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Organização Social No Brasil

Artigo: Organização Social No Brasil. Pesquise 859.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  4/6/2014  •  1.642 Palavras (7 Páginas)  •  261 Visualizações

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A abordagem da organização social, através do capital social, permite ressaltar a relevância da temática em sua conexão com a análise dos diversificados indicadores socioeconômicos brasileiros.

Assim, a análise da organização social no Brasil e nos estados brasileiros, medida através das fundações privadas e associações sem fins lucrativos, seguindo uma das mais importantes contribuições de Putnam (1996), em sua relação com os desequilíbrios e desigualdades, revela importantes questões que merecem ser destacadas, indicando futuros desdobramentos.

A primeira delas é a de que há uma grande variedade na distribuição dos indicadores de organização social que precisaria ser explicada através de uma geografia histórica fortemente apoiada na análise econômica, sociocultural e política. Os estados do Sul, especialmente Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estão em melhor situação com relação ao capital social que os do Nordeste e do Norte do país. Os estados do Sudeste ocupam uma posição intermediária.

Já nas comparações decorrentes das relações entre Pessoas por fundações e associações sem fins lucrativos com diversos indicadores (PIB per capita, Índice de Williamson, Mortalidade infantil, Índice de Gini, IDH, Esperança de vida ao nascer e Média de anos de estudo - 20 a 24 anos), observa-se uma expressiva diversidade de situações.

Com efeito, as análises demonstraram que 15 estados apresentam boas relações com pelo menos três variáveis das sete que foram pesquisadas. O destaque é para o estado de Santa Catarina, o 1º em Pessoas por FASFIL e em seis variáveis, PIB per capita, Índice de Gini, IDH, Esperança de vida ao nascer, Mortalidade infantil e Média de anos de estudo, ocupa a 4ª, a 1ª e duas vezes a 2ª e a 3ª posição hierárquica, respectivamente. É um dos estados que apresenta o maior número de altas correlações entre Pessoas por FASFIL e variáveis. Por outro lado, os estados de Sergipe e Pernambuco, que se destacam igualmente com seis altas correlações das sete variáveis escolhidas, apresentam posições muito baixas em todos os indicadores. Isso significa dizer que Santa Catarina integra, em posições elevadas, os indicadores escolhidos, enquanto que Sergipe e Pernambuco integram, em baixas posições, os mesmos indicadores.

Assim, com base neste estudo, não é possível afirmar que há uma relação determinística entre níveis elevados de organização social e melhores indicadores socioeconômicos em todo o Brasil, mas há sinais positivos que apontam para essa direção.

Existe, portanto, um potencial de análises e reflexões que merece ser explorado, tentando aprofundar o conhecimento sobre a relação entre organização social e desenvolvimento econômico-social no Brasil. Isso certamente exigirá um estudo de muito maior fôlego, sendo preciso lembrar que a pesquisa conduzida por Putnam com sua equipe, na Itália, demorou 20 anos para ser concluída.

Um bom exemplo já analisado em nosso país, na escala estadual, é justamente o de Santa Catarina, com os seus Fóruns de Desenvolvimento Regional Integrado (Birkner, 2006). O autor conclui que eles "geraram muitos dos efeitos esperados, embora insuficientes", sendo um "exemplo viável àqueles que, por disposição política ou interesse científico, procuram identificar processos políticos capazes de gerar ambientes de sinergia e construção de capital social" (Birkner, 2006, p.169). A situação de Santa Catarina foi também comparada com a da Bahia por Silva, Silva e Coelho (2008), quando foi possível revelar a pertinência da relação entre capital social e níveis de desenvolvimento estadual. O exemplo do Rio Grande do Sul, outro estado bem colocado nas análises anteriores, foi estudado e avaliado positivamente por Monastério (2001) e por diversos trabalhos de Bandeira (2004), dentre outros.

Na Bahia, duas pesquisas valorizam a escala municipal (Valente) associada à escala microrregional (região do sisal). São os de Nascimento (2003) e Silva e Silva ([2003] 2006). Esses estudos destacam a importância da Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (APAEB), fundada e dirigida por pequenos produtores de sisal.

A expectativa é de que este trabalho sobre todo o Brasil, que complementa os estudos isolados, já realizados nas escalas estaduais, microrregionais e municipais, possa motivar outras análises integradas para o aprofundamento da relação entre organização social e desenvolvimento socioeconômico na escala nacional e em outras escalas e contextos da realidade brasileira. Como diz Putnam (1996, p.194), "criar capital social não será fácil, mas é fundamental para fazer a democracia funcionar".

REFERÊNCIAS

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CORREA,

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