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Fichamento Virtual Ethnography

Por:   •  4/12/2019  •  Resenha  •  3.128 Palavras (13 Páginas)  •  105 Visualizações

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FICHAMENTO – Christine Hine, Virtual Ethnography

Introduction

Em sua introdução, Hine primeiramente se coloca for a dos exercícios de futurologia. Seu objetivo não é descobrir os futuros revolucionários da internet, e sim examinar detalhadamente como tem sido usada e de que modos é incorporada no cotidiano das pessoas. Isso posto, a autora delineia uma descrição concisa do que é seu objeto. “Em seu nível mais básico, a internet  é um modo de transmitir bits de informação de um computador para outro. A arquitetura da internet fornece modos de endereçar a informação que é enviada, de modo que possa ser dividida em pacotes, enviada através da rede e recombinada pelo receptor. Todos os tipos de informação são iguais em teoria: bits são transmitidos do mesmo modo sejam quer eles representem texto, áudio, imagens ou vídeo. O significado desses bits surge dos padrões que eles formam, dos softwares utilizados para sua interpretação, e é claro dos usuários que os enviam e recebem. A capacidade de enviar informação de um computador para outro pode portanto fornecer muitos modos diferentes de comunicação. A comunicação pode ser sincrônica ou assincrônica, pode consistir em mensagens privadas entre indivíduos conhecidos ou discussões entre um número grande depessoas em fóruns relativamente públicos, e pode ser textual ou em áudio ou visual. Falar sobre a internet encompassa correio eletrônico (email), a Rede Mundial (WWW), newsgrous da Usenet, boletins, Internet Relay chats (IRC), Domínios Multi-Usuários (MUDs) e muitas outras aplicações” (Hine, p. 2)

Entre os futuros previstos acerca da internet está a extinção do livro, entre outros objetos, cuja forma material seria substituída por uma forma virtual, o que provocaria profundas alterações na indústria que os produz e em seus usuários. Hine pontua a ironia que uma das mercadorias mais comercializadas pela internet consiste, justamente, em livros. Podemos mesmo pensar no desenvolvimento desse tipo de comércio, entre a publicação do livro de Hine e hoje, quando a própria indústria de hardwares busca se acomodar em diferentes hábitos de leitura e consumo de música, por exemplo, desenvolvendo aparelhinhos específicos para e-books, e todo tipo de MP3, 4... que são alimentados por arquivos baixados da internet de modo legal ou ilegal, e nos quais as fronteiras entre suporte material e virtual se tornam mais tênues.

Hine afirma que, antes de simplesmente atribuir agência à tecnologia pelas mudanças, devemos nos focar nos usos e entendimentos da tecnologia, nas práticas cotidianas acerca da internet, e para isso a etnografia parece uma metodologia interessante para examinar como a tecnologia e a internet estão sendo utilizadas em diferentes arenas; em casa, no local de trabalho, na mídia de massa, na academia, etc.

Para examinar a internet, Hine traz a tona três pressupostos acerca dos efeitos do ciberespaço de outro autor, Kitchin: a de que se alteram os papéis do espaço e do tempo; alteram-se a comunicação e a comunicação de massa; e o questionamento dos dualismos entre real e virtual, verdade e ficção, autêntico e fabricado, tecnologia e natureza, representação e realidade (Hine, p. 5). Ao mesmo tempo, as novas tecnologias de comunicação são percebidas em diferentes formas de periodização:

Há autores que as veem como parte das preocupações modernas com racionalidade e controle. O contexto do estado-nação organizando a vida social e a vigilância como forma de organização propiciam o desenvolvimento de tecnologias de informação. O relógio e o calendário contribuem para a formação de dimensões “vazias”de tempo e espaço, tornando-os conceitos universais, abstratos independentes dos lugares e passíveis de coordenação, assim como a troca e a comunicação.

Os que as veem como distintivas da ênfase na incerteza e fragmentação de conceitos como ciência, religião, sociedade e self, a perda das “grandes narrativas”, típicas da pós-modernidade, tal como caracterixada por Lyotard, por exemplo. É parte do processo de dúvidas soautenticidade, representação e realidade.

Aqueles que crêem que há um período específico, a sociedade das informações. Isto permeia muitas visões de um determinismo tecnológico que diz que os desenvolvimentos tecnológicos “suportam”, “facilitam”ou “encorajam” os desenvolvimentos sociais em direções específicas, ainda que tal impacto não seja em virtudade de alguma qualidade intrínseca da tecnologia em si, mas como resultado de uma configuração contingente de processos sociais.. “Os impactos aparentes da tecnologia dependem dos usuários serem ensinados a usar a tecnologia de modo apropriado. Este processo é contingente à performance bem sucedida de conjuntos de relações sociais entre projetistas e usuários por meio e acerca da máquina. Isto é indeterminado: os usuários são em princípio livres para entender a tecnologia em modos muito diferentes daqueles que os projetistas tinham em mente.

Uma abordagem etnográfica da internet deve se deter também nas nossas crenças acerca da internet, e a etnografia pode desenvolver uma melhorcompreensão dos significados da tecnologia e das culturas que a engengram e que são por eles engendradas. Algumas questões teóricas levantadas são:

Como os usuários da internet entendem suas capacidades? Que significado seu uso tem para eles? Como eles entendem suas capacidades como um meio de comunicação, e quem eles percebem ser sua audiência?

Como a internet afeta a organização das relações sociais no espaço e no tempo? É diferente dos modos pelos quais a “vida real”é organizadas, e se é, como os usuários as reconciliam?

Quais as implicações da internet para autenticidade e autoridade? Como as identidades são performatizadas e experenciadas, e como a sua autenticidade é julgada?

O “virtual”é experimentado como radicalmente diferente e separado do “real”? Existe uma fronteira entre online e offline?

Hine pontua que há duas abordagens correntes da internet. A primeira é que a internet representa um lugar, o ciberespeço, no qual a cultura é formada e reformada. A comunicação mediada por computadores seria uma mídia de comunicação potencializada, capaz de formar comunidades, ainda que por muito tempo acomunicação fosse constrita pelo limite de informações que poderia ser enviada em conexões mais lentas.

A segunda forma é pensar a internet como um artefato cultural: uma tecnologia produzida por pessoas específicas com objetivos e prioridades contextualmente situados. Uma tecnologia também moldada pelos modos nos quais é comercializada, ensinada e utilizada. Isso significa que a internet poderia ter sido produzida de outros modos, e o que ela faz éproduto de entendimentos culturalmente produzidos que veriam. Etnografar a internet como cultura e artefato cultural exige repensar a relação entre etnografia e espaço., e a autenticidade do texto etnográfico que se amparava na retórica da interação face-a-face. Hine crê que etnografar por meio da CMC cria uma simetria, uma vez que o etnógrafo aprende pela mesma mídia que seus informantes.

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