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Por:   •  12/5/2014  •  461 Palavras (2 Páginas)  •  301 Visualizações

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Garapa (2009)

Resenha por Sérgio Alpendre

Sérgio Alpendre

Da redação 01/07/2011

Nota 1

Garapa

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"Garapa" não é um filme fácil de se ver. Isto porque José Padilha não poupa o espectador da observação, seca e despida de esteticismos, da miséria humana. Aponta sua câmera para três famílias muito pobres que vivem no interior cearense - com passagens pela capital, Fortaleza - tendo que sobreviver com pouca comida e condições de higiene deploráveis.

Com uma fotografia em preto e branco que remete aos documentários mais radicais dos anos 1960 e 70, e falas gritadas, emburradas, desesperadas, mas também esperançosas e bem humoradas em alguns momentos, "Garapa" é um filme bem mais violento que "Tropa de Elite" (1 ou 2, tanto faz). Violento porque a miséria filmada por Padilha agride, porque sua câmera procurar sempre o pior lado, a mais grotesca face do descaso político e social deste país.

É sempre perigoso quando um cineasta veste a roupa de sociólogo para espiar sua culpa burguesa mostrando-nos as condições de vida dos miseráveis. Padilha não está livre desse tipo de crítica. Também porque, paradoxalmente, sabia que teria a adesão de uma outra parte da crítica, justamente aquela para a qual falar de fome e pobreza é obrigação de qualquer cineasta do terceiro mundo. Por esse viés, seu filme finca um pé muito forte no oportunismo, algo muito comum em documentaristas.

Um outro risco é a associação com a oposição política. Tal oposição, em 2009, ano em que o filme foi lançado nos cinemas, era praticamente nula. Talvez exatamente por isso ansiasse por alguma voz vinda da arte, para legitimá-la. "Garapa" serviria perfeitamente a esse propósito, pois mostra, inclusive nos letreiros finais, que o programa de bolsa família não é o suficiente, não chega nem perto disso.

Mas nem essa apropriação básica a oposição ao governo Lula soube fazer. Melhor assim. O documentário de Padilha é forte o suficiente para se sustentar sem a necessidade de servir à política, qualquer que seja o lado envolvido.

Poderia servir, num mundo perfeito, para que o espectador se revoltasse com tanta miséria e resolvesse fazer algo a respeito. Protestar com veemência, cutucar os governos. Este lançamento em DVD, neste momento em que pululam acusações de farra monetária sob o pretexto da Copa do Mundo (e alguém achava que seria diferente?) tem como despertar essa revolta.

Mas quem ainda espera algo de um povo - o brasileiro - que cai no oba-oba com a mesma facilidade de quem bebe um copo inocente de cerveja, e é incapaz de se rebelar contra as maracutaias denunciadas por nossos veículos de comunicação? Podemos acreditar que ainda é possível lutar contra isso, mas está cada vez mais difícil.

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