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Fichamento Damatta - Resumo do artigo de Roberto Da Matta

Por:   •  9/4/2023  •  Resenha  •  1.188 Palavras (5 Páginas)  •  98 Visualizações

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Fichamento: DA MATTA, Roberto. O ofício do etnólogo ou como ter “anthropological blues”. In: NUNES, Edson de Oliveira (org.). A aventura sociológica. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1978. p. 23-35.

Apresentando o autor:

Roberto DaMatta nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1936. É bacharel em História, especializado em Antropologia Social, Mestre e Doutor pela Universidade de Harvard. Lecionou no Museu Nacional da UFRJ e na UFF, onde dirigiu o Programa de Pós-graduação em Antropologia Social e é professor titular de Antropologia Social da PUC-Rio e professor emérito da Universidade de Notre Dame. realizou pesquisas Etnológicas entre os índios Gaviões e Apinayé. Foi pioneiro nos estudos de rituais e festivais em sociedades industriais, tendo investigado o Brasil como sociedade e sistema cultural por meio do carnaval, do futebol, da música, da comida, da cidadania, da mulher, da morte, do jogo do bicho e das categorias de tempo e espaço.

Nesse texto, DaMatta trata de um aspecto da pesquisa antropológica, mais precisamente da etapa do trabalho de campo, e dos sentimentos e acontecimentos que se tornam anedotas de campo, que ele vai chamar de “anthropological blues”. Ele referencial inicialmente trabalhos importantes sobre o aspecto pragmático do fazer pesquisa em antropologia, mas se propõe a tratar de um “outro lado” da tradição oficial.

Nas estórias que elaboram de modo tragicômico um mal-entendido entre o pesquisador e o seu melhor informante, de como foi duro chegar até a aldeia, das diarreias, das dificuldades de conseguir comida e - muito mais importante - de como foi difícil comer naquela aldeia do Brasil Central. Esses são os chamados aspectos <românticos> da disciplina...”

A sua questão é justamente de que, mesmo compreendendo a antropologia social como uma disciplina de comutação e mediação, esses aspectos ainda são tidos como anedotas. A antropologia é uma área onde se estabelece uma ponte entre dois universos de significação, com um mínimo de aparato institucional ou de instrumentos de mediação.  Ele que tornar esses aspectos da subjetividade ocultos, ou apenas anedotas, demonstra certa insegurança de assumir o quanto de subjetividade está presente nas pesquisas de campo, principalmente no campo da etnologia. Ai ele diz, “o medo de não assumir o oficio de etnólogo intergralmente, ou de sentir o que Dra. Jean Carter Lave chamou de anthrological blues.

II

O anthropological blues implica em incorporar no campo das rotinas oficiais de pesquisa aspectos extraordinários, emocionais, subjetivos, que emergem do relacionamento humano. E nesse sentido ele vai afirmar que só se tem antropologia social quando há de algum modo o exótico, e o exótico depende da distância social, e essa distância por sua vez é composta pela marginalidade, que se alimenta de um sentimento de segregação e esta segregação implica em estar só e tudo isso desemboca na liminaridade e no estranhamento. Ou seja, o exótico necessário para que se faça etnologia está ligada a uma posição de liminaridade, no sentido da ambiguidade entre o isolamento do pesquisador e a construção do processo de familiaridade com a comunidade estudada para que consiga compreender seu funcionamento e produzir teoria.

Nessa direção, ele diz que “vestir a capa do etnólogo” é realizar duas tarefas: a) transformar o exótico no familiar e/ou b) transformar o familiar em exótico. E são essas transformações que permeiam momentos críticos da historia da disciplina. A primeira transformação, corresponde ao movimento de origem da antropologia, quando os pesquisadores buscavam os enigmas sociais em universos de significação incompreendidos pelo seu meio social em comunidades isoladas, e foi assim que o kula se tornou um sistema de trocas compreensível. A segunda transformação, que ele diz corresponder “ao momento presente”, o texto é de 1978, é quando a pesquisa se volta para a nossa própria sociedade, ou seja, ao invés de buscar “praticas primitivas” em outros povos, buscamos isso nas nossas próprias instituições, práticas políticas e religiosas. Nessa transformação o problema é de “tirar a capa de membro de uma classe/grupo social específico para poder estranhar alguma regra social familiar e descobrir (ou recolocar) o exótico naquilo que está petrificado em nós”.

Ele argumenta que essas duas transformações estão relacionadas de forma intrínseca, a primeira transformação leva ao encontro daquilo que, na cultura do pesquisador, cabe no envelope do bizarro, é o trabalho de buscar as regras, valores e ideias do outro. Na segunda transformação, ele compara com uma viagem do xamã, um movimento drástico onde de forma paradoxal não saímos do lugar, são viagens para dentro ou para cima, mas que também conduz para um encontro com o outro e ao estranhamento.

Essas transformações indicam um ponto de chegada – quando o antropólogo se familiariza com uma cultura diferente da sua – e um ponto de partida, pois para estudar um ritual brasileiro precisamos torna-lo exótico. Isso significa que a apreensão no primeiro processo é realizada intelectualmente, a familiarização do exótico é realizada por apreensões cognitivas, e no segundo caso é necessário um desligamento emocional, pois a familiaridade foi obtida via coerção socializadora. Mas em ambos, a mediação é realizada pelas teorias antropológicas, e conduzida por conflitos “dramáticos” que são pano de fundo das anedotas antropológicas. Portanto, os anthropological blues devem ser definidos durante os processos de transformação.

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