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O Rousseau em Geral

Por:   •  6/5/2023  •  Abstract  •  6.247 Palavras (25 Páginas)  •  63 Visualizações

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Disciplina: Introdução às ciências sociais

Docente: André Ricardo Nogueira

Discentes: Julya Fernandes Máximo, Anelise de Laia , Gabriela Morozzini

Fichamento de resumo

Referência

Introdução

Tópico I

                                                  “Rousseau: da servidão à liberdade”

Tópico II

             “Curriculum de um cidadão de Genebra”

Tópico III

“O pacto social ”

 

Tópico IV

                                               

                                               “ A vontade a representação “

Tópico V

“Textos de Rousseau ”

             

                Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens

 

   O objetivo de Rousseau ao escrever o discurso da origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens é fazer com que o leitor seja apresentado a sua ideia hipotética de como a sociedade civil foi estabelecida. Rousseau nos traz como argumento que o primeiro indivíduo que decidiu cercar um pedaço de terra e afirmar então que aquela era sua propriedade, criou a chamada sociedade. De tal ato decorreu-se muitos problemas, como guerras, crimes, mortes e miséria. É levantado que se um outro ser, tivesse tido o ato de impedir esse indivíduo de enganar os outros, ao cercar a terra e a dizer sua, e tendo por esse ato lembrado a todos que a terra não é de ninguém e seus frutos, o que oferece essa terra são para todos, grande parte dos problemas se evitariam. Porém, o conceito de propriedade teve um desenvolvimento progressivo, sendo desenvolvido no decorrer do tempo, de forma a exigir muita inteligência, onde o autor sugere que entendamos tal processo ao longo do tempo para conceber como a desigualdade se originou.

  Rousseau apresenta o homem inicialmente no estado de natureza como tendo seu primeiro sentimento o de sua existência, de modo que  a natureza oferecia exatamente tudo que pudesse precisar, seus frutos, tendo assim como segundo sentimento o de conservação, o instinto o leva a utilizá-los. O homem em seu estado de natureza possuía apetites, onde um deles o levou a perpetuar sua espécie, tal ato é dado como puramente animal, sem atribuição de sentimentos, cego e instintivo, tendo como objetivo a satisfação dessa necessidade , e uma vez adquirida os dois sexos envolvidos não mais se relacionaram, ou manteriam uma interação, sequer iriam se reconhecer, onde  daí se originasse um filho, este mesmo não  significaria nada para a mãe, uma vez que não mais precisasse dela.

 Assim, se deu ao homem nascente, vivendo meramente dependente de suas sensações, utilizando apenas os dons oferecidos pela natureza, sem lhe arrancar nada, o homem em seu estado de natureza de nada precisava que naquele meio já não tivesse para subsistir. Mas aos poucos as dificuldades se apresentaram e vencer estes obstáculos impactava diretamente na capacidade de conservação do homem, uma que podiam se apresentar como a altura das árvores que o impedia de alcançar os frutos, e situações diversas que se demonstravam como empecilho para a vida em pacificidade plena, sem desvios desse homem em seu estado de natureza, fazendo assim com que o desenvolvimento,  o exercício do corpo, fosse uma característica inevitável para o mesmo, uma vez que a obtenção da agilidade, força, destreza e capacidade de maquinação, parte se tornou essencial para que este homem em estado de natureza conseguisse vencer as dificuldades surgidas. Ele aprendeu a superar tais obstáculos da natureza, a se pôr a combater os animais por necessidade, galhos, pedras e armas naturais logo tiveram uso para auxiliar  nesse combate, tendo sua subsistência  também em disputa com outros homens, ou a "compensar-se daquilo que fosse preciso ceder ao mais forte". 

  Tendo-se  a expansão da espécie humana, as dificuldades acompanham e aumentam, assim, solos, temperaturas, estações, foram precisamente incluídas em como esse homem em estado de natureza vivia, devido à irregularidade que tais dificuldades exercem foi necessário ao homem que adquirisse novas habilidades, onde as vezes o habitat ao qual estavam inseridos impactava diretamente na alimentação, na forma como iriam adquirir essa alimentação, e até prepará-la, dando origem assim a instituições como pescadores, guerreiros, e caçadores; o ato de se proteger do inverno fez com que descobrissem o fogo e as variadas maneiras para seu manuseio, de forma a obter os benefícios que tal elemento poderia lhes proporcionar.

