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PANORAMA CRÍTICO DE GLAS E II

Por:   •  11/3/2018  •  Resenha  •  1.140 Palavras (5 Páginas)  •  117 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

VITÓRIA JÚLIA AZEVEDO CAVALCANTE

TOTEM E TABU – SIGMUND FREUD

RESENHA CRÍTICA DOS CAPÍTULOS I E II

NATAL – RN

2018

O início do século XX foi marcado pelo progresso de estudos e publicações de obras fundamentais para o desenvolvimento das mais diversas áreas do conhecimento. Dentre essa vasta herança científica, encontra-se o surgimento da psicanálise, campo clínico e de investigação teórica da psique humana concebido pelo médico neurologista Sigmund Freud, responsável por uma produção acadêmica que ultrapassa seu objeto de estudo principal. Nesse sentido, Totem e Tabu, de 1913, representa um dos clássicos da antropologia social, em que Freud analisa pontos de concordância entre a vida mental dos selvagens e dos neuróticos obsessivos. O livro situa-se organizado em quatro capítulos, cujos próprios títulos demonstram a preocupação referida, e são eles: O Horror ao Incesto; O Tabu e a Ambivalência dos Sentimentos; Animismo, Magia e Onipotência de Pensamentos; O Retorno do Totemismo na Infância.

Freud, ao iniciar seu texto no primeiro ensaio, discorre sobre as semelhanças existentes entre a psicologia das sociedades primitivas, objeto de estudo da antropologia social, e a psicologia dos neuróticos, revelada pela psicanálise. Para tanto, escolhe como ilustração, mormente, as tribos primitivas dos aborígines australianos, em que regia o sistema do totemismo – haja vista a ausência de instituições religiosas e sociais. A relação dos australianos com seus totens caracterizava-se por manter a união e coesão social de grupos e clãs para além do parentesco sanguíneo, sendo a base de todas as suas obrigações sociais. Assim, em quase todos os lugares em que o totemismo é difundido, existe a aplicação da exogamia – proibição de relações sexuais entre membros do mesmo totem –, o que induzia a coibição intensa à prática do incesto e a preservação de toda a comunidade.

O autor ressalta que a necessidade de proibição do incesto está intimamente ligada ao desejo de cometê-lo, de modo a configurar no indivíduo uma ambivalência emocional – demasiadamente presente em neuróticos –, composta por impulsos conflitantes afetuosos e hostis. Dessa forma, a pratica de costumes que regulam as relações dos indivíduos com seus parentes próximos faz-se essencial para impedir o incesto, as denominadas “evitações”, as quais possuem peculiaridades dependendo da tribo analisada.

Em Tabu e ambivalência emocional, Freud considera a relação de tabus para o totemismo, trazendo um sentido de algo inabordável, principalmente expresso em proibições e restrições sem fundamento e de origem desconhecida. Não obstante, os primitivos submetem-se às coibições – sobretudo contra a liberdade de prazer e contra a liberdade de movimento e comunicação – como se fossem coisa natural e estão convencidos de que qualquer violação terá automaticamente a mais severa punição, remontando, por intermédio dos tabus, os primeiros sistemas penais humanos.

No que concerne à afinidade entre as proibições obsessivas dos neuróticos e os tabus é que essas proibições são igualmente destituídas de motivo e são forçosamente mantidas por um medo irresistível. Ademais, restrições sujeitas ao deslocamento e transferência, o fato de criarem atos cerimoniais e o desejo de violar a proibição persistem no inconsciente – já que existe uma atitude ambivalente frente ao proibido (temido e desejado) –, sendo correspondências entre os tabus primitivos e a psicanálise dos neuróticos.

Em uma última análise, o autor pronuncia-se mediante as disparidades entre os dois estudos, as quais se baseiam no fato do tabu enquadrar-se na circunstância de instituição social e a neurose, por sua vez, ser uma estrutura associal. No mais, Freud realiza comparações entre patologias psíquicas e grandes instituições sociais, como um caso de histeria e a caricatura de uma obra de arte, em decorrência da instabilidade emocional; uma neurose obsessiva e a caricatura de uma religião, pela mente que é invadida involuntariamente por imagens, ideias ou palavras; e um delírio paranoico e a caricatura de um sistema filosófico, em virtude do desenvolvimento de um pensamento delirante crônico, lúcido e sistemático, provido de uma lógica interna própria.

Em suma, é notório que a relação entre tabu e neurose obsessiva configurada por Freud nos dois primeiros ensaios de Totem e Tabu auxilia na compreensão da natureza da relação entre as diferentes formas de neurose e instituições culturais e na percepção de como o estudo da psicologia das neuroses é importante para a compreensão do desenvolvimento da civilização.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

VITÓRIA JÚLIA AZEVEDO CAVALCANTE

TOTEM E TABU – SIGMUND FREUD

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