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Por:   •  8/1/2015  •  2.261 Palavras (10 Páginas)  •  344 Visualizações

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1 A ORIGEM DO CONCEITO:

Marx, conforme Lallement “acredita que o trabalho constitui a própria essência da atividade humana. Trabalhando, o ser humano não somente transforma a natureza mas se transforma também a si mesmo” (2000, p 115). E para melhor compreender da melhor forma a produção capitalista é necessário ater-se a ideologia e ao fetichismo da mercadoria. Em síntese, a ideologia serve como artifício para ocultar a luta de classes e o fetichismo da mercadoria demonstra que a mercadoria possui “vida própria” (idem, p 116).

O processo capitalista transforma em mercadoria tanto a força de trabalho quanto a energia do trabalhador para produzir valor. Portanto, considerando uma análise dialética, a mercadoria e a mais-valia “são sistemas de relações antagônicas”(IANNI, 1980, p 9). Pode-se concluir da mesma forma que Marx, que a mercadoria manifesta a existência de alienação entre o operário e o capitalista. Pois o valor de qualquer mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho materializado em seu valor-de-uso, pelo tempo de trabalho socialmente necessário a sua produção. Isto se aplica também ao produto que vai para as mãos do capitalista, como resultado do processo de trabalho.

Mas, o trabalho pretérito que se materializa na força de trabalho e o trabalho vivo que ela pode realizar, os custos diários de sua produção e o trabalho que ela despende são duas grandezas inteiramente diversas. A primeira grandeza determina seu valor-de-troca, a segunda constitui seu valor-de-uso. Na realidade, o vendedor da força de trabalho, como o de qualquer outra mercadoria, realiza seu valor-de-troca e aliena seu valor-de-uso. Não pode receber um, sem transferir o outro. O possuidor do dinheiro pagou o valor diário da força de trabalho; pertence-lhe, portanto, o uso dela durante o dia, o trabalho de uma jornada inteira. A manutenção quotidiana da força de trabalho custa apenas meia jornada, apesar de a força de trabalho poder operar, trabalhar uma jornada inteira, e o valor que sua utilização cria num dia é o dobro do próprio valor-de-troca.

Como decorrência obvia do acumulo de elaborações teóricas por parte de Marx, ele acaba por constatar que o trabalho está diretamente ligado ao valor dos bens (mercadoria produzida). O que resulta na seguinte conclusão:

Neste novo quadro histórico, a lógica das trocas não é mais um circuito Mercadoria-Dinheiro-Mercadoria (M-D-M), onde o ser humano produz e vende para adquirir outras mercadorias. Ela se acha agora submetida a um imperativo constante de valorização: o ser humano compra para vender e efetuar um lucro. É o circuito D-M-D (COM D˃D). (LALLEMENT, 2000, p 129).

Ou seja, tudo se resume a mais-valia e a exploração, elementos chaves do capitalismo e propulsores do conflito de classes estabelecido entre capitalistas e proletariado.

A mais-valia pode ser definida como a diferença entre o valor de uso do trabalho e o valor de troca o que gera o lucro. Aqui está a distinção “entre o que o trabalho recebe e o que o trabalho cria”(HARVEY, 2013, p 125)

A força de trabalho do operário, comprada pelo capitalista, resulta em maior produção (quantidade de valor), todavia, o retorno na forma de salário é em valor menor. E é aqui que está um dos segredos da acumulação capitalista, na diferença entre trabalho necessário (o que é pago) e o trabalho excedente (o que é o não pago). Ao converter dinheiro em mercadorias que servem de elementos materiais de novo produto ou de fatores do processo de trabalho e ao incorporar força de trabalho viva à materialidade morta desses elementos, transforma valor, trabalho pretérito, materializado, morto, em capital, em valor que se amplia.

Só importa o tempo que o trabalhador leva para executar a operação ou o período durante o qual a força de trabalho é gasta utilmente. Também as mercadorias que entram no processo de trabalho não são mais vistas como elementos materiais da força de trabalho, adequados aos fins estabelecidos e com funções determinadas. São consideradas quantidades determinadas de trabalho materializado. Contido nos meios de produção ou acrescentado pela força de trabalho, só se computa o trabalho de acordo com sua duração, em horas, dias etc. Mas, quando se mede o tempo de trabalho aplicado na produção de um valor-de-uso, só se considera o tempo de trabalho socialmente necessário.

A partir desta construção teórica, Marx irá se debruçar sobre a acumulação capitalista com todas as suas idiossincrasias e consequências conduzirão o capitalismo a uma sucessão de crises, capazes de resultar em condições propicias para construção da almejada sociedade socialista.

2.2 A IDEIA DO USO DA MAIS VALIA

Segundo Marx (1996, p.305) o produto — a propriedade do capitalista — é um valor de uso, fio, botas etc. Mas, embora as botas, por exemplo, constituam de certo modo a base do progresso social e nosso capitalista seja um decidido progressista, não fabrica as botas por causa delas mesmas. O valor de uso não é, de modo algum, a coisa “que se ama por si mesma”. Produzem- se aqui valores de uso somente porque e na medida em que sejam substrato material, portadores do valor de troca. E sendo assim para nosso capitalista, trata-se de duas coisas:

 Primeiro: ele quer produzir um valor de uso que tenha um valor de troca, um artigo destinado à venda, uma mercadoria:

 Segundo, ele quer produzir uma mercadoria cujo valor seja mais alto que a soma dos valores das mercadorias exigidas para produzi-la, os meios de produção e a força de trabalho, para as quais adiantou seu bom dinheiro no mercado.

Para Marx o capitalista não quer produzir só um valor de uso, mas uma mercadoria, não só valor de uso, mas valor e não só valor, mas também mais-valia.

Segundo Cotrim (2009, p. 23) a diferença entre o valor da força de trabalho e o valor do produto do trabalho é chamado de mais valia. Esta se define, pois como o tempo de trabalho não pago. A possibilidade de extração de mais valia consiste por sua vez, na transformação da força de trabalho social em mercadoria.

A mais valia produzida pelo prolongamento da jornada de trabalho chamo de mais valia absoluta, a mais valia que ao contrário decorre da redução do tempo de trabalho e da correspondente mudança da proporção entre os dois componentes da jornada de trabalho chamo de mais valia relativa. (MARX, 1996, p. 431 e 432)

Para Marx, a mais valia é a forma de exploração do capitalismo. Como já mencionado anteriormente consiste na diferença entre o valor do produto e o valor do capital despendido no processo

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