 Todo esse processo descrito, onde o homem se depara com dificuldades e se adequa a elas, e até mesmo se adapte a outros, uma vez que esse outro se mostre uma dificuldade, acrescentou  ao espírito do homem a percepção de algumas relações. Relações essas, advindas das palavras alto, baixo, gordo, magro, medroso, lento, ou seja, formas de atribuir ao ser, algum tipo de característica que  para este homem em estado de natureza foi visto a partir da comparação do azar a necessidade,  e sem muito desenvolvê-los, fez com que produzissem uma certa reflexão, que tinha como fundamento as precauções para sua própria segurança. Essas novas ideias que agora se desenvolvia para esse homem em estado de natureza foram essenciais para que o mesmo estabelecesse sua superioridade acerca dos outros animais, através do reconhecimento desta. Onde, mesmo que nas florestas o homem se deparasse com criaturas que o vencessem em peso e tamanho, agora poderia criar armadilhas ou outras formas de vencê-los, fosse se juntando com outros homens, até fazendo com que daqueles que poderiam servi-lo ou nutri-lo, veio a tornar-se com o tempo o senhor de uns e o flagelo de outros. 

  Dessa forma, quando o homem em estado de natureza lança o primeiro olhar a si mesmo, o leva a estabelecer o primeiro movimento de orgulho; onde através do ato de desenvolvimento dessas luzes, leva-o  a distinguir as categorias e considerar-se o primeiro de sua espécie, sendo assim inclinado a considerar-se o primeiro indivíduo. Embora para ele não fosse tida a visão de seus semelhantes como aqueles que  já inseridos em sociedade tem, e é de certa forma esperado que ele não atribua a seus semelhantes a uma observação, ele o faz, uma vez que se dá conta que a maioria deles age de maneiras em certas situações da mesma forma que o faria, onde mesmo não tendo contato, não tendo comércio com eles da mesma forma que não tinha com os animais , ele não os esquece. Concluindo assim que suas maneiras de pensar e de sentir eram inteiramente iguais. Uma vez incorporada a seu espírito, essa importante verdade o levou a seguir as melhores regras de conduta que , para seu proveito e segurança achou melhor manter para com eles, ou seja, devido a conformidade entre  ele e seus semelhantes em pensar e sentir, o homem passou a se comportar de forma a reconhecer a existência do outro e também considerar seus possíveis atos (a ver esta interpretação!?)

   Assim, através de experiência, o amor ao bem-estar se apresenta como único móvel  das ações humanas,  onde a conservação desse objetivo poderia fazer com que o homem contasse com o interesse em comum aos seus semelhantes, onde assim o exerceriam ou mesmo o temeriam, uma vez que  um ser que não é você, através da concorrência, pode ameaçar o seu bem-estar da mesma forma que pode te ajudar a mantê-lo. Dessa forma no primeiro caso, unir-se, em bandos, associações livres, poderia ser a solução, não sendo  obrigatório o vínculo, muito menos tinha intenção de durar, seu exercício se daria apenas enquanto em vigor a necessidade passageira que a reunira, enquanto que no segundo caso, a forma de defesa era um tanto quanto livre, fosse para obter a vantagem da melhor forma possível, seja abertamente,  se pensasse assim poder agir, ou fosse por habilidades , sutilezas, caso se sentisse mais fraco. Assim sendo o amor ao bem estar como móvel das ações humanas, apresentou-se ao homem a necessidade de saber distinguir os momentos em que o interesse comum  aos seus semelhantes tornaria necessário contar com eles ou livrar-se deles.

