Resenha Do Livro A Sangue Frio

O livro “A sangue frio” conta a história de um assassinato bárbaro de uma família de quatro pessoas, na pacata cidade de Holcomb, no interior de Kansas. A família assassinada tinha um poder aquisitivo notório, era bem famosa na região onde morava, e não tinha ninguém como inimigo na cidade. Após isso, o município do interior ganhou notoriedade, pois se tratava de algo que não acontecia todo dia.

O autor do livro, Truman Capote, decidiu então, após ler o jornal no outro dia, ir até o local e fazer uma reportagem mais aprofundada, que seria publicada seis anos mais tarde, em quatro partes no jornal The New Yorker. Do mesmo modo que ocorreu com o livro Hiroshima, de John Hersey, a grande reportagem virou um livro.

Os bandidos se conheceram ainda na cadeia, e planejaram o assassinato da família Clutter, por ver que eles tinham muito dinheiro., pois o pai da família guardava cheques no escritório, que ficava no térreo, no meio do nada. Querendo obter dinheiro de maneira fácil e rápida, os bandidos planejaram matar a família inteira e segundo eles, ninguém nunca iria descobrir que foram eles quem matou.

Capote traz no livro os mais ricos detalhes, desde o personagem mais sem importância da história, que não tinha muito contato com a família, até personagens que desencadeiam o conto do livro, como policiais, juízes e até mesmo os assassinos, reconstruindo a história deles.

A grande reportagem também é interessante, pois mostra a importância de ter fontes em uma matéria, tendo em vista que, se não fosse Capote ter conseguido criar laços de confiança com os assassinos, esta bela obra nunca teria saído. O autor permaneceu durante um ano investigando a história.

O livro mostra os relatos e testes de personalidades realizados traçados em cima do perfil dos assassinos, que foram feitos por psiquiatras. E mostra também o longo processo de acusação que envolveu os bandidos, que lutaram até o fim para não terem uma pena de morte. Mas tudo em vão, já que ambos foram julgados, condenados e morreram na forca em 1965.

Mais um ponto positivo para o jornalismo, foi a humanização com que Truman Capote tratou no livro, já que ele mostrou vários personagens, e isso é importante, já que a humanização de uma reportagem é imprescindível no jornalismo. Em certos momentos parecia que o leitor estava dentro da história, e não como uma simples pessoa que está lendo sobre um assassinato.

Outro ponto importante para o jornalismo foi a humanização com que Capote tratou no livro, procurando sempre mostrar o lado mais humano de todos, principalmente dos bandidos, momento em que acabou se perdendo, tendo em vista o envolvimento que Trumam teve com os assassinos, principalmente com Perry Smith, com que muitos afirmam inclusive, que tiveram um relacionamento homossexual. Portanto, ficou a impressão de que quando Capote falava deles, parecia que queria de certa forma os defender, já que criou um laço afetivo com ambos. E este é um dos principais problemas no jornalismo, afinal, temos que humanizar a matéria, e não se envolver com personagens ou história. Ironicamente, de certa forma, Trumam Capote não teve “Sangue Frio” para se desvencilhar do personagem e da história que contava.