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Francesco Matarazzo

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Por:   •  12/11/2013  •  3.011 Palavras (13 Páginas)  •  362 Visualizações

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O maior do Brasil, um dos maiores do mundo

Livro conta a vida de Francesco Matarazzo, o imigrante que deixou a Itália para construir no Brasil um dos maiores conglomerados da história do capitalismo mundial

Nelson Blecher, EXAME

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O conde Francesco Matarazzo é costumeiramente lembrado como um dos maiores empresários da história no Brasil, ao lado de outros empreendedores igualmente importantes no início do século 20. Chega às livrarias agora em novembro uma obra definitiva a respeito do conde que ajusta essa percepção. O livro é Matarazzo, do escritor Ronaldo Costa Couto, editado pela Planeta e composto de dois volumes: Travessia e Colosso Brasileiro (360 páginas cada um. Separados, custam 49,90 reais. Juntos, 90 reais). EXAME teve acesso aos volumes, ponto de partida desta reportagem. O material reunido por Costa Couto autoriza a seguinte conclusão: o conde Francesco Matarazzo não foi apenas um dos maiores empresários da história brasileira. Matarazzo foi o maior empreendedor do país em todos os tempos e ainda um dos nomes de destaque do capitalismo mundial. Matarazzo não ergueu dez, 20 ou 50 fábricas. Foram 200. Isso mesmo: 200 fábricas. Ao lado delas, Matarazzo deixou também hidrelétricas e ferrovias -- assim mesmo, no plural --, empresa de navegação, banco, fazendas, milhares de terrenos urbanos e prédios, além de filiais na Argentina, nos Estados Unidos e na Europa. No auge, chegou a empregar 30 000 pessoas. Para efeito de comparação, o Banco do Brasil tinha, na virada do século, 133 funcionários. Atualmente, a Gerdau tem 14 000 empregados. Ao morrer, em 1937, Matarazzo possuía um patrimônio estimado em 20 bilhões de dólares corrigidos aos dias de hoje pela inflação americana. Em terras brasileiras, nenhum capitalista voou tão alto.

Na virada do século 19 para o século 20, o Brasil era assim. Dois terços da população viviam no campo, 65% dos adultos não sabiam ler ou escrever e o produto interno bruto per capita equivalia, em valores de hoje, a pouco mais de 700 reais. Nas cidades, doenças como tifo, sífilis, sarampo e varíola faziam vítimas sem escolher classe social. Em 1900, a esperança de vida ao nascer era de apenas 34 anos. Foi nesse Brasil socialmente adverso que o italiano Francesco Matarazzo desembarcou, em 1881, aos 27 anos de idade, em companhia da mulher, Filomena, e de dois filhos pequenos. No bolso -- há controvérsias -- carregava de 30 000 a 50 000 dólares, em valores de hoje. Um volume até expressivo quando se pensa na imagem clássica do imigrante chegando ao Brasil com uma mão na frente e outra atrás.

Matarazzo começou a vida como mascate e dono de uma venda em Sorocaba, no interior de São Paulo, para onde se dirigiu por indicação de um amigo que ali residia. Passou a negociar farinha de trigo e banha de porco, usada na fritura de alimentos. Em seguida, montou um armazém e uma pequena fábrica na qual resolveu produzir latas para acondicionar a banha a ser comercializada. A embalagem prolongaria a validade de um produto altamente perecível. Foi seu primeiro grande salto. Deixava para trás a função de mero comerciante, transformando-se em industrial. Já em São Paulo, tomou um empréstimo para abrir um moinho. Seguiram-se uma fábrica de óleo de caroço de algodão, uma tecelagem, uma fiação, uma estamparia. Em pouco tempo Matarazzo já integrava o time dos 11 proprietários de fábricas paulistas que operavam com mais de 100 trabalhadores. Interessante é que cada novo centro de abastecimento de matéria-prima resultava em novos produtos comercializados -- um movimento de integração vertical e diversificação.

Os dois volumes da biografia são resultado de seis anos de pesquisas conduzidas por Costa Couto, um economista que gosta de política e chegou a ser ministro de José Sarney. Ao sair do governo, empregou-se no Tribunal de Contas do Distrito Federal e passou a investir seu tempo em pesquisa. Fez doutorado em história na Sorbonne e escreveu quatro livros. Para preparar a biografia de Matarazzo, Couto entrevistou mais de 150 pessoas no Brasil e na Itália. Por opção, dedicou-se a escrever sobre o espetacular enriquecimento dos Matarazzo, desprezando as razões que levaram à pulverização do grupo. Para as pessoas que gostam de negócios, o livro consegue responder à questão mais importante de todas, que é sobre o talento e a sorte de Matarazzo. Costa Couto deixa claro que o empresário possuía as principais características de um vencedor e que a sorte foi um empurrão natural na trajetória de quem caminhava na direção certa. Para ter uma idéia do seu grau de excelência comercial, Costa Couto lista na biografia um único fracasso, registrado em 1924. Tratava-se de um projeto de industrialização e comercialização de pele e gordura de jacaré e capivara. A idéia era tão ruim que Matarazzo a descartou antes que provocasse maiores prejuízos.

O Brasil dos tempos de Matarazzo

Um confronto de números e estatísticas do país em 1912, na fase inicial da industrialização, com a realidade de quase um século depois

Ontem(1) Hoje

População do Brasil 24,6 milhões 182,2 milhões

População no campo 67% 18%

População de São Paulo (capital) 410 600 10,8 milhões

Expectativa de vida 33,4 anos 68,6 anos

PIB 20,1 bilhões de reais 1,5(3) trilhão de reais

PIB per capita 787 reais 8 565(3) reais

Carga tributária (% do PIB) 12,4% 36,11%

Dívida externa do Brasil 835 milhões de reais 585(3) bilhões de reais

Número de indústrias 4 428 463 000

Número de empregados no setor industrial 144 520 79,3 milhões

Setores com maior número de indústrias Vestuário: 2 352 Alimentos e bebidas: 1 milhão

Número de bancos 14 (metade estrangeiros) 163(3) (62 estrangeiros)

Jornais e revistas 1 388 4 980

Automóveis em São Paulo 1 757(2) 4,3(3) milhões

Ensino superior 3 683 estudantes 3,5 milhões de estudantes

Participação da agropecuária na economia 45% 10%

Taxa

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