 No entanto, os homens de forma insensível adquiriram certo conhecimento acerca da vantagem que se obtia ao respeitar esses interesses mútuos apenas enquanto lhes fosse necessário, partindo do entendimento que para eles não se existia uma visão que se estendesse para o futuro, apenas reagiam e se comprometiam a realizar tarefas e solucionar dificuldades do seu presente momento, tornando assim essas relações de bem comum passageiras e oportunas a eles, deixando claro assim o egoísmo do homem em estado de natureza que se preciso não pensaria duas vezes em se desvincular de seu semelhante se isso significasse para ele naquele momento manter sua preservação e subsistência. Tornando se fácil a compreensão de que tais relações não exigiam desse homem uma linguagem desenvolvida, com camadas e mais camadas de profundidade e significado, podendo traçar um paralelo da comunicação deste ser com a de animais que se reuniam quase do mesmo modo, por para eles não ser tido como fundamental essa comunicação que estabeleça profundas relações, sendo sons, ruídos, gestos o que solidifica essa comunicação entre estes homens em estado de natureza, sendo as características citadas o que por muito tempo compôs a língua universal; a junção destes sons articulados, com instituição complexa, em determinadas regiões foi o que deu origem a o que podemos chamar de línguas particulares, mas claro, imperfeitas, podendo associar as línguas faladas pelos selvagens. 

  Rousseau dá sequência ao seu pensamento, dizendo o quanto esses pequenos e primeiros progressos levaram o homem a de fato obter uma evolução concreta. Uma vez que todos esses progressos descritos anteriormente aos poucos levou o homem a ter consciência de si e de sua existência, tendo assim também a consciência do meio em qual vivia e o que isso lhe oferecia, podendo dessa forma adquirir habilidades aperfeiçoadas e que coincidiriam ao seu atual estado de espírito. Dessa forma o homem em seu estado de natureza foi capaz de reconhecer novas utilidades para o que lhe oferecia a natureza, dando assim uso para pedaços de madeira que se tranformariam em machados, tendo acesso a lenha e itens desse tipo que o levariam a concepção de moradias mais elaboradas para sua proteção mais eficiente como cabanas, não mais se recolhendo em cavernas e árvores expostas. A essa época, nesse período, se reconhece uma primeira revolução que deu origem a instituição de famílias, tendo grande importância a distinção das mesmas que daí se originam brigas e combates, uma vez que a introdução de um tipo de propriedade talvez implicasse em atritos. E feito a observação de que os mais fortes teriam sido os primeiros a se instalarem em habitações de moradia, sendo capaz de as defender, os mais fracos condicionados a seguir o exemplo, pois seria mais viável imitá-los do que entrar em um combate pela propriedade do mais forte, onde, claramente nos leva a pensar que o mais fraco sairia duramente prejudicado, sendo para aqueles outros   que já possuíam cabanas mais lógico não ter o interesse de se apropriar da de seu semelhante, não porque não apenas porque não  lhe era sua por direito, mas apenas pelo simples fato de não ser útil a eles, uma vez que essa tentativa de apossamento o levaria a um combate possivelmente violento com a família residente. Agora com a inserção da moradia na vida do homem em estado de natureza, põe se a possibilidade da união dessas famílias que uma vez ao citar o homem nascente deixava se claro o quanto indiferentes eles eram um para com o outro assim que suas necessidades eram sanadas, tendo assim os primeiros progressos do coração, com homens e mulheres, pais e filhos, reunidos num só espaço, tendo dessa forma estabelecido o amor tanto paterno quanto conjugai, uma vez que tinha como único laço a afeição recíproca derivada de seus laços familiares e liberdades como condicionantes de uma união que os levariam a se tornar uma pequena sociedade, que uma vez vivendo diariamente juntos seria questão de tempo até que notassem e surgissem realizações das diferenças entre homem e mulher em suas maneiras de viver, que até então antes de pequenos avanços no coração do homem eram vistos como um só. Desta forma surge o que se tem conhecimento como função do homem a de caçar e trazer alimento a sua família, prover a subsistência, e o papel da mulher adquire uma condição mais sedentária uma vez que ela se permite a ficar na moradia zelando pelo seu bom funcionamento e dos filhos. Há de se convir que com comparação ao estado de natureza nascente, esta vida que leva agora o homem se dá de forma muito mais suave, o que Rousseau aponta ter sido o que fez com que ambos os sexos perdessem essas características mais grosseiras, ferozes, do vigor natural, e se tornarem criaturas menos aptas fisicamente, cada um em sua individualidade, a combater os animais ferozes e as dificuldades da natureza, em contrapartida devido à evolução de suas relações criou-se a possibilidade de contornar esses empecilhos através da união, para juntos conseguirem resistir a eles.

