordo com países e culturas, mas independente da definição adotada, vale apontar que, o que caracteriza essa violência psíquica, quase imperceptível, porém destruidora, é a sua sistematização e repetição.

A agressão isolada não é considerada verdadeiramente grave, mas sim o efeito cumulativo dos pequenos traumas sofridos a cada agressão.

A competição entre trabalhadores e empresas tem tomado um rumo mais agressivo e mais visível da violência moral, sendo resultado das condições precárias de trabalho, onde a cada dia o empregado é valorizado tão somente por aquilo que advier de sua força de trabalho.

Sabe-se que o funcionário fica exposto a situações vexatórias e constrangedoras, repetitivas e prolongadas, durante o trabalho, nesse sentido indaga-se, como se configura o assédio moral? Quais as suas práticas e consequências?

3. HIPÓTESE DO ESTUDO

O assédio moral pode manifestar-se em muitas direções, e as pessoas que sofrem essas hostilidades sentem-se incompetentes e desmotivadas.

O assediador moral pode ser uma pessoa ou um grupo de pessoas, de perfil “perverso”, que utiliza dos mecanismos perversos para se defender, e só consegue existir e manter uma boa autoestima humilhando os outros. Muitas vezes o objetivo do assediador é massacrar alguém mais fraco cujo medo gera conduta de obediência, a meta do perverso, em geral, é chegar ao poder ou nele manter-se por qualquer meio.

O perfil psicológico do assediado é o de uma pessoa plena em vitalidade, mas que teme a desaprovação e tem uma disposição a se culpar. Em geral, busca alcançar o apego e admiração dos outros oferecendo ajuda e proporcionando prazer. A vitima do assédio moral não é uma pessoa acomodada, sem opinião própria ou somente um executor de tarefas pré determinadas, a vitima em potencial é aquela que leva o agressor a sentir-se ameaçado, seja no cargo ou na posição perante o grupo.

Os malefícios causados pelo assédio moral são inúmeros, como por exemplo a perda da “saúde social” das vitimas, ocasionada pelo afastamento dos colegas de trabalho; pelos casamentos abalados, pela perda de renda, pelas despesas com medicamentos constantes, os psicólogos que se tornam rotina, sem contar a grande possibilidade de ocorrência de acidente de trabalho, pois, o assediado perde sua capacidade de concentração, se torna uma pessoa ansiosa com dificuldades para dormir e para aprender.

No Brasil a legislação específica desse tema ainda esta em fase de construção, e o Poder Judiciário quando provocado utiliza-se do que já existe, como por exemplo a Carta Magna, para a solução dos conflitos.

4. OBJETIVOS

4.1. OBJETIVO GERAL

Discutir a configuração do assédio moral nas relações empregado x empregador, caracterizando sua prática e suas consequências.