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O Melô Vida e Obra

Por:   •  24/6/2021  •  Ensaio  •  2.074 Palavras (9 Páginas)  •  97 Visualizações

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Nascido na cidade do Rio de Janeiro, no dia 7 de Janeiro de 1951, Luiz Carlos dos Santos, foi criado no Morro de São Carlos, na região central do município, mais precisamente no bairro do Estácio. Filho de Eurídice, uma costureira de mãos cheias, com Oswaldo Melodia, um estivador do cais do porto do Rio de Janeiro, o menino, único filho homem dentre os 4 filhos do casal, herdou de seu pai o gosto pela música e o cognome Melodia.

Luiz Melodia, ainda menino, teve seu primeiro contato com a música através de seu pai, que além de compor, tinha em casa uma viola americana - violão de 4 cordas muito usado pelos nordestinos para a composição de repentes - que costumava tocar nos momentos de folga e lazer. Apesar de seu pai ter muito ciúmes do instrumento e o considerar uma relíquia, sempre que possível, Luiz Melodia, driblava os olhares vigilante de sua mãe sobre à viola e a tomava a seu bel prazer. E foi nessa viola americana que, Luiz Melodia, aprendeu seus primeiros acordes e fez suas primeiras composições, até quebrar o instrumento quando tinha por volta de uns 12 anos.

Além do futebol, da bolinha de gude, da pipa, a música também fazia (faz) parte do processo de sociabilização dos jovens nos morros cariocas. E como demonstrou uma precoce afinidade musical, à essa época, Luiz Melodia já cantava pelo morro. Fazia uma dupla com seu primo Gilson, mais de brincadeira, sem muitas pretensões. Mas ali já se desenhava o desenvolvimento das potencialidades do cantor.

Seus pais eram religiosos e frequentadores da Primeira Igreja Batista, que ficava localizada bem ali, ao lado do Morro, na Ladeira do Estácio. E, apesar de não ser religioso, muito pelo contrário, um jovem rebelde que se dizia ateu. Foi na igreja que Melodia condensou seu gosto pela música e deu seus primeiros passos rumo ao profissionalismo como cantor.

A vida no morro não era fácil. Era sofrida, com poucas condições. A grande nobreza disposta pelo lugar eram as relações sociais, a sensação de liberdade. Mas mesmo com todos os percalços possíveis, a vida no morro era leve e adorável. E Luiz Melodia nutriu no decorrer de sua carreira uma saudade, às vezes até nostálgica, da infância e juventude no morro. Saudade essa que seria protagonizada não só em sua obra, mas também, se faria presente em traços essenciais à sua personalidade e à maneira como, posteriormente, lidaria com o sucesso.

Contudo, no decorrer na década de 60, mesmo sem a aprovação de seu pais, mais rigorosamente, de seu pai, que queria que seu filho fosse um doutor. Luiz Melodia, sem ao menos terminar os estudos, completando apenas o que, talvez, fosse equivalente ao ensino fundamental hoje, saiu do morro - metaforicamente - para dar início a sua trajetória artística.

Inicialmente formou uma dupla com Mizinho - músico e amigo da infância no São Carlos e que havia perdido uma das pernas numa de suas peripécias no morro. A dupla se apresentou em programas de TV e fizeram alguns testes em gravadoras. Posteriormente se juntaram aos irmãos Manuel, que era guitarrista, e Nazareno, que tocava baixo. Mizinho, apesar de não ter uma das pernas, era um exímio baterista. E com Luiz Melodia no vocal, formaram uma espécie de boy band do morro, que chamaram de Os Instantâneos.

Com Os Instantâneos tocaram em tudo que é morro do município do Rio de Janeiro, de casamentos a festas de rua. No repertório, tudo o que era tocado nas rádios e fazia sucesso naquele momento, mais especialmente, Os Beatles e a Jovem Guarda. Os Instantâneos acabaram repentinamente por conta das desavenças que se seguiram entre os dois irmãos, Manuel e Nazareno, que viviam aos socos. Depois disso, Luiz Melodia e Mizinho, por um curto intervalo de tempo, ainda integraram uma banda chamada Filhos do Sol.

