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O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA ESCRITA DA LÍNGUA PORTUGUESA, DA CRIANÇA SURDA, NO ENSINO REGULAR PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE CAXIAS-MA.

Por:   •  16/9/2015  •  Artigo  •  4.112 Palavras (17 Páginas)  •  382 Visualizações

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O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA ESCRITA DA LÍNGUA PORTUGUESA, DA CRIANÇA SURDA, NO ENSINO REGULAR PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE CAXIAS-MA.[1]

Solange Gonçalves Nunes de Sousa[2]

Karla Simone da Silva Costa[3]

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo discutir as dificuldades da criança surda no processo de aquisição da escrita da língua portuguesa no ensino regular público do município de Caxias-MA, buscando conhecer como é/ou pode ser direcionada a prática pedagógica utilizada e se esse processo é análogo ao vivenciado pelas crianças ouvintes. Assim, foi realizada uma pesquisa, através de questionário, com professores que trabalham com alunos surdos, onde foi possível verificar que há uma opinião dividida a respeito da aprendizagem do aluno surdo.

Palavras-chave: Aquisição da escrita, língua portuguesa, surdo.

ABSTRACT

This article aims to discuss the difficulties of deaf children in the acquisition of written Portuguese language in regular public schools in the municipality of Caxias, MA, seeking to know how / or can be directed to pedagogical practice used and this process is analogous to that experienced by hearing children. Thus, a survey was conducted through a questionnaire, with teachers working with deaf students, where we found that there is a split about learning the deaf student opinion.

Keywords: Acquisition of writing, portuguese language, dea.


1 INTRODUÇÃO

        A educação é um direito de todos os cidadãos brasileiros, independente de raça, religião, sexo, de apresentar ou não uma deficiência, constituindo, dessa forma, obrigação dos sistemas de ensino instituir ações que viabilizem condições de acesso ao currículo e, consequentemente, ao desenvolvimento educacional. No entanto, percebe-se que a educação do surdo ainda é um assunto permeado por conflitos, em que propostas educacionais direcionadas a estes acabam impondo uma série de limitações que dificultam seu desenvolvimento cognitivo, principalmente quanto à aquisição da escrita em língua portuguesa.

        Nesse contexto, esse artigo tem como propósito entender o processo pelo qual passa uma criança surda, em fase de escolarização, em relação à aquisição da escrita da língua portuguesa, verificando se sua privação auditiva dificulta esse aprendizado, ou se este é lento em decorrência do uso de metodologias inadequadas. Portanto, é uma pesquisa que culmina instigar reflexões que possam abrir caminhos para uma prática pedagógica capaz de atender às necessidades da criança com surdez no aprendizado da escrita.

        Inicialmente, com embasamento em autores como FERNANDES (1990), SANTANA (2007), QUADROS (2006), CURIONE (2004), entre outros, o artigo aborda sobre a surdez e a linguagem, trazendo esclarecimentos sobre essa deficiência e, em seguida, enfatiza sobre a aprendizagem da escrita pela criança ouvinte e pela criança surda, dando continuidade com ênfase sobre a metodologia utilizada na pesquisa, o perfil dos participantes e traz uma análise e discussão dos resultados obtidos na coleta de dados.

2 SURDEZ E LINGUAGEM

A surdez é um tipo de deficiência caracterizada pela incapacidade do indivíduo ouvir, impedindo, assim, o contato direto com a linguagem oral, o que, segundo Fernandes (1990), gera prejuízos no desenvolvimento emocional, comunicativo, do pensamento e educacional do surdo.

        Para Santana (2007), “o diagnóstico de surdez traz, junto com ele, os pré-

construídos culturais em relação ao “ser surdo”: impossibilidade de falar, de aprender, falta de inteligência, insucesso na escola...”. De acordo com ela, tudo isso decorre da dificuldade do surdo para falar a língua legítima, ou seja, a língua na sua

modalidade oral. Diante disso, a preocupação com o desenvolvimento comunicativo do surdo permeia duas vertentes: de um lado o oralismo, no intuito de fazer do indivíduo surdo um interlocutor por meio da fala; de outro, o bilinguismo, que entende a língua de sinais como a língua dos surdos.

        Conforme Soares (1999), a aquisição da linguagem oral é pré-requisito para a aquisição da linguagem escrita. Assim, esse seria o motivo pelo qual na educação deles, durante certo tempo, deu-se mais ênfase em atividades que viabilizassem o treinamento dos órgãos fonoarticulatórios e o aproveitamento dos resíduos auditivos. No entanto, para a autora essa inversão de prioridades, em que o ensino era secundarizado e as atividades clínicas tornavam-se o alvo do trabalho, acarretava maiores prejuízos para educandos surdos de escolas públicas, visto que esse trabalho, onde se exigia o método oral, centrava-se em um diagnóstico precoce da surdez, em atendimento e uso de aparelho de amplificação sonora individual, sendo que o acesso a esses serviços era relacionado à condição social dos indivíduos. Nessas circunstâncias, a educação do surdo com pouco ou nenhum poder aquisitivo ficava prejudicada.

De acordo com Vygotsky (1989), a grande dificuldade na construção da linguagem da criança surda é que, muitas vezes, ela é levada à aquisição de uma linguagem oral, sem a percepção do seu sentido e articulações fundamentais. Para ele, o mais importante para a aquisição da linguagem é sua fala natural, que para a pessoa surda não se resume à oral.

2.1 A aprendizagem da escrita pela criança ouvinte

Ao falar na alfabetização de crianças, a grande maioria dos teóricos, dentre eles Ferreiro e Teberosky (1985), enfatiza a necessidade de valorizar seus conhecimentos prévios, visto que consideram que estas não chegam à escola sem saber nada sobre a língua. Para essas autoras, a criança passa por quatro fases até que seja alfabetizada: pré-silábica, silábica, silábico-alfabética e alfabética.

        Na fase pré-silábica, a criança ainda não consegue relacionar as letras com sons da fala; na silábica, ela interpreta a letra à sua maneira, atribuindo valor de sílaba a cada letra; na silábico-alfabética, mistura a lógica da silábica com a identificação de algumas sílabas e, na fase alfabética, a criança, enfim, domina o valor das letras e sílabas.

        Levando em consideração os fundamentos da Psicologia Cognitiva, Frith (1985), enfatiza que a aquisição e o desenvolvimento da leitura e da escrita é um processo interativo e passa por três fases: logográfica, alfabética e ortográfica.

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