  Esse ócio que agora o homem despendia, uma vez que suas necessidades eram simples e os meios para saná-las muitas vezes já estava estabelecido, o levou ao surgimento de novas comodidades, antes desconhecidas por seus pais; agora o homem condenava seus descentes a este primeiro desvio de um estado de natureza pleno, os levando a obtenção destes primeiros males, visto que além da queda de vigor do homem, tal fonte de males os levaram a  perda do prazer por tais atividades, através do hábito, os privando do prazer, de seu modo de viver , e assim os colocando numa relação complicada entre a dependência de forma incisiva que se transformou em necessidade desses novos hábitos, vícios, de forma que uma privação de tais seria mais cruel ao ser do que antes satisfatório fora a evolução do homem a esse estado. ( a ver a interpretação, pois tive dificuldades).

  Dessa forma é possível formular a maneira da qual a evolução e processo de adaptação da língua falada se deu dentro dessas famílias, tendo todos esses novos hábitos, difundidos pelo ócio do homem, o que mantém relação direta com a forma menos lapidada na qual foi feita a conjectura dessa linguagem e seu progresso, a fazendo mais fundamental.

 As influências da natureza podem ter tido um papel nesse desenvolvimento da língua, uma vez que inundações, tremores, separamento de terra, tudo isso poderia ter feito com que de forma forçada por circunstâncias geográficas os selvagens permanecessem juntos num espaço, fazendo com que a língua entre eles fosse necessária e uma necessária seu lapidamento iria evoluir de acordo com as necessidades que eles enfrentam, tal concepção se dá como mais viável do que supor que a língua se originou e derivou daqueles livres em florestas que falavam com muitas mais propensão e liberdade ao erro. Dessa forma aqueles que puderam ir até ilhas ou porções de terra isoladas geograficamente, possivelmente foram quem trouxe  o uso das palavras e frases para o resto do continente, visto que a chance das mesmas terem nascido nessas ilhas é considerável.

  Rousseau assim, nos leva a compreender a forma como o homem, derivando de todas esses aspectos, tendo agora uma pequena estabilidade seja para com seus semelhantes seja de moradia, aos poucos formou uma pequena nação em diversas regiões, tendo com base para tal união os costumes, características, a influência do clima e da semelhança de contexto na qual todos se viam e assim se uniam, mas não ainda eram regidos por leis, apenas pelas leis da conveniência natural, uma vez que no mesmo espaço as famílias que ali residiam eventualmente iriam se conectar de alguma forma, ao se estabelecer vizinhanças temos ali homens e mulheres vivendo próximos e estabelecendo relacionamentos mais duradouros devido a frequência na qual se viam, e que alteram assim a forma como o homem lida com outro e com si mesmo; dessa nova perspectiva de relação deriva a comparação de mérito e aparência, beleza,  originando assim o sentimento de preferência entre eles, sentimento este que consigo leva para o homem o ciúme, pois o homem não reage bem a oposição de sua preferência, ao não a sua preferência, tendo assim sacrifícios humanos de sangue e violência se tornado um evento desta nova fase do estado de natureza, o amor e o ciúmes caminhão lado a lado ditando as novas ações de um homem agora com tais sentimentos em si devido aos tipos de resposta que o ato de estabelecer preferências poderia o resultar. Os progressos evolutivos dos sentimentos e ideias do homem, ativa seus corações e espírito, fazendo com que constantemente eles continuem adicionando novas nuances a si, tendo suas ligações com outros seres expandidas porém os laços estreitam.    Agora com hábitos de lazer, dança, de reunir-se para divertimento, o homem passa a lançar a outros, olhares de estima, onde agora a vaidade toma forma e faz com que o elogio, o reconhecimento seja algo estimado por ele, fazendo com que tais coisas obtenham um preço. Aquele que gabiratava as características tidas como mais bem quistas, certamente seria o possuidor de maior reconhecimento público, onde tal situação traria nos outros o desprezo, a vergonha e a inveja, onde tais passos dados foram os primeiros a fazer com que a desigualdade e vício surgissem, minando desta forma a felicidade  e a inocência uma vez pertencente a este mesmo homem. Uma vez que os homens passaram a validar uns aos outros, apreciar uns aos outros, era de se esperar que a ideia de consideração se formasse dentre seus espíritos, e com isso todos aqueles que a possuíssem certamente se sentiriam merecedores dessa apreciação, o que implica no fato de assim se todos à pensam ter por direito, difícil seria negá-la a alguém sem que sofresse as consequências por isso. Rousseau a partir desta constatação, nos oferece a perspectiva que daí sairia os primeiros deveres da civilidade, até mesmo entre aqueles selvagens que ainda permaneciam nas florestas; onde agora, o insulto a quem se era se tornava muito pior ao homem do qualquer mal físico que pudessem lhe ameaçar, pois o insulto o levava ao desprezo de si mesmo e a ver este mesmo desprezo de si nos outros, fazendo com que as vinganças movidas por essa dor do insulto se tornassem cada vez mais frequente e comum, como punição ao desprezo recebido, tornando os homens sanguinários e cruéis. A fazer notória referência aos tipos de selvagens que hoje se conhece.

