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Racismo No Futebol Brasileiro

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Por:   •  8/10/2014  •  2.376 Palavras (10 Páginas)  •  1.048 Visualizações

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1. INTRODUÇÃO

A história do racismo no Brasil pode ser contada a partir da chegada da frota portuguesa comandada por Pedro Álvares Cabral, pela maneira com que os nativos do território brasileiro, denominados índios, foram relatados na Carta de Pero Vaz de Caminha, de 1 de maio de 1500. Primeiramente, a frase: “Eram pardos todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas.” revela a “não-branquitude” dos índios, diante da branquitude dos portugueses e também a constatação de que a falta de roupas lhes mostravam “vergonhas” advinha da normativa moral de ideologia católica cristã (Botosso, 2012, p. 01).

Nos dias atuais, vivenciamos atitudes estritamente racistas no contexto social. Atitudes que seguem desde os primórdios da história do Brasil, que passaram por vários encarceres devido à discriminação dos negros, que envolve a época da escravidão, e também a absolvição da mesma, em pleno século XXI, muitos negros vivenciam situações constrangedoras devido a tonalidade da cor de pele.

No decorrer da história atitudes discriminatórias com relação ao negro sempre foram muito marcantes, devido aos tratamentos que os mesmos passaram, a forma que foram menosprezados, os mesmos eram escravizados, comercializados como se fossem objetos, muitas das mulheres eram obrigadas a se deitar com os seus “donos”, já que os negros eram considerados propriedades particulares de cada fazendeiro, naquele época.

Ciconello (2008, p.02) relata que o racismo é um dos principais fatores estruturantes das injustiças sociais que acometem a sociedade brasileira e, consequentemente, é a chave para entender as desigualdades sociais que ainda envergonham o país. Metade da população brasileira é negra e a maior parte dela é pobre. As inaceitáveis distâncias que ainda separam negros de brancos, em pleno século XXI, se expressam no microcosmo das relações interpessoais diárias e se refletem nos acessos desiguais a bens e serviços, ao mercado de trabalho, ao ensino superior bem como ao gozo de direitos civis, sociais e econômicos. Há também outras causas das persistentes desigualdades raciais, como o passado de exclusão e invisibilidade da população negra, sua condição de pobreza e, sobretudo, a negação de seus direitos após a abolição da escravidão no Brasil, em 1888.

O racismo surge, portanto, na cena política brasileira, como doutrina científica, quando se avizinha à abolição da escravatura e, consequentemente, à igualdade política e formal entre todos os brasileiros, e mesmo entre estes e os africanos escravizados (Guimarães, 1999, p. 11).

Ultimamente, tem sido comum vermos na mídia esportiva matérias sobre racismo no futebol. Ganham destaque na imprensa nacional principalmente quando algum jogador brasileiro é vítima de racismo no exterior, sobretudo nos principais mercados, campeonatos e clubes europeus.

Temos presenciado no contexto futebolístico não somente nos dias atuais várias atitudes preponderando ao racismo, conforme foi apresentado na mídia “ataques” de torcedores aos jogadores em plenas partidas de futebol.

O racismo predominou por muito tempo, proibindo negros na seleção brasileira e em vários times. O racismo no futebol brasileiro pode ser percebido se tomarmos o exemplo da seleção brasileira de 1919, formada apenas por jogadores brancos, pois o então presidente Epitácio Pessoa proibia a convocação de jogadores negros (Caldas, 1990, p. 102 citado por Rodrigues, 2004, p. 272).

Soares (1999, p. 119) explicita que em quase toda a produção sobre a história do futebol brasileiro encontram-se três momentos narrativos integrados ou amalgamados, que falam da chegada do futebol inglês e elitista ao Brasil, da sua popularização e do papel central do negro nesse processo. O primeiro momento narra a chegada do futebol e enfatiza a segregação dos negros e dos pobres, o segundo relata suas lutas e resistências e o terceiro descreve a democratização, ascensão e afirmação do negro no futebol.

Portanto, o presente trabalho tem por objetivo apresentar a relação do racismo com o futebol no Brasil, contextualizando os primórdios do mesmo e de que forma o mesmo tem influência no futebol brasileiro.

2. DISCRIMINAÇÃO RACIAL NO BRASIL: CONTEXTO HISTÓRICO

Segundo Lobo (2005, p. 01), muito se discute a respeito da existência de discriminação racial no Brasil. Os que admitem a sua existência, afirmam que nos deparamos com várias atitudes racistas, diariamente. Já os que não admitem a existência de discriminação racial no Brasil, fundamentam seu pensamento na ideia de que aqui é um país de mestiços e que a verdadeira discriminação refere-se à classe social, e não à cor da pele.

O contexto histórico da fundação, do descobrimento do Brasil, nos mostrou como os negros sofreram no passado com a escravidão e o preconceito. Separados dos brancos, os negros não eram respeitados e a discriminação não era algo raro.

Os seres humanos negros foram massacrados devido a somente a tonalidade da cor da pele, eles foram restritos até mesmo de uma alimentação adequada, eram condenados a morte por apresentarem certas enfermidades, eram tratados inferior comparados aos animais.

Nas sociedades modernas, os atos explícitos de discriminação racial e étnica são publicamente condenados e proibidos por lei. Portanto, poder-se-ia supor que o preconceito racial estaria acabando? Não. Na verdade, o que parece estar ocorrendo é uma mudança nas formas de expressão e no conteúdo do preconceito (Camino, et. al, 2001, p. 15).

Infelizmente, ainda existem pessoas que não tem tal compreensão e agem de forma que denigre e discrimina outros baseando-se somente na raça. Construiu-se durante todos os anos em que a última nação do mundo a acabar com a escravatura continuou na prática o que o tinha abolido no papel.

Ciconello (2008, p.13) cita que a discriminação racial no Brasil é responsável por parte significativa das desigualdades entre negros e brancos mas, também, das desigualdades sociais em geral. Essas desigualdades são resultado não somente da discriminação ocorrida no passado, mas, também, de um processo ativo de preconceitos e estereótipos raciais que legitimam, quotidianamente, procedimentos discriminatórios. A persistência dos altos índices de desigualdades raciais compromete a evolução democrática do país e a construção de uma sociedade mais justa e coesa.

Vale enfatizar, que o preconceito racial no Brasil faz parte da sua história, do seu passado escravista a uma abolição que pouco modificou a situação dos negros da época, que se reflete até hoje na permanência dos negros nas funções subalternas. A abolição

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