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O PAPEL DA ESCUTA COMO FERRAMENTA NA PRÁTICA DO ATENDIMENTO

Por:   •  21/10/2018  •  Ensaio  •  937 Palavras (4 Páginas)  •  132 Visualizações

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Trabalhando no sentido de inclusão social daqueles que estão em situação de exclusão social, devido a sua invisibilidade social e a ausência de acesso aos serviços básicos de saúde, o consultório na rua busca resgatar essas redes, para que as pessoas atendidas possam retomar

sua posição de cidadão agentes da própria vida. Tal processo é construído por meio de dialogo e respeito às singularidades, assim, quando falamos sobre o atendimento do Consultório de Rua pensa-se diretamente em uma das principais características do serviço, o atendimento singular, já que praticamente não haverá semelhanças fixas de um atendimento o para outro. Com isso, uma das tarefas principais, não só do restante da equipe, como também do psicólogo, é buscar e estabelecer o vínculo com o usuário.

Durante a prática em campo de estágio pôde-se perceber aspectos singulares em relação à conduta frente aos atendimentos que foram realizados. Algo que ficou em evidência, foi o fato de tais atendimentos acontecerem de maneiras nunca estruturadas e em ambientes diversificados - algo característico deste serviço -, assim como principalmente na rua, onde o Consultório de Rua estabelece seu palco de atuação.

Percebeu-se que para além das condições disponíveis de fornecer o atendimento para essa população especifica, um instrumento de trabalho do psicólogo se manteve: a escuta. Porém, tal ferramenta também se apresenta de fundamental importância para os demais profissionais que compõe a equipe à medida que proporciona uma dimensão mais ampla na qualidade do serviço desempenhado.

Neste contexto, pode-se entender o ato de escutar como algo que diz respeito uma dimensão mais ampla e envolve mais sentidos do que tão somente o da audição. Requer estar atento ao interlocutor e dar um lugar ao que se ouve. Seria uma aplicabilidade mais especifica que promove a integralidade, portanto menos superficial que o ato de ouvir observado nos atendimentos da equipe, o que acaba desqualificando o lugar de fala dos usuários que muitas vezes tem seus ouvidos carregados de um discurso caracterizado por empurrar políticas públicas em alguém que já está à margem da sociedade e em vulnerabilidade social inviabilizando um trabalho realmente coerente com o que se propõe com esta população.

De acordo com Freud (1912 citado por BASTOS 2009), é preciso que suspendamos nossa atenção e não nos detenhamos em nenhum ponto específico da fala do paciente, para que assim, de alguma forma, possamos ficar atentos a tudo que nos é dito.

Tal orientação diz respeito a regra freudiana de associação livre pressupõe que o paciente fale livremente o que lhe vier à cabeça e também não selecione conteúdos intencionais para falar ao analista. Para serem coerentes com esta regra, os analistas precisam se desprender das influências conscientes e deixar a atenção uniformemente suspensa, sem se fixar a um ponto qualquer.

"Ver-se-á que a regra de prestar igual reparo a tudo constitui a contrapartida necessária da exigência feita ao paciente, de que comunique tudo o que lhe ocorra, sem crítica ou seleção" (FREUD, 1912, p. 150 citado por BASTOS, 2009).

Neste sentido, ao não proporcionar uma escuta qualificada, acaba-se desqualificando o lugar de fala dos usuários que muitas vezes tem seus ouvidos carregados de um discurso caracterizado por empurrar políticas públicas em alguém que já está à margem da sociedade e em vulnerabilidade social, o que acaba inviabilizando um trabalho realmente coerente com o que se propõe com esta população.

Com isso, podemos pensar em uma reflexão sobre a associação existente entre escuta qualificada e integralidade.

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