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A Cobertura das Paralimpíadas no Rio 2016

Por:   •  2/5/2018  •  Artigo  •  3.348 Palavras (14 Páginas)  •  263 Visualizações

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A COBERTURA DAS PARALIMPÍADAS NO RIO 2016*

Marcella Borba da Silva**

Resumo: O presente trabalho tem o intuito de analisar algumas reflexões sobre os conceitos da Análise do Discurso, que tem Eni P. Orlandi como sua maior representante. O livro Análise do Discurso: Princípios e Procedimentos, traz fatos e exemplos, que cabem no assunto escolhido para o artigo: as Paralimpíadas no Rio 2016 e sua cobertura midiática. No primeiro capítulo iremos introduzir a Análise do Discurso nas Paralimpíadas, para mostrar não só a visão discursiva, mas também outras opiniões sobre como o esporte paralímpico é visto na sociedade e como ele é tratado perante a mídia. Já no segundo capítulo iremos analisar especificamente a cobertura midiática feita nos Jogos Paralímpicos no Rio 2016, e comparar com fatos e trechos de reportagens, como as Olimpíadas tiveram mais importância e mais alarde, em relação às Paralimpíadas. Dessa forma, com a ajuda da análise discursiva, conseguiremos dissertar sobre o assunto. É discutido no artigo de uma maneira geral, a marcante presença do preconceito com pessoas que possuem alguma deficiência; como a sociedade lida com essas deficiências e como a mídia explora isso; e as visões do modo de ser e agir vistos pela Análise do Discurso.

Palavras-chave: Paralimpíada. Mídia. Análise do Discurso.

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*Artigo apresentado como trabalho de conclusão da Unidade de Aprendizagem Discursos e Comunicação, da Universidade do Sul de Santa Catarina. Orientador: Professora. Helena Iracy Cerquiz Santos Neto, Doutora. Universidade do Sul de Santa Catarina, dezembro de 2016.

**Acadêmico (a) do Terceiro Ciclo do curso de Jornalismo da Universidade do Sul de Santa Catarina. marcella_borba@hotmail.com

1 INTRODUÇÃO

O esporte paralímpico encontra-se em processo de afirmação social e econômica e conta com a mídia para ser a principal ferramenta de divulgação de seus ideais e produtos. A mídia esportiva é um fator relevante na prática e expectativa de construção de uma carreira de qualquer atleta, visto que influencia suas possibilidades de reconhecimento social e ganhos financeiros. A comparação entre o universo olímpico e paralímpico é tema velado tanto no campo jornalístico quanto no acadêmico. Afinal, o movimento paralímpico consiste em um produto derivado do olímpico. A divulgação do esporte olímpico é ampla e constante, ganhando mais voz que o paralímpico. Em geral, apenas canais fechados transmitem, e estes o transmite com menor abrangência e quantidade de jogos.

Quando Daniel Dias, nadador paralímpico, ganhou seis medalhas de ouro, não se viu na TV aberta ele nadando nenhuma vez. Já na época das Olimpíadas, as emissoras interromperam a programação normal para transmitir uma prova do César Cielo, também nadador. Além disso, Figueiredo e Novais (2010) apontam que as notícias olímpicas são mais carregadas de dramatização e detalhes a respeito dos desempenhos dos atletas e dos bastidores das disputas. Enquanto que as paralímpicas apenas resumem-se à divulgação de resultados. Isso se coloca como um problema, pois o mercado esportivo requer uma contribuição por parte da mídia para a cobertura e notícias que extrapolem o momento das competições, possibilitando maior vínculo entre consumidores e atletas (COAKLEY, 2008).

A mídia tem o poder de influenciar a forma como as pessoas se posicionam frente ao espaço social. Todavia, é muito pequeno o espaço que a mídia dá para as Paralimpíadas, consequentemente, deixando-a à margem do espaço social. Por exemplo, nos Jogos Paralímpicos de 2016, a visibilidade dada foi muito inferior àquela propiciada aos Jogos Olímpicos. Geralmente a imprensa não cobre o jogo, partindo da ideia de que possivelmente não haverá retorno, e que não haverá espectadores suficientes. Como se o público não se interessasse e não assistisse, porque a imprensa não divulga.

A imprensa não dá incentivos durante o ciclo paralímpico. A Rede Globo e as principais emissoras da televisão aberta, por exemplo, não exibiram a abertura das Paralimpíadas no Rio 2016. Já as Olímpiadas, sim. Contudo, a situação não agradou a todos, como comentou Clarissa Meyer no blog Papo de Mãe (2016): “Mas querem saber? No fim das contas, este é o retrato mais fiel de como o nosso país trata os nossos deficientes. Sim, eles estão em último plano, à margem da sociedade, como se fossem menos importantes, menos cidadãos”.

O posicionamento predominante de insatisfação com a divulgação do esporte paralímpico aponta para uma situação de desejo de maior reconhecimento como esportista e como sujeitos com potencial para atuação social de destaque. Dois caminhos justificam a preocupação por maior destaque midiático:

a) o reconhecimento das pessoas com deficiência (PCD) como membros produtivos da sociedade;

b) a busca por melhores condições de treinamento e competição, pautada no reconhecimento desses sujeitos como atletas de alto rendimento e consequente aumento das possibilidades de ganhos sociais e financeiros.

O objetivo deste trabalho é apresentar e demonstrar que a cobertura das Paralimpíadas no Rio 2016 foi menor em comparação as Olimpíadas. O foco será a cobertura midiática referente às Paralímpiadas do Rio 2016, de modo a propor reflexões e exemplificar sobre como essa cobertura foi feita e quem a fez. A Análise do Discurso fará referências e pontuará questões importantes. A condição de produção da qual o trabalho parte, é o fator da divulgação das Paralímpiadas ser pequeno em relação às Olimpíadas, obtendo menos atenção e audiência.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A INCORPORAÇÃO DA ANÁLISE DO DISCURSO NAS PARALIMPÍADAS

A literatura sugere uma lógica comercial que determina os conteúdos privilegiados no campo midiático, inclusive sobre o esporte paralímpico (GILBERT; SCHANTZ; SCHANTZ, 2001). Eles seriam escolhidos e elaborados com base na sua capacidade de gerar audiência (COAKLEY, 2008), por razões financeiras, interesse do público ou patrocinadores e “noticiabilidade” (BRITTAIN, 2004).

Trinta (2002) aponta que a mídia, e principalmente a televisão, divulga o que lhe é interessante, seja do ponto de vista político ou econômico. Uma das razões que o esporte paralímpico é considerado um risco para a mídia seria a dificuldade do grande público em relacioná-lo com o alto rendimento, devido a uma relação muito forte com a perspectiva da reabilitação e inclusão (PURDUE; HOWE, 2012).

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