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A LINGUAGEM RADIOFÔNICA

Por:   •  31/8/2018  •  Monografia  •  2.243 Palavras (9 Páginas)  •  521 Visualizações

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Como já foi visto, a linguagem radiofônica é composta por vários elementos que não caracterizam o rádio apenas como um meio de comunicação exclusivamente verbal. Portanto, sua estrutura informativa apresenta-se com dois objetivos distintos: criação de um mundo através de ‘imagens mentais’ e a recriação do mundo real. Mas para que esses objetivos sejam atingidos é necessário que o repertório de elementos seja conhecido pelo emissor e receptor, isto é, quanto mais comuns foram as estratégias de produção de significado, de codificação e de deciframento, mais eficaz será a relação emissor-receptor (BALSEBRE, 327)

A função comunicativa da linguagem, não só no rádio, mas como nos outros meios de comunicação de massa, apresenta-se com três aspectos básicos. O primeiro diz respeito ao código como meio de produção de enunciados significantes, ou seja, destacam-se aqui todos os elementos sonoros formadores da mensagem, que se apresenta como o segundo aspecto com suas variações sobre a base do código. O terceiro aspecto diz respeito ao uso social e cultural da informação. Diante disso, a informação se processa a partir da interpretação entre emissor e receptor.

Balsebre (2005), em sua teoria expressiva do rádio, destaca a mensagem radiofônica como o resultado de uma sucessão ordenada, contínua e significativa de ruídos que são classificados segundo repertórios/códigos da linguagem radiofônica. Outra questão que merece destaque é a evolução tecnológica que possibilita recursos expressivos e influencia na codificação das mensagens, isto é, criam-se ambientes artificiais e proporcionam ao ouvinte a ilusão de uma determinada realidade sonora.

Com o desenvolvimento tecnológico da reprodução sonora; a profissionalização dos roteiristas, montadores, realizadores e locutores; a adaptação ao novo contexto perceptivo imaginativo, que determinava uma maneira distinta de escutar o som, e, também, com o pleno convencimento que a mensagem sonora do rádio poderia transformar e tergiversar a expressão da natureza, principalmente através da ficção dramática, criando novas paisagens sonoras, nasceram rapidamente novos códigos, novos repertórios de possibilidades para produzir enunciados significantes (BALSEBRE, 2005, p. 328).

Portanto, o sistema semiótico radiofônico é composto pela linguagem e seus elementos formadores (palavra, música, efeitos sonoros, silêncio), a tecnologia que através de recursos técnicos reproduzem as ambientes criados a partir da necessidade de cada tipo de transmissão e o ouvinte que tem a percepção final da mensagem (BALSEBRE, 2005).

A informação estética na linguagem radiofônica é gerada a partir de uma sentimentalidade (interpretação do texto e cuidado nos efeitos sonoros) no processo comunicativo que guarda expressiva conexão com o simbólico e o conotativo.

Alguns programas demonstram o poder mágico de sedução do rádio. São programas que utilizam a mensagem radiofônica de forma integral, codificando a expressão sonora com todos os recursos possíveis e integrando na mesma mensagem o semântico e o estético. Identificamos o documentário, a reportagem especial, a paisagem sonora, formatos pouco explorados, porém ainda existentes em algumas poucas emissoras do Brasil (BAUMWORCEL, 2005, P. 343)

É fundamental ressaltar que os elementos formadores da linguagem radiofônica têm aplicação tanto no radiodrama quanto no radiojornalismo. Mas, esse emprego não pode ser irrestrito e nem total porque um é realizado em função da ficção e o outro da realidade referencial, ou seja, são gêneros diferentes de discursos sonoros.

3.2 Elementos da linguagem

3.2.1 A palavra

A palavra é indispensável na comunicação, portanto, é uma das principais responsáveis por transmitir a entendimento interpessoal. No caso do rádio, a palavra é utilizada de forma mais complexa devido ao ser caráter artificial (BALSEBRE, 2005). É necessário o conhecimento de técnicas de leitura no rádio para que, efetivamente, a palavra consiga expressar todo o potencial comunicacional que ela carrega.

Balsabre (2005) aponta que essa comunicação é feita através da integração entre o texto escrito e a improvisação verbal. O autor apresenta elementos da comunicação oral na produção das ‘cores’ do som: intensidade, volume, intervalo e ritmo. Portanto, quando um locutor lê um texto, é essencial que integre esses elementos para tentar reproduzir uma naturalidade fundamental na relação de intimidade que o rádio tem com o ouvinte e eliminar o efeito artificial, distanciador, até porque o componente estético da mensagem transcende o significado puramente lingüístico da palavra (BALSABRE, 2005, p. 331).

A fala do locutor tem na percepção do ouvinte algo extremamente “real” e estabelece uma relação de empatia. Silva (199, p.549) enfatiza que ao se elaborar um texto pra ser oralizado, é preciso prevê que o resultado será além do que foi esperado a partir da escrita, ou seja, ao ser vocalizado o texto adquire materialidade e, portanto, identidade diferente.

Nesse contexto, a codificação da palavra apresenta em seu aspecto verbal cor e luminosidade,

As vogais têm o poder de colorir a voz. As consoantes projetam as vogais e dão conteúdo. Se as vogais são os sons musicais da palavra, dando forma e cor a nossa voz, as consoantes são seu significado. E na construção da mensagem, clareza e sonoridade são essenciais. O som da palavra define-se acusticamente pelo timbre, tom e intensidade e a cor da palavra é a dimensão resultante da inter-relação destes três elementos no âmbito perceptível. O som agudo excitará no ouvinte uma imagem auditiva luminosa e clara, o grave, mais obscura. A cor da palavra conota também relações espaciais. (BALSEBRE, 2005, 331)

Mcleish (1999) aponta que o locutor tem que dar inflexão a voz para que a mensagem transmitida não fique massante e a primeira coisa a ser feita é entender o que está lendo. Não se pode esperar que a comunicação seja clara se o próprio locutor não captou plenamente o sentido do texto (MCLEISH, 1999, p. 90).

3.2.2 A música

A música é a imagem do rádio (BALSEBRE, 2005). Portanto, são vários os papéis desenvolvidos pela música nas diversas peças e programas radiofônicos. Parte integrante na programação das emissoras, tanto AM como FM, a música é fundamental e adquire funções de acordo com a proposta da emissora, além de possuir duas funções estéticas básicas:

Expressiva,

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