Aliás, a experiência musical sofrida na sua juventude no Bairro do Estácio - lugar de grande relevância cultural no Rio de Janeiro por sua história está diretamente ligada à origem do samba - e também através, principalmente, do rádio, culminaram num fator substancial ao caráter híbrido de sua música e à sua carreira como cantor e compositor. Apesar da influência do samba ser muito presente no morro, o gênero era marginalizado e carregado de estigmas. E, de acordo com Melodia, seus pais demonstravam pequenas doses de insatisfação e resistência em deixar o cantor, ainda jovem, frequentar os espaços de samba, sobretudo, a quadra da escola de samba local, G.R.E.S. Estácio de Sá. Ainda assim, Melodia, se lembrava com regozijo de suas influências no mundo do samba: Zé Keti, Ismael Silva, Cartola, Nelson Cavaquinho, Geraldo Pereira.

 Então, o rádio, que naquele momento, era o grande veículo de  comunicação nos morros, uma vez que a televisão era considerado artigo de luxo, assume um valor fundamental na sua formação musical. Em suas entrevistas, o cantor, num tom melancólico, se recorda dos cantores italianos, Roberto Carlos e a Jovem Guarda, Jackson do Pandeiro, a Tropicália, Jorge Ben Jor.

Entre o finalzinho dos anos 60 e o começo dos 70, já se sentindo desmotivado com a música, quase desistindo, trabalhou como office boy e na lanchonete da PUC. Posteriormente, ingressou no serviço militar obrigatório, em meio a uma Ditadura Militar. Passou esse tempo tensionando sua realidade com a possibilidade da realização de um sonho.  Luiz Melodia, é percebido por um grupo de jovens da zona sul numa de suas idas ao Morro de São Carlos a procura de novas manifestações culturais, sobretudo, música. Entre esses jovens estava Waly Salomão, poeta, escritor, compositor e entusiasta da cultura brasileira. De imediato, Waly, já deveras ficou estupefato e interessado pela originalidade expressa na música de Luiz Melodia. Outro importante entusiasta do trabalho de Melodia e que também fazia parte desse grupo de jovens que frequentavam o morro, foi Torquato Neto - também poeta, compositor e entusiasta proeminente da cultura brasileira.

Waly Salomão, naquele momento, estava prestes a iniciar o trabalho de direção do álbum, Fa-Tal - Gal a Todo Vapor, um dos principais álbuns da vertiginosa carreira de Gal Costa. E fez questão de apresentar Luiz Melodia à cantora. A simbiose aconteceu instantaneamente, ficaram muito amigos e Gal Costa de autointitulou madrinha de Luiz Melodia. E, em 1971, no seu álbum Gal a Todo Vapor, Gal Costa, apresentou Luiz Melodia para o Brasil e, quiçá para o mundo, com a gravação da canção Pérola Negra. Ademais, anteriormente, Torquato Neto, já havia escrito sobre Luiz Melodia em sua coluna, Geléia Geral, no jornal Última Hora.

Concomitantemente à gravação de Pérola Negra por Gal Costa, a cantora Lena Rios - cantora, compositora e jornalista piauiense influenciada pelo Tropicalismo no início dos anos 70 -  gravou a canção Garanto em seu álbum Sem essa Aranha, que também contava com canções de Waly Salomão e Torquato Neto. Logo em seguida, Maria Bethânia, outro mártir da música popular brasileira, interpretou Estácio Holly  Estácio, o quê indiretamente consolidou a trajetória de compositor de Luiz Melodia.

TRAZER O TEXTO DO BECKER NO CAPITULO 6 - “PANELINHAS” E SUCESSO.

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