 Tendo apresentado pontos cruciais, Rousseau agora, aborda o quanto o fato de aqueles que antes dele se aventuraram pelo tópico estado natureza falharam,  em sua concepção, uma vez que para ele estes não distinguiram de forma satisfatória as ideias e muito menos se deram conta do quanto os povos já estavam distantes do estado de natureza, fazendo com que o homem seja considerado neste seio, como mau e cruel, necessitado de amarras polícias e vigilância: para Rousseau o homem em seu estado primitivo não é nada além de meigo, longe das brutalidades e verdades fixas do homem em sociedade, o homem em estado primitivo para Rousseau não seria compelido até mesmo a reagir de forma violenta se algo lhe tentasse o mau, visto que para ele essa ideia de reação sequer seria posta, uma vez que para ele não é natural de sua formação,a piedade natural do homem em estado de natureza o impede de fazer mau a qualquer um que com ideias do homem em civilidade lhe ataquem, pois ao citar Locke, Rousseau faz regência ao axioma do sábio do mesmo, que dizia "não pode haver afronta onde não há propriedade." Nos levando ao pensamento já iniciado que indica que pro homem em estado de natureza essas influências do homem civil em nada lhe alteram o curso, pois tais conceitos nele não residem.

  Entretanto, se faz necessário a observação de que essa sociedade agora iniciada, com base nesses novos atos recorrentes do gênero humano, fez com que as formas de relação que antes o tinham, agora adquirisse certa mudança e adaptação em comparação a antes sua condição primitiva exigia; a moralidade agora se insere no modo de vida e em cada um, fazendo com que as ofensas que recebiam tivessem como juiz mor e vingador eles próprios, a bondade que antes tinha no estado de natureza não mais se colocava com a melhor solução ou forma de se resolver, dando espaço agora aos novos sentimentos que o homem possuía para usar como suas próprias leis, uma vez que a frequência de ataques que se recebia tornava a necessidade de defesa destes mesmos muito maior e a violência passava a atuar como um freio das leis nessa sociedade. Rousseau aponta que mesmo havendo esta queda na tolerância do homem em compensação ao seu estado primitivo, tendo sua compaixão natural duramente alterada, este ponto de desenvolvimento das faculdades humanas teria sido o mais feliz e duradouro, devido ao equilíbrio entre o ócio do estado primitivo e a proficiência do amor-próprio, onde para Rousseau esse estado era o menos propenso a revoluções, sendo assim o melhor para o homem viver e ainda diz que para ele, o jamais deveriam ter saído deste estado, se por um bem-estar geral, dando como exemplo os selvagens encontrados neste estado, para reafirmar o quanto para ele o homem deveria ter permanecido em seu estado primitivo de natureza, que fora feito para isso, sendo a verdadeira juventude do mundo, dando assim o ponto de que a todos os progressos e evoluções da faculdade mental do homem, foram ao almejo da perfeição do indivíduo, porém apenas contribuíram para sua ruína.

