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Fichamento Débito Social da Ciência

Por:   •  8/7/2018  •  Resenha  •  1.279 Palavras (6 Páginas)  •  776 Visualizações

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O capitulo 1 (Demarcação científica) baseia-se na estruturação de uma definição da ciência. O autor tem como premissa apresentar a dicotomia estabelecida entre o que é e o que não é ciência. Para isso, ele discorre sobre o modo como a realidade social é compreendida pelo sujeito e como esta percepção influi na concepção científica daquele que produz.

Neste sentido, o autor apresenta alguns critérios de cientificidade para estabelecer sua concepção. Apresenta questões que discutem como a ideologia e o senso comum não são ciência, mas que estão intrinsicamente ligados ao fazer científico.  Deste modo, apresenta-nos os critérios que distanciam o senso comum, de conhecimento acrítico, imediatista, crédulo, e a ideologia, definida como o caráter justificador de posições sociais vantajosas.

Definido isto, o autor discorre sobre critérios, internos e externos, visando estabelecer uma definição de ciência. Deste modo, critérios internos são aqueles que estão constituídos como balizadores do fazer científico, tendencialmente formais, e são exemplificados como: coerência, consistência, originalidade e objetivação. Como critério externo, o autor trata de delinear a intersubjetividade, estabelecendo-a como a opinião dominante da comunidade científica, inserida em determinados tempo e espaço. Contudo, é ressaltado que esta concepção é uma demarcação científica, isto é, uma definição estabelecida, mas que não tem caráter definidor e imutável.

Deste modo, o autor ressalta o lugar de poder da ciência, estabelecidos pelo contexto da intersubjetividade, mas que as atribuições ditas externas estão inseridas no jogo científico e que são parte deste processo. Em clara oposição a uma ideia relativista de ciência, o autor desconsidera a existência de uma postura de neutralidade, ressaltando a importância real de critérios formais e políticos para produzir ciência.

Em linhas gerais, o autor prossegue apresentando a importância dos critérios formais do fazer científico, e de que modo a ideia de neutralidade científica é potencialmente útil a um grupo dominante, hegemônico.  Contudo, revela que não deve bastar dominar critérios formais de produção científica e ter completa irrelevância social. Neste sentido, a qualidade política da ciência seria fundamental, pois aponta para a dimensão do cientista social através da cidadania.

O autor afirma que a demarcação científica estabelecida ressalta o pesquisador disciplinado, referente aos critérios formais, bem como o ator político, ciente da sua possível função na sociedade. Dentro dessa discussão apresenta-nos a discutibilidade como critério de cientificidade, atendendo a critérios formais e políticos, e estabelecendo que só pode ser científico, o que for discutível.

Conseguinte, o autor discorre sobre o objeto construído da ciência, que trata da relação entre a realidade e a constituição do fazer científico. Há, na percepção do autor, uma relação intrínseca entre sujeito e objeto que permeiam a atividade científica, definindo que a ciência é apenas um modo possível de ver a realidade e que esta é fundamento definidor da produção do cientista. Deste modo, o autor entende que há um débito social da ciência, definido pelo lugar comum ocupado pela grande parte dos cientistas que se eximem de serem relevantes para a sociedade e se escondem no manto da formalidade e de uma neutralidade cientifica.

O autor conseguintemente discute a ideia da ciência como fenômeno processual, condicionada socialmente. Estabelece o modo como as ciências sociais e os cientistas estão colocados na sociedade, afirmando seus limites através de uma metodologia científica critica.

Ao final do capítulo, o autor discorre sobre a necessária autocritica do fazer científico e reconhecer onde é sua localização neste processo.

“Problema central da metodologia é a demarcação científica entre o que seria e o que não seria ciência. Caracteristicamente não há nada mais controverso em ciência do que sua definição, a menos que a consideremos, a menos que a consideremos produto de supermercado, que se compra pronto se guarda na geladeira.” (p.16)

“A percepção comum de ciência está repleta de expectativas simplistas, sobretudo no sentido de que os cientistas seriam gente acima de qualquer suspeita, produzindo ‘oráculos’ definitivos, detendo em suas mãos conhecimentos perfeitos” (p.16)

“O maior problema da ciência não é o método, mas a realidade” (p.16)

“Dependendo da concepção de realidade social, vai aria o método de captação, que é logicamente posterior. Por exemplo, para uma concepção dialética de realidade social cabe o método dialético, como cabe o método sistêmico para uma realidade concebida como sistema” (P. 16-17)

  1. Critérios de cientificidade

“Simplificadamente, não são ciência a ideologia e o senso comum. [...] A ciência está cercada de ideologia e senso comum, não apenas como circunstâncias externas, mas como algo que está já dentro do próprio processo científico.” (p. 18)

“O critério de distinção do senso comum é o conhecimento acrítico, imediatista, crédulo.[...] O senso comum é, assim, marcado pela falta de profundidade, de rigor lógico, de espírito crítico, mas não possui apenas o lado negativo, a começar por ser o saber comum que organiza o cotidiano da maioria.” (p.18)

“O lado mais positivo do senso comum é o bom-senso, entendido como saber ao mesmo tempo simples e inteligente, sensível o óbvio, circunspecto. Entretanto, diante da ciência é considerado como postura deficiente e, no extremo, a própria negação dela.” (p. 18)

“O critério (de distinção) da ideologia é seu caráter justificador de posições sociais vantajosas. Enquanto o senso comum está despreparado diante de uma realidade mais complexa do que imagina sua visão ingênua, a ideologia é intrinsicamente tendenciosa, no sentido de não encarar a realidade assim como ela é, mas como gostaria que fosse, dentro de interesses determinados.” (p.19)

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