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Projeto de análise do material cerâmico da região do Alto Araguaia

Por:   •  2/4/2021  •  Projeto de pesquisa  •  5.246 Palavras (21 Páginas)  •  104 Visualizações

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Projeto de análise do material cerâmico da região do Alto Araguaia

Apresentação

A região sudoeste de Goiás se mostra opulenta em relação ao seu potencial arqueológico. A riqueza se mostra latente tanto em relação à profunda historicidade da ocupação humana, quanto na riqueza e diversidade do patrimônio arqueológico que podem nos servir de vetor para a busca de uma compreensão mais embasada sobre tais grupos humanos que ali viveram. Os dados disponíveis apontam para um processo de ocupação indígena que remonta o período final do Pleistoceno inicio do Holoceno, atribuídas à denominada Tradição Itaparica (GONZALES, 1998), desembocando em um período recente da história do Brasil, com relato de vários grupos na região, incluindo principalmente os Karajás (ainda presente na região) e os Kaiapós do Sul (grupo extinto) (SCHMITZ et al, 1982). Dessa forma podemos prever muito trabalho, na busca de uma compreensão mais completa, dentro das possibilidades, dos eventos que se sucederam.

É nesse sentido, relacionado ao potencial arqueológico e informativo da região, é que se embasa a principal justificativa do presente projeto. Considerando o potencial arqueológico dos artefatos cerâmicos, buscamos através destes compreender o período histórico em que tal elemento fazia parte da bagagem cultural dos grupos que ali viveram. Na busca de explanações amplas arroladas no âmbito regional, o projeto pretende trabalhar: os processos relacionados à inserção da cerâmica na região, um elemento novo para grupos preexistentes (questão extremamente complexa, cuja problemática pretendemos contribuir com a presente pesquisa); a variabilidade dos artefatos e sua distribuição no tempo e no espaço, abordados por uma visão contextual de relacionamentos entre os sítios e dos vários outros vestígios arqueológicos presentes na região, relacionado à busca dos processos históricos de relação do homem e seu meio natural e cultura; e a forma que se deram as relações e interações de possíveis grupos distintos existentes na região. Porém pretende-se também lançar olhares focando aspectos mais particulares dos sítios em si, caracterizando mais precisamente determinados hábitos e atividades dos grupos e/ou indivíduos, buscando dessa forma um olhar mais estrito do funcionamento dos sítios em si, como a função dos artefatos, seu contexto de utilização, o indivíduo por trás dos objetos, os elementos simbólicos inseridos nos artefatos e etc. Por mais que reconheçamos que estes últimos são elementos que impõe dificuldades de formas infindáveis, expomos aqui que eles não serão ignorados.  

O projeto tem como alvo de investigação material cerâmico proveniente de duas localidades que, a princípio, podem não parecer relacionadas, mas que no computo final na busca de uma compreensão regional dos grupos ceramistas da região do Alto Araguaia podem se complementar. No geral são sítios compostos predominantemente por artefatos cerâmicos, coletados durante as décadas de 1970 e 80 no âmbito do Programa Arqueológico de Goiás (PAG), nas regiões de Jussara e Caiapônia. No total são 57 sítios arqueológicos com ocorrência de material cerâmico, divididos em 36 sítios na região de Jussara e 21 identificados na região de Caiapônia. No geral, foram classificadas pelo PAG em duas Tradições ceramistas identificadas (Uru e Aratu) e uma não identificada (especialmente as ocorrências em abrigos); subdivididas em diversas fases arqueológicas. Os sítios encontram-se restritos a pequenas regiões e esperamos, com isso, representarem variabilidade funcional, mais completa possível, de um sistema regional de ocupação (sítios habitação, acampamento sazonal, oficina, e etc.).  

É necessário ressaltar, entretanto, o caráter incipiente da presente pesquisa. Expomos a intenção de promover a fundo uma pesquisa com o material cerâmico da região Alto Araguaia, mas por ora, principalmente devido às condições não muito bem organizadas e esclarecidas dos dados existentes, o presente projeto se propõe primeiramente a organizar todo o material e documentação existente de todos os sítios definidos como objeto de estudo para a presente pesquisa e posteriormente selecionar, por meio de critérios bem definidos, algumas poucas dezenas de sítios para um trabalho mais intensivo e detalhado. Serão buscados para a segunda parte citada acima, os sítios que mais se mostrarem aptos a responderem os objetivos propostos. Em relação ao primeiro ponto destacado, sabe-se, por exemplo, que nem todo o material se encontra no Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia – IGPA (quem dará o apoio institucional a presente pesquisa), que abriga parte do material. Há sítios que tem parte do material acondicionado no referido instituto e outra parte em outras instituições; dentre outros problemas.

MAPA COM SÍTIOS

Justificativa

Considerando o potencial arqueológico e as múltiplas possibilidades de estudos que os artefatos cerâmicos proporcionam, pensamos o presente projeto almejando contribuir para a construção da história de ocupação da região do Alto Araguaia. Os estudos realizados anteriormente pelo PAG tinham outros preceitos teórico-metodológicos e, principalmente, buscavam sanar outros questionamentos a respeito dos grupos pré-históricos do estado de Goiás.

Reconhecemos que o Programa Arqueológico de Goiás desenvolveu um projeto ambicioso, que contribuiu para a construção de um conhecimento prévio, amplo e geral da pré-história goiana, alcançando assim, os objetivos almejados na época. O caráter pioneiro da pesquisa científica na região também deve ser destacado, pois o PAG sem sombra de dúvidas abriu caminhos para que muitos projetos de pesquisas (como o presente) pudessem ser desenvolvidos graças aos resultados obtidos pelas suas empreitadas. Porém vemos que o conhecimento científico, bem como todo seu aparato teórico-metodológico é dinâmico e sofre modificações no decorrer do tempo, no âmbito do seu contexto histórico. Hoje, apesar de reconhecermos as contribuições desenvolvidas pelo Programa, as pesquisas buscam novos problemas, que requer novas abordagens e metodologias. Temos o avanço tecnológico de várias ferramentas que proporcionam estudos com maior grau de precisão. Além do avanço no conhecimento de outras ciências que auxiliam a arqueologia no conhecimento dos grupos pretéritos, que justificam as pesquisas atuais.

A área onde se encontram os sítios a serem trabalhados na presente pesquisa pode ser considerada com alto potencial arqueológico, definido pelos responsáveis pelo PAG como “uma fronteira de vários grupos indígenas” (SCHMITZ et al, 1982: p. 15). Dentre as tradições arqueológicas definida pelos autores, temos sítios Aratu, Uru, Tupiguarani e Una.

Dentro da área do subprojeto Alto Araguaia encontram-se os sítios a serem trabalhados na presente pesquisa. São 36 sítios com a sigla GO-JU, distribuídos nos municípios de Britânia, Fazenda Nova, Itapirapuã, Jaupaci, Jussara, Montes Claros e Mossâmedes; e 21 sítios com a sigla GO-CP distribuídos nos municípios de Caiapônia e Palestina de Goiás, todos no Estado de Goiás. As regiões distam aproximadamente XX quilômetros uma da outra.

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