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Resumo Raymond Aron

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Por:   •  21/1/2014  •  7.006 Palavras (29 Páginas)  •  640 Visualizações

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Sistema Internacional é o conjunto constituido pelas unidades políticas que mantém relações regulares entre si e que são suscetíveis de entrar numa guerra geral. São membros integrais de um sistema internacional as unidades políticas que os governantes dos principais Estados levam em conta nos seus cálculos de forças. Hesito em empregar o termo sistema para designar um conjunto cuja coerência interna é propiciada pela competição, que se organiza em função do conflito e cuja existência se torna mais visível quando é dilacerado pelo recurso às armas. Um sistema político caracteriza-se por uma organização dada, a relação recíproca dos partidos, a cooperação dos elenlentos que o compõe, as regras impostas pelo governo. Mas, até que ponto se pode falar desses fatores no caso de um sistema internacional? Um sistema de partidos pode mais facilmente ser chamado de sistema (atores coletivos em competição e do mesmo modo que o SI esses atores são limitados).

Os atores principais nunca se sentem submetidos ao sistema do mesmo modo que uma empresa é submetida às leis do mercado. A estrutura dos sistemas internacionais é sempre ologopolística. Os atores determinam mais como deve ser o sistema do que são por ele determinados.

1. Configuração da relação de forças

Característica primordial de um sistema internacional é a configuração da relação de força. Antes de 1945 nenhum SI tinha chegado a abranger todo o mundo, os países não conseguiam uma comunicação efetiva, devido a distância física e a distância moral entre as culturas. Para Aron a definição da participação em um sistema se dá pela representação política e militar: quando o relacionamento entre países perde o caráter esporádico, começam a fazer parte de um sistema tanto de parentesco como de rivalidade, constituindo um quadro de relação de forças (não tendo tanta importância em aspectos cultuarais). O SI se amplia a medida que as unidades crescem e consolidam seu papel político (o papel político pode ser expresso pela expansão diplomática, essa expansão pode se dar pela geografia, ainda que a geografia também não impessa relações entre países). O espaço só tem significado diplomático em função da localização dos “grandes” e dos “pequenos”, dos instáveis ou estáveis Estados.

Relação de força multipolar: rivalidade diplomática se desenvolve entre um certo número de unidades políticas que pertencem a mesma classe, diversas combinações de equilíbrio são possíveis, há reversões de alianças.

Relação de força bipolar: duas unidades políticas principais ultrapassam todas as outras de forma que o equilíbrio só é possível com duas coalizões e os demais Estados se aliam a elas.

Qualquer que seja essa relação de força, as unidades políticas formam uma hierarquia, determinada pela força que cada uma delas consegue mobilizar. São os grandes ( almejam intervir em todos os assuntos, mesmo os que não lhe dizem respeito; modelas uma conjuntura) e os pequenos (almejam intervir; fazer parte de uma conjuntura).

A distribuição de força, no campo diplomático, serve para agrupar. Estados com a mesma distribuição de força tendem a ser hostis mesmo que não haja motivo pra isso (alianças e hostilidades são determinadas por relação de força, as vezes por pontos em comum e pela combinação dos dois fatores).

2. Sistemas homogêneos e heterogêneos

O comportamento dos Estados não é moldado exclusivamente pela relação de forças, as ideias e sentimentos influem as decisões dos atores. Deve ser levada em conta a natureza e objetivo dos Estados e daqueles que o comandam.

Sistemas homogêneos são aqueles que reunem Estados do mesmo tipo, dentro de uma mesma concepção da política, demonstram maior estabilidade, favorece a limitação de violência, são previsíveis. Sistemas heterogêneos são os que congregam Estados com princípios diferentes, postulando valores contraditórios ( após 1945, sistema multipolar e heterogeneo).

O caráter heterogêneo do princípio de legitimidade, que rodeava a Europa em 1914, diz respeito ás perguntas: como devem ser designados os governantes? (Alguns países os elegiam, outros seguiam o princípio de hereditariedade), mas também a que Estado devem pertencer as populações? (Aos Estados que nascem aos Estados que possuem a mesma língua, aos Estados que possuem a mesma religião). Entretanto, havia o parentesco cultural dos membros da comunidade europeia que não deixava crescer a vontade de destruir o regime alheio. Em tempos de paz, os assuntos internos dos Estados não interessava isso muda quando chegavam as guerras. Semi-homogêneo em 1914, o sistema europeu havia se tornado heterogêneo em 1917, por causa da guerra e da necessidade de justificar sua decisão de ir com a guerra até o fim.

Na Grécia também, às vésperas da Guerra do Peloponeso, as Atenas e Esparta eram relativamente homogêneas (inimigas dos persas, mesmos deuses e festas, instituições econômicas e políticas eram variações uma da outra), mas quando na Guerra eles frisaram absurdamente o fato de que Atenas era democrática e a outra oligárquica e polarizaram-se, para poder conquistar aliados no campo oposto. Só se percebe o que os separa.

Em termos abstratos são três situações típicas: 1) as unidades políticas pertencentes a uma mesma região cultural mantinham relações regulares com as outras unidades políticas, reconhecidas como diferentes. Exemplo: O Islã separava os reinos cristãos do império otomano sem que isto prejudicasse a aliança do Comandante dos Fiéis com o rei da França. 2) Mesmo diferentes um se sobrepõe utilizando-se de diferenças entre terceiros. Exemplo: Os conquistadores espanhóis se sobrepuseram mesmo em pouco número, devido ás inimizades entre as tribos. 3) não desprezar a "cultura" específica dos outros, agindo com cuidado e moderação ao estabelecer uma hierarquia de valores culturais. Exemplo: relacionamento entre europeus e os negros africanos.

*Para ajudar: sistemas homogêneos, nos quais prevalece o mútuo reconhecimento dos atores, e os heterogêneos (como o da guerra fria), nos quais isso não ocorre*

Em relação á crueldade, é difícil comparar as guerras de unidades homogêneas e heterogêneas. Os beligerantes não precisam ser estranhos para se tratar com ferocidade; basta para isto a heterogeneidade política. A lula entre unidades de mesma civilização é às vezes ainda mais furiosa, porque pode ter características de guerra civil (quando facções de dentro de um país apoiam o outro, vice versa) e religiosa (quando os indivíduos associam-se a uma forma determinada de Estado, reivindicando a livre escolha dos seus deuses ou da sua Igreja,

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