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Idade média E Os Aspectos De Caridade Aos Pobres

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Por:   •  17/12/2013  •  5.158 Palavras (21 Páginas)  •  1.824 Visualizações

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IDADE MÉDIA E OS ASPECTOS DA CARIDADE AOS POBRES

Max Douglas Alves Silva

Priscila Gleice Da Silva

INTRODUÇÃO

Trata-se de texto didático elaborado para a disciplina de Fundamentos histórico-teórico-metodológico do Serviço Social I com o objetivo de introduzir os principais elementos históricos que perpassam as práticas de assistência. A partir da revisão bibliográfica sobre o tema, dividem-se em duas seções os assuntos abordados: 1) a Idade Média e os aspectos ideo-político-sociais que marcam a caridade aos pobres; 2) as influências religiosas nas práticas de assistência aos pobres.

1. CARACTERISTICAS HISTÓRICAS DA IDADE MÉDIA

A caridade aos pobres é vista como virtude desde a antiguidade, porém a responsabilidade sobre as práticas caritativas variaram muito ao longo dos séculos. Na antiguidade a pobreza era responsabilidade da família e havia preocupação em promover ajuda permanente aos pobres para que se tornassem artesãos. Desde esse período classificam-se os pobres como “laboriosos” ou “preguiçosos” (OLIVEIRA, 1996).

Na Idade Média que teve início por volta do século V na Europa Ocidental que a concepção de pobreza e de caridade sofreu modificações mediadas pelos dogmas religiosos do cristianismo. O período esteve marcado pelas invasões bárbaras no Império Romano, pela supremacia da Igreja Católica, pela ruralização das atividades e da vida pois as pessoas trabalhavam e moravam em feudos. A sociedade feudal era divida em estamentos: Clero, Aristocracia, Senhores Feudais, Camponeses e Artesãos. O poder econômico era centralizado na figura do senhor feudal e a economia baseava-se na pouca circulação de moedas, por um comércio fraco e pouco desenvolvido. Ficou conhecido como Idade das Trevas, pelo fato da Igreja deter hegemonia e manipular o conhecimento a partir da doutrina católica, sendo a fé a base de todo o conhecimento e da educação.

Na educação, a Igreja também teve grande monopólio sob o mundo letrado pois, exceto os membros da Igreja, pouquíssimas pessoas eram alfabetizadas ou tinham acesso às obras escritas, sendo que as obras dos filósofos da antiguidade estavam na posse do alto clero, inacessível aos demais. Constantinopla foi o primeiro império a constituir uma escola que se tornou aparelho ideológico da religião porque baseou seus ensinamentos em teorias e nos interesses católicos. Neste período, somente o clero e uma parte da nobreza tinha o direito de estudar nessa escola cujos professores eram padres e a formação estava voltada para o ensino musical, espiritual e de heroísmo .

A linha de pensamento religioso pautou-se inicialmente pela Escolástica que, dentro da filosofia medieval, nasceu para responder as exigências da fé ensinada pela Igreja e considerada como detentora de toda verdade e sabedoria. O ápice aconteceu tempos depois com a formalização da filosofia cristã incorporada como base para a formação dos homens, explicação da vida em sociedade e da existência. Passa a ser denominada Patrística porque se tratava da doutrina das verdades da fé e na sua defesa contra o paganismo .

O período pode ser dividido em dois momentos, o primeiro pode ser classificado como ALTA IDADE MÉDIA que corresponde ao período compreendido do século V ao século XI onde o Feudalismo era a base da economia cujo poder econômico era garantido pela posse da terra e pela agricultura, com baixa produção às técnicas incipientes e pouco desenvolvidas. As relações sociais eram de submissões entre camponeses e senhores feudais, sendo o camponês propriedade do senhor feudal, devendo-lhe obediência, sempre lembrada pela influência ideológica que a Igreja Católica desenvolvia calcada na tradição e nos dogmas religiosos .

Na Alta Idade Média, a riqueza gerada residia nas atividades agrícolas e a terra era o meio de produção fundamental e ser proprietário de terras significava ser rico e influente (como na maioria das sociedades antigas). O caráter estamental das relações sociais vem deste significado. Os proprietários rurais eram denominados de Senhores Feudais e os trabalhadores camponeses de servos. O feudo era a unidade produtiva básica na qual se produzia desde a alimentação até roupas, couro, metal e objetos de madeira, sendo toda a produção destinada somente ao consumo do senhor feudal. Ao servo cabia apenas a obrigação de pagar (através do trabalho e da obediência) pelos bens/alimentos utilizados à sua própria subsistência ou da sua família.

De acordo com Huberman (1986, p.10):

A organização, no todo, baseava-se num sistema de deveres e obrigações do principio ao fim. A posse da terra não significava que pudéssemos fazer dela o que nos agradasse, como hoje. A posse implicava deveres que tinham que ser cumpridos. Caso contrário, a terra seria tomada.

As relações entre vassalo e suserano caracterizavam como suserano aquele que dava um lote de terra ao vassalo que deveria prestar fidelidade e ajuda ao seu suserano. O vassalo oferecia fidelidade e trabalho, em troca de proteção e de um lugar no sistema de produção. As redes de vassalagem se estendiam por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso .

Todos os poderes jurídico, econômico e político concentravam-se nas mãos dos senhores feudais, donos de lotes de terras (feudos). “Uma briga entre dois servos seria resolvida no tribunal do senhor e de acordo com o costume. Uma briga entre servo e senhor tendia sempre a ser solucionada favoravelmente ao senhor, já que este podia ser o juiz da disputa” (HUBERMAN, 1986, p. 10).

O poder e a influência política da Igreja Católica ascenderam no século V devido à brecha que as autoridades romanas deixaram com a crise de seu império. Através da aliança de poder entre a Igreja e os Nobres/Aristocracia romana surgem novas formas de constituir governos que se consolidaram na Europa a partir da figura do Imperador/Rei (poder temporal) e à Igreja (poder espiritual).

Isso marca o inicio do cristianismo, no qual a fé católica pressupunha o convívio em comunidade, partilhando bens e doando amor ao próximo. A caridade aos pobres era a chave de devoção a Deus e de justiça, conforme os ensinamentos do Novo Testamento. O pensamento dos apóstolos guiava as ações cristãs: “o amor, ressaltava São João (JO 13,35), era critério da autenticidade dos discípulos, sobretudo quando esse amor se dirigia ao pobre e ao necessitado. A ausência de amor ao pobre negava a presença da caridade de Cristo nos corações.” (OLIVEIRA, 1996, p.87).

Assim, a

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