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Cinema e Dança

Por:   •  19/6/2019  •  Dissertação  •  3.345 Palavras (14 Páginas)  •  144 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

DENISE DE SOUZA DÓRIA

CINEMA E DANÇA

São Cristóvão,

2018

CINEMA E DANÇA

            “Dança é o que impede o movimento de morrer de clichê.”

 Helena Katz

1.INTRODUÇÃO

O cinema e a dança têm um histórico longo de interações ao passar dos anos, sendo a dança uma das principais manifestações artísticas e uma das três artes cênicas. Durante o aperfeiçoamento das técnicas de filmagem e captação de som e vídeo, dançarinos foram objetos frequentes de reprodução. Sendo a dança responsável pela expressão corporal e transmissão de diferentes tipos de emoções, a junção das duas artes é uma técnica que, quando bem trabalhadas, gera um resultado de tirar o fôlego.

2. SURGIMENTO DOS FILMES DE DANÇA

Ao longo da história do cinema, sempre houve as aproximações seja através dos musicais ou dos filmes experimentais, ambos transformando e modificando tanto a linguagem do cinema quanto a da dança. O entrelaçamento entre os gêneros Cinema e Dança está presente desde os primórdios da arte cinematográfica, visto que o primeiro filme de dança foi produzido em 1896 por Thomas Edison, Annabelle Serpentine Dance, e mostrava a bailarina Annabelle Whitford Moore executando uma dança com um tecido esvoaçante e fluido a imitar o movimento de aves e borboletas.

Segundo Maíra SPANGHERO (2003), a convergência entre o cinema e a dança, ou ainda, entre o cinema e o movimento, foi bem sincronizada desde o início. Coincidem, portanto, no fim do século XIX, os nascimentos da dança moderna e das primeiras cinematografias. Nos primeiros dez anos, Méliès, Lumière e Thomas Edison pareciam encantados com a possibilidade de ser o movimento captado e reproduzido. Como se estivessem testando seus equipamentos, os fotógrafos mostravam-se especialmente interessados em registrar imagens de pessoas (e outras coisas) em movimento.


Dos anos de 1894 a 1912 datam os primeiros filmes de dança, todos mudos. Na maior parte das vezes trata-se de um registro de uma dança de entretenimento, como
Princess Rajah. Também os filmes de Ted Shawn e Ruth St. Denis (precursores da dança moderna americana), realizados entre 1912 e 1950. Nesse período surgem os filmes
coloridos e sonoros.


Maya Deren, da Ucrânia, revolucionou o modo de interação entre cinema e dança. Mais do que isso, como diz SPANGHERO, “ a obra desta artista é uma referência fundamental para todos os interessados na sétima arte”.  Segundo ela,
 

                                                  “embora existam filmes de dança mais antigos, Maya Deren marca uma diferença radical ao propor uma interface entre as duas linguagens que escapasse da simples documentação e do entretenimento. Hábil no tratamento da iluminação, alternando perspectivas de espaço e tempo, criando ilusão e explorando técnicas de edição, a artista é tida hoje como uma das mais importantes cineastas da história do cinema da América do Norte, continente para o qual ela imigrou [ da Ucrânia] em 1922.”  

                                                                     SPANGHERO, 2003,p.18.

 Com o filme Meshes of the Afternoon recebeu o Grand Prix International for 16mm Film, na categoria Filmes Experimentais do Festival de Cannes, em 1947. Era a primeira vez que uma cineasta mulher e uma produção cinematográfica originária dos Estados Unidos ganhavam o prestigiado prêmio. Do filme ressalta-se ainda hoje o movimento usado para provocar uma espécie de pesadelo surrealista, em que objetos e pessoas aparecem, desaparecem e reaparecem feito mágica. Usa-se câmera subjetiva, plano e contraplano, fusão, sombras, destaque para fragmentos de corpo, dupla exposição são alguns dos recursos que Deren utilizou para criar sua cinematografia, numa época em que os filmes ainda eram mudos.

Segundo Bazin, Nos anos 30, em relação à produção norte-americana, alguns gêneros hollywoodianos tiveram um desenvolvimento expressivo e chegaram nesse período a um tipo de superioridade. O filme de dança é um desses gêneros, junto com a comédia americana, o burlesco, e o musichall, o filme policial e de gângsteres, o drama psicológico e de costumes, o filme fantástico e de terror e o western. Era o apogeu da dança como espetáculo. Daí em diante, muitos musicais famosos e danças coreografadas passam a existir.


3. CONTEXTO TEÓRICO

Partindo da premissa de que os dois campos de expressão e conhecimento propostos pudessem agir na natureza artística do outro e acrescentando-lhe valor estético cultural,  “O cinema - Ensaios”,de André Bazin, defende o cinema “impuro”, ou seja, a hibridização entre as artes: cinema e teatro, cinema e pintura, cinema e literatura e, por inferência, cinema e dança. Isso porque, como conclui o autor, o estreitamento dos laços das diferentes artes, ao invés de enfraquecer, amadurece ambas, e que algumas adaptações cinematográficas infelizes não pode condenar esta prática que de fato oferece um imenso potencial criativo.

A partir de então passa-se a investigar a compatibilidade das duas linguagens. Ana Paula Nunes, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, em um ensaio divulgado na internet através do site da UFRGS, esclarece, então, a natureza contratual da relação entre cinema e dança, revelando a possibilidade de entrelaçamento mais amplo que a associação delas para o entretenimento. Através de um ponto-de-vista intercultural, segundo a própria autora, ela busca investigar o potencial criativo e político que esses elos permitem.

Cientes, portanto, da quebra de estigma que o Cinema moderno impôs a uma relação intercultural, de negociação e conflito no jogo de forças dos dois campos da cultura, procurou-se por exemplos diferenciados. Num primeiro instante, pensar sobre o documentário sobre Pina Bausch e o modo como a tela apresenta mais que “imagens em movimento” é observar a expressividade viva, pulsante, dos elementos de dança e cinema amalgamados. Uma expressividade também explorada por Claire Denis em “Beau Travail”, com muita sensualidade e foco numa estratégia narrativa onde o corpo é matéria dos sentidos.

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