 O homem ao viver das atividades de seu estado primitivo eram livres, sãos, bons e felizes, contando com um leve comércio  independente entre si, no entanto a partir do momento que a um deles acometeu a noção de que seria interessante possuir bens de subsistência, objetos, para ele em quantidades de dois, quando teve se a necessidade de contar com outro semelhante, aí pode-se dizer que a igualdade não mais existe, a propriedade é introduzida, o trabalho agora é necessário e as florestas derivam em campos, que deles se foi posto a escravidão e a miséria em resultado de colheitas, a metalurgia e agricultura certamente foram as grandes artes que incubiram a esta grande revolução. Rousseau cita o quanto ambos eram desconhecidos para os povos da América, o que justificaria o fato de ainda permanecerem em seu estado selvagem, dizendo também que aqueles que permaneciam bárbaros, apenas o faziam por praticarem uma arte sem a outra, o que para ele não faria com que funcionasse, dizendo assim que  o motivo pelo qual a Europa teria saído na frente nesse progresso seria pela sua abundância tanto em trigo quanto em ferro, Rousseau não compreende como o homem foi capaz de manusear o ferro estando tão mal desenvolvido cognitivamente, e também desconsidera algum acaso da natureza, mas não descarta a ocorrência, talvez através de algum vulcão ativo que visto pelo homem o deu a ideia e vontade de imitar, porém ele termina dizendo o quanto ainda sim supor que o homem em seu estado atual teria essa capacidade, uma vez que tais tipos de pensamento apenas são capazes em espíritos já mais desenvolvidos do que estes deviam ser. Em relação a agricultura, esta certamente sempre esteve associada ao homem, o seu princípio muito antes estabelecido, devido ao contato do homem em estado de natureza com a necessidade de subsistência, porém sua prática não se desenvolveu tão cedo assim, pois devido a facilidade pela qual conseguiam alimentos através da caça e a pesca, o que não os exigia um certo cuidado diferentemente das árvores e seus frutos, ou mesmo a não concepção dos instrumentos necessários para o cultivo do trigo, ou mesmo não terem a menor ideia do quão seria necessário para eles, ou mesmo falta de formas de se defender da tentativa de furto ou apropriação de outros semelhantes fez com que apenas quando conseguissem a materialização destes, se tornassem mais hábeis, começassem a praticar a agricultura; tendo assim o início do cultivo em volta de suas cabanas, ou pedaços de terra, numa escala a qual poderiam proteger, Rousseau no entanto reitera, que tal percepção do homem em relação a agricultura também é difícil de aceitar pois o homem em estado selvagem teria que entender que para ganhar algo primeiro teria que perder, o que para suas faculdade mentais era extremamente difícil de realizar, visto que como já dito, ele vivia o dia, sem pensar na noite; a invenção de outras artes, como ferramentas de ferro e pessoas que as manuseassem, visto que para aqueles que fundiam o ferro era necessário quem cultivassem o trigo e os alimentasse, o número de trabalhadores aumentou e a subsistência comum não foi capaz de alimentar a todos, onde desta forma uns precisavam de comida em troca de ferro e assim houve quem descobrisse o segredo de empregar o ferro na produção de alimento, daí nasce a lavoura e a agricultura, e de outro lado o de manusear e a trabalhar o ferro e multiplicar seu uso. Do ato de cultivo das terras se derivou a propriedade, que se fez necessária sua partilha, uma vez que todas as evoluções a qual percorremos levou a um maior senso de justiça, pois há de se entender o dito de que para entregar a alguém o que lhe pertence antes se faz necessário que este tenha alguma coisa, fazendo assim a repetição dessas terras e propriedade, o que logo fez com que o olhar do homem fosse para o futuro visto que agora este de fato tinha algo a perder dia após dia, fez com que temesse as consequências dos seus próprios atos, e o que eles poderiam causar pros outros. Rousseau argumento que tal origem se dá como a mais natural pelo simples fato de que a ideia de propriedade se torna muito difícil de conceber se não pela mão de obra, "pois não se compreende como, para se apropriar das coisas que absolutamente não produziu, o homem possa nisso colocar mais do que seu trabalho." (Não tive facilidade nessa interpretação, por isso apenas transcrevi a frase em parênteses).

 Desta forma se entende o quanto o trabalho torna aquele que o produz dono em direito da gleba, do produto, da terra na qual tal colheita se assenta, fazendo com que o cultivo ano após anos, dia após dia, de forma contínua, aos poucos o leve ao conceito de propriedade e pertencimento, fazendo com que a partilha leve ao direito de propriedade, diferente daquele que resulta da lei natural. 

