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Por:   •  26/8/2013  •  4.298 Palavras (18 Páginas)  •  257 Visualizações

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redundou que as novas instituições, por mais racionais que fossem em comparação com as antigas, distavam bastante da razão absoluta. O Estado da razão falira completamente. O contrato social de Rousseau tomara corpo na época do terror, e a burguesia, perdida a fé em sua própria habilidade política, refugiou-se, primeiro na corrupção do Diretório e, por último, sob a égide do despotismo napoleônico” (Marx&Engels, 1977, p. 29/30). 11 Ilustrando as diferentes contribuições, sabemos que em 1802, publicam-se as Cartas de Genebra de Saint-Simon; após seis anos, em 1808, Fourier torna pública sua primeira obra, porém, a sua teoria data de 1799; no ano de 1800, Robert Owen assumiu a direção da empresa de New Lanark.

12 os meios para superar esses conflitos. A insipiência teórica não faz mais do que refletir o estado inicial da produção capitalista, como também do estágio das contradições entre as classes. “Pretendia-se tirar da cabeça a solução dos problemas sociais latentes ainda nas condições econômicas pouco desenvolvidas da época. A sociedade não encerrava senão males, que a razão pensante era chamada a remediar” (MARX&ENGELS, 1977b:31). Esta visão ainda limitada das condições da produção e reprodução do sistema não consegue evoluir para uma sistematização mais profunda sobre a economia capitalista, distante, portanto, da formulação de uma teoria do valor que ultrapassasse o universo burguês. O mesmo raciocínio vale para os socialistas ricardianos, como abordaremos no próximo item. No máximo, esses pensadores formularam, no plano das idéias, um

sistema novo e mais perfeito de ordem social, para implantá-lo na sociedade vindo de fora, por meio de propaganda e, sendo possível, com o exemplo, mediante experiências que servissem de modelo. Esses novos sistemas sociais nasciam condenados a mover-se no reino da utopia; quanto mais detalhados e minuciosos fossem, mais tinham que degenerar em puras fantasias” (MARX&ENGELS, 1977:31).

Logo, como podemos atestar em alguns textos clássicos sobre o tema, o pensamento socialista utópico pautou, durante o século XIX, o pensamento socialista europeu. 12 Nele o socialismo aparece como sendo a verdade absoluta, a razão e a justiça; basta tomar consciência destes princípios e conquistar o mundo. Para tal, não era necessário delimitar as condições em que tal fenômeno ocorreria, bastava sua revelação. Ir além desta utopia se traduziria em colocar o socialimo no terreno da realidade e foi esta a tarefa maior do período seguinte: o socialismo científico. Socialistas Ricardianos Após a morte de Ricardo na Inglaterra, houve uma reação ao seu pensamento. Os representantes da teoria econômica oficial temiam as conseqüencias que podiam ser tiradas da teoria do valor trabalho. Segundo Maurice Dobb, em sua obra Teorias do Valor e Distribuição desde Adam Smith,

o avolumar de críticas a Ricardo, nos anos que se seguiram à sua morte, foi motivado principalmente pelas suas teorias do valor e do lucro; em segundo lugar, pela sua teoria da renda, pelo menos tanto quanto esta era apresentada de modo a considerar os interesses do proprietário da terra opostos ao interesse social. O professor R. L. Meek explicou a veemência e rápido êxito destas críticas pelo fato “de a maioria dos economistas estarem muitíssimo conscientes da perigosa utilização que alguns escritores radicais estavam a dar aos conceitos de Ricardo”; entre estes escritores incluía-se Thomas Hodgskin, em especial, e mais tarde outros “socialistas ricardianos (DOBB, 1977:128).

12 “As concepções dos utopistas dominaram durante muito tempo as idéias socialistas do séc. XIX. Rendiam-lhe homenagens (...), todos os socialistas franceses e ingleses e a eles se deve o incipiente comunismo alemão, incluindo Weitling. (ENGELS, 197: 37).

13 De fato, a ciência econômica burguesa conhece o seu dobre de finados com a explicitação desta recusa da teoria do valor trabalho. Mais uma vez, segundo Dobb, o Professor Meek observa que “Marx viu o ano de 1830 como assinalando o fim da economia ‘ricardiana’ - e, de fato, não só da economia ‘ricardiana’ mas também da economia ‘clássica’ e até da economia ‘científica’. A partir daí, os cientistas foram obrigados a ceder passo aos profissionais” (DOBB, 1977:126). Segundo Eric Roll, os socialistas ricardianos, esses militantes a favor dos trabalhadores, que no início do século XIX já procuravam denunciar a luta do trabalho contra o capital, poderiam ser descritos e analisados como seguidores dos ensinamentos da escola ricardiana. Orientavam as suas conclusões para sua ação revolucionária e gerar influência no meio sindical da época. A fidelidade da teoria econômica com a realidade industrial determinou suas conclusões socialistas. Era impossível não tirar do edifício ricardiano tais conclusões. E os socialistas ricardianos agiram nesta direção; podemos afirmar que sua ação é, desde o primeiro momento, a negação da fatalidade do trabalho sob o capital. E, como já assinalamos, os traços mais marcantes de sua perspectiva partem da teoria ricardiana do valor trabalho. Comungaram o princípio de que a quantidade de trabalho incorporado a uma mercadoria traduz a essência e a medida do valor de troca. Aceitaram também as diferenças existentes entre trabalho produtivo e improdutivo e todos eles aproximaram-se da noção de mais-valia. Para a melhor compreensão dos socialistas ricardianos, junto com as características apontadas acima, é preciso, também, lembrar a sua interpretação revolucionária da teoria utilitarista: abraçaram o princípio utilitarista da maior felicidade para o maior número. Era a maior socialização da felicidade. Ao lado deste postulado vinha a crítica às instituições existentes, como resultado do radicalismo filosófico. A sociedade não era ideal e precisava ser julgada pelos princípios utilitaristas.O utilitarismo abriu caminho para as primeiras críticas destes socialistas. Há especificidades dignas de menção entre os diferentes escritores identificados como socialistas ricardianos. Podemos afirmar, numa primeira aproximação, que William Thompson (1783-1833), juntamente com John Gray (1799-1850), estão muito próximo aos utilitaristas. Já John Francis Bray (1809-1895) e o próprio John Gray, com o desenvolvimento dos seus ideários, apresentaram idéias semelhantes às de Proudhon13.

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Cabendo a ressalva de que os primeiros eram utópicos e combativos e este último, impregnado das ilusões pequeno-burguesas sobre o capitalismo, portanto aos olhos da análise marxiana, um romântico conservador.

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