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Primeiro trabalho etnográfico - Umbanda

Por:   •  11/10/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.627 Palavras (7 Páginas)  •  410 Visualizações

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            MAPA SOCIAL - Motivações,pré-conceitos e dados coletados antes do início da pesquisa.

Antes do início da pesquisa foram perguntadas de forma informal a 5 pessoas diferentes conceitos iniciais da Umbanda.

- O que é Umbanda?

1 pessoa respondeu não conhecer a religião,3 pessoas responderam basicamente"é negócio de macumba" e 1 respondeu ser uma religião com influências da África,mas brasileira.

- O que são as giras e qual seria a sua função?

1 pessoa respondeu não conhecer o termo,3 pessoas responderam basicamente "é negócio de macumba" ou mesmo"pra baixar o santo",1 pessoa afirma ser o tipo da sessão da Umbanda.Nenhum dos participantes conseguiu definir claramente sua função.

- O que são Exus?(pergunta pertinente no caso de que a gira que compareci ser a de Exu,além de ser a entidade que mais sofre preconceito pelos não participantes)

Todos as pessoas,em níveis de intensidade diferentes,diziam que se tratava de alguma entidade ligada ao mal.Desde "coisa boa não deve ser" até "é o diabo da Umbanda"

- Qual seria a função do fumo e de bebidas alcoólicas durante as giras?

2 pessoas responderam não ter nenhum conhecimento sobre,e preferiram não opinar,3 pessoas,de formas variadas,atribuem o consumo à necessidades terrenas(vícios) das entidades .

Diante desses resultados,onde claramente a falta de informação,a ignorância e a superficialidade se mostram,pareceu necessário a realização do trabalho.

Além dos fatos colhidos que demonstravam essa desinformação,percebi que eu mesma não sabia responder as perguntas supra citadas,de forma que minhas noções não passavam de frases pré-prontas.

Mas,afinal,o que é a Umbanda? Sua real definição não estava em dicionários,mas nas palavras de seus fiéis.

                                          PRIMEIRO CONTATO

Desde o primeiro contato com os mediadores para que a visita fosse feita,houve uma atenciosidade em relação a minha pessoa.

Quando eu cheguei ao terreiro,fui recebida por uma das médiuns mais antigas que se emocionou com o tema do trabalho.

Ao chegar ao local da sessão,meu lugar já havia sido reservado,na 1°fileira.Todos os participantes foram solícitos e não restringiram nenhum tipo de registro de suas atividades.

Ambiente com clima informal,onde os umbandistas se chamavam entre si de "macumbeiros".Na "casa" deles,esse termo não é visto de forma pejorativa,já que quem os chama não tem essa intenção no momento que o faz.

Ao passar pelos cômodos antecedentes à sala da sessão,todos estavam bem nutridos com incensos,sendo descritos como meios de limpeza.

                                      PREPARAÇÃO DA GIRA

O local onde são realizadas as sessões é organizado dessa forma

O congá,equivalente ao altar,na linguagem católica,varia de terreiro para terreiro,porém é essencial que Oxalá(Jesus Cristo) esteja acima de todos.

Normalmente Iemanjá e Nossa Senhora vem na 2°linha.

Era proibido o uso de qualquer tipo de calçado depois da linha de isolamento*.

Os participantes se vestem de branco,mulheres devem estar aparentemente de saia e homens de calça.

Ao som dos batuques do atabaque,regidos pelos "Ogãs"(pessoas que dominam as técnicas do atabaque na Umbanda).Taças cheias de água,velas acesas* em todas as divisórias do altar,além de flores.Forma-se então, uma fila onde, um a um,os participantes,fazem o imantamento de seus guias*.

Então homens e mulheres se dividem,eles à direita,elas à esquerda.

A mãe(Ialorixá),a seguir,desenha os chamados "pontos riscados",imagens riscadas ao chão,por meio de giz.

Os símbolos são desenhados em um círculo,ao qual(na gira de Exú) é molhado com cachaça,cerveja ou outra bebida destilada.A garrafa ao meio do círculo,o charuto aceso em cima à boca da mesma*,vela vermelha e outra preta em frente.

Logo após,a mãe pede proteção aos orixás e faz uma espécie de "palestra de abertura",muito breve,onde dá boas vindas a todos.Nós devemos nos levantar ao seu comando,enquanto os médiuns se ajoelham como reverência.

Os médiuns e a mãe são defumados*,a seguir, a assistência.A mãe passa por cada médium,tocando um sino sobre suas cabeças,como forma de "chamar" as entidades.

A partir daí,as incorporações começaram a ocorrer,inclusive na assistência.

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Adendos:

1*Uma frase muito utilizada pelos umbandistas é:"Umbanda é pé no chão" e existem três motivos principais que justificam essa prática.1°O solo do terreiro é um espécie de contato com os antepassados.Descalço,é possível absorver,muitas vezes,o conhecimento e a sabedoria que o passado guarda.2°Respeito pelo solo sagrado.Já que o calçado pode acumular sujeiras físicas e espirituais.3°Os atuantes recebem energias,que muitas vezes podem ser fortes ou negativas,sem esses isolantes é possível que elas se dissipem no solo,garantindo a segurança do médium.

2*As velas não só são um ponto de luz,nem somente oferendas,mas também servem como forma de comunicação,já que seu comportamento pode ser medido como resposta.Por exemplo,se ela demorar a acender pode indicar que o astral ao redor se encontra"poluído ou carregado" .

3*Utilizadas como um colar, durante um trabalho espiritual pela entidade incorporada, tem função de servir como ponto de atração (Imã) identificação da vibração principal do trabalho e também como elemento facilitador da sintonia e isolamento mental (contra vibrações negativas ou estranhas ao trabalho), para o médium incorporado.Importantíssimo ressaltar que as guias são de uso pessoal e intransferível(há casos raros,com objetivos específicos).

4*Uso do álcool na gira de Exú - O álcool é um liquido extremamente volátil que transcende facilmente do plano material para o etéreo,facilitando o contato.Usado também como contraste quando a entidade mostra ao consulente,por meio de sua ingestão, algum problema a ser cuidado.Além de propiciar um entorpecimento de suas faculdades,facilitando o trabalho das entidades,proporcionando mais liberdade durante o processo.Seu uso não se relaciona com vícios terrenos das entidades.

Uso  do fumo na gira de Exú- O fumo é vegetal,traz o elemento terra e água em composição e ar e fogo na defumação,conjugando fogo e fumaça para destruição de campos negativos.Quando a entidade bafora sua fumaça em direção aos consulentes,cria condições,tanto no plano físico quanto no espiritual para que o processo ocorra.O sopro em si traz efeitos terapêuticos potencializados com uso de ervas.

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