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Caso 174

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Por:   •  25/8/2014  •  Seminário  •  1.209 Palavras (5 Páginas)  •  150 Visualizações

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Em uma das reflexões iniciais de “O choque do real e a experiência urbana” Beatriz Jaguaribe afirma que a cidade (repleta de lixo, becos e fervilhantes atividades) é também cenário para a presença de novas tecnologias e meios de comunicação onde as pessoas são minadas por uma cultura do medo. Diferente do que se imagina a “cultura do medo” não é experimentada empiricamente. Para a autora os cidadãos experimentam o medo (assaltos, roubos e violações) através da divulgação fílmica ou literária e todo o discurso e construção midiática influencia na criação de uma estética sobre a retratação da violência social.

onibus 174

Segundo Jaguaribe o choque do real pode ser entendido como a tentativa de provocar um efeito catártico no espectador ou leitor. Portanto a principal finalidade dessa estratégia é criar um incômodo, provocar espanto, atiçar a denuncia social e aguçar o sentimento crítico. Um aspecto importante é que o impacto não é necessariamente extraordinário, mas é exacerbado e intensificado. O real, por sua vez é como uma releitura ou uma representação do fato ao que Jaguaribe define: “o real é a existência de um mundo que independem de nós, a realidade social, em contraste, é uma fatia do real que foi culturalmente engendrada, processada e fabricada por uma variedade de discursos, perspectivas dialógicas e pontos de vista contraditórios”.

O conceito do choque do real e sua finalidade ajuda-nos a entender sua presença nos diversos meios de comunicação de massa (como a reportagem jornalística, o fotojornalismo e o cinema). As narrativas fílmicas (inclusive nos documentários) atendem ao que a autora chama de usar a verossimilhança e intensificação do real. Para ela, é comum observar a organização da narrativa para lhe dar mais fluxo e continuidade.

É importante ressaltar aqui uma observação realizada por Bill Nichols em referência aos documentários. Segundo Nichols o documentário se apoia muito menos na continuidade para dar credibilidade ao mundo a que se refere do que o filme de ficção. Percebe-se que muitas produções estão debruçadas sobre o que ele chama de montagem de evidência: “Em vez de organizar os cortes para dar a sensação de tempo e espaço únicos, unificados em que seguimos as ações dos personagens principais, a montagem de evidencia organiza-os dentro da cena de modo que se dê a impressão de um argumento único, convincente e sustentado por uma lógica”

Ônibus 174:

O sequestro ao ônibus 174 ocorreu em 12 de Junho de 2000 no bairro Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Sandro do Nascimento (então com 22 anos) invadiu o ônibus com um revolver calibre 38 com o objetivo de assaltar os passageiros. Impedido pela polícia militar, Sandro inicia um sequestro que duraria cinco horas. Toda a ação foi acompanhada e amplamente divulgada pela mídia. Dois anos depois, o episódio que marcou o povo brasileiro, foi tema para o documentário dirigido por José Padilha e Felipe Lacerda.

ônibus 174O documentário se propõe a recontar o caso através de entrevistas com os passageiros, com a polícia e com a imprensa. A produção também busca oferecer uma explicação para o episódio através de um estudo biográfico de Sandro (nele, por exemplo, temos conhecimento de que Sandro é um sobrevivente do Massacre da Candelária, que sua mãe foi assassinada quando ele ainda era muito pequeno e que sua condição marginalizada o levou a inúmeras prisões).

Sandro nasceu em 1978 e foi criado pela mãe até os seis anos (quando ela, grávida, foi assassinada na sua frente). Adotou o apelido de ‘Mancha’ e passou a ser morador de rua (viciou-se em drogas, nunca aprendeu a ler ou escrever e Sequestro onibus 174teve inúmeras passagens em instituições jovens delinquentes). Seus únicos contatos familiares (com forte alusão a figura materna) foram: sua tia Julieta, a assistente social Yvone Bezerra e a mãe Dona Elza da Silva. O sequestro ao ônibus 174 ocorreu em Junho onde Sandro fez 11 pessoas de reféns. Após o sequestro (que resultou na morte da estudante Geisa), Sandro foi imobilizado pela Polícia e morreu asfixiado na viatura.

Há muitos aspectos que chamam atenção sobre o caso do ônibus 174 e Jaguaribe sabiamente destaca um deles: “o revelador e o inusitado do sequestro ao ônibus não é a trajetória terrível de Sandro. Não é a morte absurda da jovem Geisa, nem a espantosa incompetência da polícia e das autoridades, nem mesmo a condição execrável das prisões no Brasil. O que marca singularmente o episódio é a sua completa visibilidade midiática que fez com que esses terríveis ingredientes

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