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O Poder Alem da Vida (Reflexão)

Por:   •  3/5/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.636 Palavras (11 Páginas)  •  318 Visualizações

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Gotas de suor atingem o chão. Ao fundo, desfocados, vemos um grupo de homens, todos vestidos com roupas semelhantes. Não conseguimos a princípio perceber de onde vem às tais gotas até que a câmera nos leva a um ginasta, segurando com firmeza e força as argolas onde está executando com grande habilidade seus exercícios. A arena está montada e as pessoas ao redor constituem os juízes, os outros atletas e o público que prestigia o evento. Ao saltar, o jovem atleta vê uma de suas pernas literalmente se despedaçar em vários pedaços. Enquanto ele agoniza, todas as demais pessoas ali presentes e próximas tentam acudi-lo, menos um homem, que varre inadvertidamente os resíduos da perna do jovem como se estivesse se preparando para jogá-los no lixo... Só o que o jovem atleta consegue ver desse homem são os seus sapatos, que notadamente são de diferentes modelos, apesar de terem a mesma cor. De repente, assustado, Dan Millman (Scott Mechlowicz), o protagonista dessa história, acorda suado e assustado. Acabara de ter um incômodo pesadelo... Esse início de história nada mais é do que o prenúncio de que estamos diante de um somatório de fatos e acontecimentos que certamente poderiam mudar a vida de alguém. Ainda mais quando Millman conhece Sócrates (o veterano Nick Nolte, em mais uma bela interpretação), atendente de um posto de gasolina, que calça os sapatos vistos pelo jovem em seu sonho. E o que os une além do sonho que levou Dan ao encontro de Sócrates? A princípio nada parece ser comum entre os universos em que ambos vivem. O jovem demonstra estar deslumbrado com as vantagens materiais que o mundo pode lhe dar por ser um atleta de ponta. É o que fica claro quando diz a Sócrates que tem tudo o que precisa, de mulheres a notas altas, de dinheiro farto a muitos amigos e, principalmente sucesso tanto na escola quanto no esporte. Nesse momento, querendo comprovar o quanto é bem sucedido e preparado para vencer na vida, Millman lança um desafio a Sócrates. Diz o ginasta para o enigmático atendente do posto de gasolina que qualquer pergunta pode a ele ser dirigida. Ele está pronto para responder sem qualquer problema. Está tão resoluto e seguro que acredita saber todas as respostas, não importando nem mesmo quais serão as perguntas a ele direcionadas. - “Você é feliz?” - Pergunta-lhe então Sócrates. E a pergunta deixa Dan desnorteado. Parece ao mesmo tempo tão simples... Mas ao mesmo tempo pode ser igualmente complexa e desafiante por provavelmente conter algum duplo sentido ou por ser capciosa. Afinal de contas, jovem e forte, fazendo sucesso com as garotas, tendo ótimos resultados na escola, cotado para ganhar campeonatos e tornar-se atleta olímpico, contando com amigos e tendo dinheiro no banco, o que poderia fazer com que ele fosse infeliz? O que faz, no entanto, com que ele não consiga dormir a noite? Se tudo é tão lindo e maravilhoso, o que motiva não só a insônia que o atinge, mas também um sentimento de vazio que por tantas vezes toma conta de seu corpo? “Tire o lixo de sua mente”, diz a ele Sócrates. Aprenda a perceber e saborear o mundo que está ao seu redor. Amplifique os seus sentidos. Foque mas não perca a capacidade de ampliar o seu olhar e perceber tudo o que existe no mundo. Não há momentos perdidos em nossas vidas. Cada experiência pode e deve ser percebida como única e excepcional. Sempre há algo acontecendo. O que existe de mais importante na vida é esse momento, o agora... E o que fazemos em relação a isso? Absolutamente nada, ou seja, na maior parte do tempo vivemos mecanicamente, como se desprezássemos o fato de que essa experiência e cada minuto que passou jamais irão nos ser novamente concedidos. Vivemos atormentados com o passado ou com o futuro. Assombrados pelos erros ou pecados que cometemos. Assustados com o que está por vir e que, obviamente, desconhecemos e por isso tememos. E, com isso, deixamos de viver o agora com toda a força, vibração e energia que deveríamos dedicar a cada uma dessas experiências tão valiosas que se colocam diante de nós. Dan Millman não pareceu entender bem o que lhe dizia esse tão estranho tutor com o qual deparara num posto de gasolina. Sócrates, a quem ele chamara de filósofo de loja de conveniências, não parecia dizer coisa com coisa e, além disso, como poderia se contentar em viver como atendente de um posto de gasolina (ao que o sábio lhe respondia, “servir é o mais nobre de todos os propósitos”). É através de uma pequena tragédia pessoal que Millman consegue ganhar tempo real para reavaliar o que Sócrates estava a lhe dizer em todas as ocasiões em que haviam se encontrado. Um acidente de moto o coloca na cama, com uma das pernas estraçalhada e sem perspectivas (ao menos por parte dos médicos especialistas) de retornar ao esporte que tanto amava. O que fazer? Como superar tamanha dor e sofrimento? Baseado no livro “O caminho do guerreiro pacífico”, de autoria do próprio Dan Millman, “Poder além da vida” é mais do que um filme, trata-se de um libelo em favor da reflexão, da valorização da vida e de nossas experiências, da partilha de ideais e propósitos nobres e, em especial, da busca de equilíbrio e harmonia em nossas vidas... O Filme História real, estrelada no cinema pelo veterano e competentíssimo astro Nick Nolte, "Poder além da vida" tem muitas lições para dividir conosco. Assistir ao filme sem se emocionar e envolver com a história de um egocêntrico jovem campeão de ginástica olímpica que não valoriza nada e ninguém além dele mesmo e que, ao entrar em contato com Sócrates, atendente e mecânico de um posto de gasolina nas proximidades do campus universitário em que Dan Millman (o campeão que só pensa em si mesmo), se vê intrigado, literalmente em xeque e subitamente desprovido de todas as certezas que o acompanhavam até então pode ser uma experiência riquíssima para os espectadores. Mas não deve tal experiência se resumir somente a assistir. Devemos pensar e repensar cada uma das valiosas pérolas existentes no filme. Sócrates atua como um autêntico filósofo a constantemente desafiar a lógica e a obviedade que parece ser parte do cotidiano de Millman e também dos espectadores. E é justamente nesse ponto que reside a grande riqueza do filme, ou seja, sua capacidade de nos fazer abrir os olhos, de observar tudo o que está ao nosso redor, de valorizar as relações que estabelecemos com tudo e com todos. Há muito do jovem Dan Millman em cada um de nós. A teimosia, a prepotência, a arrogância, a acomodação ou ainda o apego ao mundo material. Por outro lado, temos vivido muito pouco no sentido do questionamento daquilo que parece estabelecido e definido aos nossos sentidos ou ainda de perceber as inúmeras oportunidades e portas que se abrem para nós todos os dias como Sócrates prega a seu contrariado pupilo. Precisamos amplificar os nossos

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