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O texto resenha Ciências sociais e trabalho intelectual, de Renato Ortiz (São Paulo, Olho d'água, 2002)

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Por:   •  11/10/2013  •  Resenha  •  1.350 Palavras (6 Páginas)  •  590 Visualizações

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ESUMO

O texto resenha Ciências sociais e trabalho intelectual, de Renato Ortiz (São Paulo, Olho d'água, 2002).

Palavras–chave: ciências sociais, pensamento sociológico.

ABSTRACT

This text is a review of Ciências sociais e trabalho intelectual by Renato Ortiz (São Paulo, Olho d'água, 2002).

Keywords: Social Sciences, Sociological thinking.

O livro pode parecer, para o leitor desavisado, apenas um conjunto de estudos sobre autores — o que já seria bastante e, sem dúvida, de grande interesse e importância. Mas o texto é mais do que isso colocando e enfrentando problemas que centralizam a reflexão das Ciências Sociais.

Uma parte dessas questões encontra–se expressa e sistematizada no primeiro ensaio, outras são desenvolvidas nos estudos sobre autores, algumas ainda atravessam o trabalho como um todo. Sem pretender esgotar o assunto, que ganha excelente formulação no livro de Renato Ortiz, aponto algumas que me parecem fundamentais para uma revisita ao métier de sociólogo e que podem se configurar como críticas a alguns caminhos trilhados pelas políticas educacional e de pesquisa no país.

A indagação sobre o que é o trabalho intelectual aciona a reflexão. A operacionalização se dá a partir da pergunta — como se processa o trabalho intelectual? — para só depois discutir o que é esse trabalho e qual seu sentido. Assim, reconstruindo o processo, mostra que se trata de um fazer, procedimento que carrega consigo uma qualidade artesanal. Dessa característica resulta, de um lado, tratar–se de um artefato construído pedaço por pedaço, e de outro, ser uma construção referida à totalidade. Em se tratando das Ciências Sociais, cada pesquisa coloca questões diferentes ou, tratando–se da mesma problemática, de visões a partir de um outro ângulo. Por esse motivo, faz–se necessário refazer todos os passos da prática sociológica: investigação bibliográfica, pesquisa empírica, busca de fontes primárias, leituras diversas, anotações, seleção de material, elaboração de conceitos, escritura. Trata–se, pois, de um trabalho árduo e disso resulta a necessidade de um método para ancorar a reflexão. O autor aponta essa importância mostrando a centralidade da metodologia na análise dos diferentes autores enfocados.

A partir dessas considerações define o trabalho intelectual pelo que é e pelo que não é. Assim, é um projeto, uma ação deslocada para o futuro na qual o indivíduo se realiza por inteiro. É um trabalho em seu sentido profundo — não alienado, único, singular. Traz em si a idéia de incompletude, isto é, a próxima reflexão tem o poder/dever de acrescentar, criticar, renovar. Mais ainda, é resultado de um "demônio interior", que deve ser periodicamente alimentado. Não pode ser mensurado, ser visto a partir da quantificação das ações ou por sua mecânica aplicabilidade. Não deve ser confundido com a comercialização das idéias, com a burocratização do pensamento. Não pode ser prisioneiro da instituciona–lização das demandas do mercado, das fontes de financiamento ou dos prazos, pois, na maior parte das vezes, isto constrange a construção do objeto de pesquisa, que deve ser definido a partir de um amadurecimento das questões.

O tema desdobra–se na área das Ciências Sociais. Por que Ciências Sociais e não Sociologia, uma vez que Renato Ortiz analisa textos dos chamados pais da Sociologia ou clássicos contemporâneos da disciplina? Considerando que as Ciências Sociais vivem dos conceitos e que é necessário lapidá–los, mostra que os instrumentos da lapidação são vários e múltiplos. Disso decorre sua visão de articulação entre as diversas áreas. Trata–se da negação da fragmentação das Ciências Sociais, da afirmação de um diálogo que persiste apesar das estruturas universitárias, das políticas oficiais orientadoras da pesquisa. Em outro ângulo, da centralidade de uma multidisciplinaridade que não se reduz à engenharia social mas que se afirma como crítica.

É essa qualidade crítica que caracteriza as Ciências Sociais. É o que permite a ruptura com o senso comum — a depuração das noções do senso comum transformando–as em abstrações mais complexas, capazes de funcionar como categorias analíticas do pensamento. Esse traço resulta numa tensão. As Ciências Sociais operam a partir de um duplo movimento: tanto visam apreender a realidade como distanciam–se da realidade imediata, construindo uma outra espacialidade que permite o pensamento. É essa operação que permite ir além da aparência, revelar o oculto, ir além das consciências individuais.

Esse campo tenso permeia toda a reflexão sociológica. Por exemplo, as teorias e os conceitos representam de um lado a independência da criação, da formulação do autor; de outro, devem encarnar–se em instituições — universidades, centros de pesquisa — que propiciam possibilidades de debates e conferem legitimidade às mesmas. Ou seja, as Ciências Sociais puderam progredir não apenas por causa das boas idéias, mas também pelo desenvolvimento dos centros de pesquisa, pela criação de bibliotecas, pela edição de revistas acadêmicas, pela realização de congressos e encontros científicos. Mas isso, que representou uma ampliação

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