  Entende-se assim, que esse modo de vida teria permanecido assim se as comparações e habilidades em grau diferentes entre os homens não existisse, pois essa falta de proporção entre eles, indo do mais forte ao fraco, lento ou rápido, esperto ou não, determinasse a forma como a agricultura, a lavoura, o manuseio do ferro seriam feitos, de forma a que mesmo que todos trabalhassem igualmente, seus resultados não o seriam, dando a alguns uma vida menos sofrida, enquanto outros se deitariam sobre as dificuldades, onde assim, a desigualdade natural de forma grosseira se desenvolve com a desigualdade de combinação, fazendo com que as diferenças entre os homens advindas dos contextos ao qual cada um se insere, se tornem mais delicadas e permanentes nos seus efeitos, impactando diretamente na sorte dos homens afetados por ela. Rousseau não se propõe a continuar a explicar o restante da origem das artes e instituições que compõe a sociedade, por considerar que seja de fácil entendimento como tais a partir do raciocínio construído, se deram. Desta forma ele se detém apenas a analisar o homem como se apresenta a partir desta nova ordem de coisas. 

  Saindo agora do pressuposto de todas as nossas faculdades mentais estarem desenvolvidas, incluindo o amor-próprio, a razão onde o espírito humano vagueia pela perfectibilidade de Rousseau, a partir desta composição de sociedade, são acionadas o que a moverá, como as qualidades naturais e o destino de cada um homem não apenas pelo teu poder aquisitivo, maldade, mas também pela sua aparência e força, méritos e talentos, lembrando se sempre que tais características uma vez foram tidas como merecedores de reconhecimento e estima, o que fez necessário ou tê-las ou atingir quem as tivesse; era interessante performar algo que não fosse pois, ser e parecer não mais eram iguais, o que em proveito próprio deu origem a características sórdidas do homem, como a enganação, a lábia, obtenção, e todos os vícios que a formam. Desta forma o homem que antes era livre de todas as formas possíveis em seu estado de natureza, agora se vê condicionado por uma leva de necessidades a seus semelhantes seja como Senhor de uns ou escravo de outros, onde ainda, mesmo sendo o senhor de algum, ainda sim se torna escravo deste, pois ambos compartilham de necessidades dependentes, o que em suma torna o homem trapaceiro e arrogante, tendo que se pôr em diferentes situações para conquistar o que precisa para realizar seus desejos mais fundamentais aos mais mesquinhos, o homem a partir de necessidades como a de enriquecimento, a ambição constante, não porque precisa para viver mas por que o pode e quer, para se portar acima, melhor, para conquistar mais estima e consideração do que outros através da comparação, o inspira, e a todos os outros, a tendência a prejudicarem-se igualmente, através de máscaras e despotismos, sempre pautado na concorrência e rivalidade e oposição de interesses, do aumento do lucro pessoal. Todos os maus citados decorrem como consequência da interação da propriedade como pilar da desigualdade que surge. Rousseau pontua que antes do que se usa na atual sociedade como simbolismo de riqueza, tal ato apenas se representava pela terras, pastos, animais como únicos bens reais a se possuir, uma vez que estas fazendas crescem em extensão e ocupam todo o solo, obriga os homens a dependerem uns aos outros para seu progresso pessoal, e aqueles que foram submissos não tiveram para si toda abundância que aquelas terras poderiam lhe oferecer, se tornando pobres que nada haviam perdido porque com as mudanças a sua volta acontecendo, eles permaneceram no que já estavam, sendo passado pra traz e experienciando a desigualdade, se vendo obrigados a roubar ou receber através de doações sua subsistência comum das mãos daqueles que mais as tinham, os ricos; onde de tal raciocínio se deriva a servidão, roubos ou violência. Os ricos através de dominação e ganância desprezaram a todos os outros, utilizando seus escravos para condicionar outros, apenas queria fazer o mesmo com seus vizinhos, onde uma vez que experimentaram esse tipo de autoridade não mais queriam deixar de tê-la. Assim Rousseau atribui todos esses passos do homem como um ato de abafar a piedade natural, e justiça, rompendo com a igualdade e trazendo o caos; tornam os homens maus e recheados de ambição, dando a pauta do direito do mais forte e primeiro ocupante um debate eterno que apenas trazia vivência e sangue. Agora sim, a sociedade nascente se vê em estado de guerra, o homem agora não pode mais voltar a seu estado de natureza, muito menos desfazer as aquisições cognitivas que se atribuiu, o seu ato de evoluir na verdade foi o de se destruir, abusando assim de tudo aquilo que lhe forma e deveria lhe trazer dignidade.

