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Resenha e Análise da Peça "A Casa de Bonecas" de Henrik Ibsen.

Por:   •  6/8/2016  •  Resenha  •  1.636 Palavras (7 Páginas)  •  2.410 Visualizações

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Resenha realizada pela aluna: Mayara K. Lima Neves, acadêmica do curso de Tecnologia em Produção Cênica, Pela Universidade Federal do Paraná.

Casa de bonecas

IBSEN, Henrik. Casa de Bonecas. Tradução: Cecil Thiré. Projeto Ler é Preciso. Rua Paes Leme, 524, 10º andar - São Paulo - SP. Editora Nova Cultura Ltda, 2003. 190p.

     O inicio da peça nos deixa a par da situação matrimonial de Nora, exemplar dona de casa, e Torvald Helmer, bancário que colocava a honestidade acima de tudo. Com três filhos, os dois encontram-se na época do Natal e esperam ansiosamente pela promoção recebida pelo marido em seu cargo bancário, o que mudaria a precária situação financeira da família.

     Nos primeiros diálogos encenados já fica clara a relação de submissão que existe entre Nora e Torvald, o marido a trata como criança, solta frases como “só podia ser mulher”, “cabecinha de vento”, “minha gulosa” e varias outras. Tal tratamento fica claro quando Helmer a censura por comer doces:

(p.12) Helmer: Nem ao menos mordiscou um ou dois bolinhos de amêndoas?

Nora: Não, Torvald, não mesmo; garanto-lhe.

Helmer: Bem, bem, naturalmente eu estava brincando.

Nora: (acercando-se da mesa à direita) Eu seria incapaz de fazer qualquer coisa que lhe desagradasse.

Helmer: Eu sei; depois, você me deu sua palavra... (Aproxima-se de Nora) Vamos, guarde seus segredos de Natal só para você, minha querida Nora; logo eles nos serão revelados, quando as velas na árvore forem acesas.

A peça se passa sec. XIX. O que explica o machismo que impera na visão social do casamento e         na imagem que uma esposa deve passar a sociedade.

     Em seguida com o desenrolar da trama Dr. Rank melhor amigo do casal e Kristina Linde antiga amiga de Nora se encaixam na história, Linde anunciada pela empregada Helena, chega de viagem repentinamente, a procura de um emprego, é viúva há três anos, tem diálogos com Nora que demonstram ainda mais a visão social da época. Em certo ponto da conversa, quando ambas estão contando suas situações atuais de vida, Linde elogia a senhora Helmer por se empenhar tanto em ajudar o marido mesmo sem conhecer as “misérias e as contrariedades da vida”, minimizando seus esforços para contribuir em casa e a definindo com uma “criança”, o que a aborrece. O desejo de provar o contrário faz com que Nora conte à forma que encontrou de ajudar o marido quando o mesmo estava enfermo. Como tratamento seria passar uma temporada em um país mais quente, e a viagem seria cara, a família não teria condições financeiras de arcar com as despesas, Nora então para salvar o marido fingiu ter conseguido o dinheiro com pai, falsificando assim a assinatura do mesmo, tomando na verdade um empréstimo e economizando e esforçando-se (inclusive fazendo trabalhos para fora) para pagar o débito. Este seria então seu grande segredo, o qual a trama gira ao redor, pois na época uma mulher não poderia fazer empréstimos sem um fiador homem, sem contar a “desonra” do marido por depender de sua esposa, sendo Torvald ainda contra empréstimos por gerarem dividas.

     O homem de quem emprestara era Krogstad, este guardava uma antiga história de amor com Kristina Linde, sendo advogado de péssima imagem diante da sociedade por desonestidade, trabalhava no mesmo banco que Torvald, este com a promoção ocuparia um cargo acima de Krogstad e planejaria demiti-lo por sua imagem, para colocar Linde no lugar. Ao perceber isso o advogado começa a chantagear Nora, ameaçando contar sobre o empréstimo e denunciar a falsa assinatura se perdesse seu emprego.

     Desesperada pela possibilidade de seu marido descobrir sobre o empréstimo e pensando em suicidar-se como saída, até do sacrifício que ele teria que fazer assumindo tais erros. Nora fala o acontecido a Linde, que lhe oferece ajuda, contando sobre seu antigo relacionamento com o advogado, porem quando esta vai até Krogstad para conversar, a carta de demissão já havia sido entregue, sendo rebatida com a verdade sobre o segredo que guardava a Senhora Helmer, entretanto pela repentina Reconciliação com Kristina, Krogstad desiste da denuncia e manda uma segunda carta, arrependido de sua chantagem.

     Ao voltarem de uma festa, após Nora esgotar suas tentativas de adiar o momento, Torvald vai ler as cartas, fazendo com que sua esposa se prepare para o suicídio. Em seguida ele sai de seu escritório aos gritos, em reação ao “escândalo” impedindo Nora de sair de casa para cumprir o que planejará, insultando-a em seguida a reprimindo pelo ato, dizendo ser “desculpa esfarrapada” ser o feito por amor, que ela teria “destruído sua felicidade e aniquilado seu futuro”, fazendo com que Nora percebesse quem ele realmente era. No decorrer do acontecido, chega a segunda carta de Korgstad, na qual ele se demonstra arrependido. Ao ler, Torvald repete que está salvo e em seguida a “perdoa”. Em seus diálogos fica claro o que pensa da falta de capacidade de sua mulher, se colocando acima de tudo, até como dono de suas vontades, deixando visível seu machismo e sua falta de amor:

(p.93) HELMER: Você me amou como uma mulher deve amar o marido. Somente os meios você não conseguiu julgar direito. Mas pensa que o fato de você não saber agir por conta própria me faz querê-Ia menos? Não, não, confie em mim: eu a orientarei, serei seu guia. Deixaria de ser homem se essa sua falta de capacidade feminina não a tomasse duplamente sedutora aos meus olhos. Esqueça as palavras rudes que pronunciei nos primeiros momentos de temor, quando acreditei que tudo ia desmoronar sobre mim. Eu a perdoei, Nora; juro que a perdoei.

(p.94) HELMER(...)tente se acalmar, refazer-se dessa inquietação, minha avezinha amedrontada. Descanse tranqüila, tenho amplas asas para protegê-la. (Andando de um lado para o outro, sem se afastar da porta) -Ah, como o nosso lar é tranqüilo e encantador, Nora! Aqui você está segura! Eu a guardarei como a uma pomba que foi acolhida depois de ser retirada sã e salva das garras do abutre. Saberei aquietar o seu pobre coração palpitante. Conseguirei isso pouco a pouco, acredite, Nora. Amanhã você verá as coisas sob outro aspecto. Tudo voltará a ser como antes. Não precisarei dizer-lhe continuamente que a perdoei. Você sentirá isso em seu coração. Como pode supor que seria capaz de rejeitá-la, ou mesmo de a censurar? Ah, você não sabe o que é um verdadeiro coração de homem, Nora. Para o homem é algo indescritivelmente doce e prazeroso saber que no íntimo perdoou a mulher - perdoou-a completamente, de todo o coração. É como se ele tivesse criado o seu duplo; como se a tivesse dado à luz. Em certo sentido ela se torna igualmente mulher e filha. Assim a considerarei no futuro, pobre criaturinha assustada e desamparada. Não se inquiete, Nora; seja apenas franca comigo e eu serei a sua vontade e a sua consciência(...).

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