  Assim se faz o questionamento de que não seja possível que os ricos não tenham refletido a situação miserável a qual estava inserido, não sendo poupado nem mesmo o dono de manufatura, uma guerra perpétua em nada oferecia vantagem ao rico, sendo que ele quem pagaria todos os custos, tendo como risco a sua propriedade, bens e vida, não lhe fazia sentido nenhuma querer permanecer neste estado, até mesmo seus atos abusivos perante os que subjulgavam mais fracos, através da força, lhes era necessário a atenção, pois esta mesma força que o fizeram tomar, fazia com que fossem tomados sem que tivessem o direito ao choro, para os donos de industriais, não muito difere, visto quem ninguém o pediu para que produzissem, e ainda poderia ser refutado pelos seus semelhantes que o diria que ninguém ao menos lhe deu as demarcações de terras, ou menos ainda lhe impuseram que trabalhasse, sua propriedade vivia na mesma instabilidade que a do rico, mesmo que baseada no trabalho, onde esse excesso do manufatureiro tornava a falta dos que sofriam a pior lasca da desigualdade mais aparente, e ninguém o havia dado a permissão para se apropriar assim da subsistência comum de todos. Faltando argumentos ao rico que justificasse os pontos levantados, pressionado pelos bandidos e grupos, não podendo se quer unir-se a teus semelhantes ricos, pois eram todos formados por arrogância e inveja, o rico movido a necessidade concebeu o projeto mais premeditado que já havia tocado  seu espírito humano. Esse projeto tinha como intenção empregar seus inimigos a se benefício, utilizar suas forças para os fazer seus defensores, dar a eles novas aspirações e instituições que lhe parecessem favorecerem bem mais do que o direito natural vinha fazendo. Assim o rico encontrou uma forma enganadora de levar aos seus vizinhos razões que os induzisse a seguir pelo caminho que os vendia, argumentando o quanto nem rico nem pobre estavam bem no estado que se encontravam, dizendo em suma para que se unissem contra os ambiciosos e mau intencionados, panfletando uma igualdade a todos, garantia de direitos daquilo que lhes pertencia, a uma busca de instituição de regras e paz onde todos sejam obrigados a se submeter, com intuito de reparar os danos do capricho da fortuna ao fazer com que o rico e o pobre se portem na mesma altura, ao serem levados a cumprir deveres mútuos, em tese, coloquemos nossas forças em apenas um só poder supremo ao invés de nos atacar, que este poder supremo nos governe segundo as leis já citadas, proteja, defenda todos aqueles que compuserem a associação, se livre dos inimigos comum a todos, e mantenha a concórdia eterna; Rousseau ao passear por tudo o que levou o homem a necessidade de impor tal projeto pela mão dos ricos, enumera o que para ele um bom antro de sociedade deve possuir, dizendo também que foi preciso muito menos do que esse discurso para os menos sábios correrem até as correntes que já os prendiam e trocar pelas que este novo projeto as vendia em forma de liberdade, foi necessário que entendessem que uma vez perdida a liberdade que possuíam em seu estado de natureza, tentassem buscar a liberdade civil, o não conhecimento de um estado político fez com que não se atentassem aos seus perigoso, de forma justa é claro, devido a terem pouca experiência, os que chegavam mais próximo de prever esses perigosos eram aqueles que torciam pra que esse mesmo estado político o beneficiasse, voltando ao ponto onde se faria necessário sacfricar uma parte de sua liberdade para conservar a outra. Assim foi a origem da sociedade e das leis, dando novas formas de poder ao rico e novos papéis ao pobre, mas que destruí de forma impossível de remediar a liberdade natural, solidificaram a lei de propriedade e da desigualdade, e assim todo homem foi submetido ao trabalho, servidão e miséria, podendo notar o quanto a fundação duma sociedade impôs que todas as outras existissem por conseguinte, fazendo com que essa necessidade de estabelecer relações se tornasse indispensável se quisessem derrubar um inimigo comum a todos, forças conjuntas, tais sociedades são o que foram a terra e não há se quer uma espaço que se ache livre dela, acompanhada dos princípios mal elaborados do homem que vive numa eterna brigada de espadas tendo sempre uma sobre si o condicionando ao julgo de outrem.

                                                     Do Contrato Social

   

   Notas (Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens)

                                                Notas (Do contrato social)

 

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