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Mídia televisiva: Controle e Uniformização do Consumo

Por:   •  14/7/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.379 Palavras (6 Páginas)  •  328 Visualizações

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Mídia televisiva: controle e uniformização do consumo

Resenha do livro O monopólio da fala, de Muniz Sodré

O livro Monopólio da fala, escrito por Muniz Sodré, é uma obra de 1977 que apresenta um conceito e contexto histórico da televisão no Brasil, sendo considerado uma relíquia por vários estudiosos da Comunicação e para o telejornalismo. Através da obra, o autor fala sobre a linguagem utilizada pelo meio e sua relação com as práticas hegemônicas que fazem parte dele, assim como faz uma análise de sua função e do seu desenvolvimento nos últimos anos.

Sodré afirma que a televisão não surgiu para atender a uma necessidade específica da sociedade através de uma comunicação por imagens, e que esse sistema, capaz de hipnotizar as pessoas, é o resultado da necessidade do mercado capitalista, “da crescente autonomia dos bens eletrônicos (do mercado) com relação às reais carências humanas.” (SODRÉ, 1999, p.14). Ou seja, tornou-se um sistema onde o Estado intervém e amplia o seu poder pela mídia. Diante disso, a união do interesse ao entretenimento e a informação, se juntou com as características do capitalismo e o meio passou a modelar ideologicamente os acontecimentos, difundindo uma informação unilateral que separa o falante do ouvindo e não permite que haja respostas.

Ao analisar o sistema televisivo, o autor faz uma discussão referente ao monopólio da comunicação feita por esse meio. Ele critica a televisão e faz uma reflexão sobre esse “monopólio da fala” que não permite a fala do outro. “É praticamente absoluto o poder de quem fala sobre quem ouve, pois, na relação instituída pelos modernos meios de informação, falar é um ato unilateral” (SODRÉ, 1999, p.25).

Percebe-se na obra que o conceito de TV não se restringe ao tecnológico e estético, mas que esse meio é um sistema informativo e o que pode levar a um conceito de televisão “é a forma das relações sociais a que ela induz a partir de sua sistematicidade operacional.” (SODRÉ, 1999, p.21). Assim, tem de se justificar culturalmente os conteúdos transmitidos com responsabilidade além do medium que intermedia tecnicamente o falante e o ouvinte. Para o autor, esse meio é uma forma de se organizar a sociedade e ser possível manipulá-la, mesmo que de forma individual.

“O aparelho informativo se articula ideologicamente com a classe que controla o Estado e se investe de sua estrutura, isto é, assume a forma geral do poder de Estado. A ideologia, como a televisão, é também essencialmente forma (de poder).” (SODRÉ, 1999, p.21)

Sodré reforça que o veículo de comunicação produz uma hegemonia ideológica e dominação. Essa função no modelo socioeconômico do nosso país, tem representado um papel muito importante na acumulação de capital. O panoptismo é esse poder disciplinador generalizado, que é uma forma moderna de poder do Estado e “apenas outro nome para a ideologia dominante, que é invisível, em seu funcionamento interno, para os sujeitos” (SODRÉ, 1999, p.21).

A televisão possibilita uma comunicação além do que é escrito e ouvido, e por isso desperta sentimentos e emoções. Enquanto antigamente o conhecimento era adquirido somente por oralidade, agora já era possível ultrapassar os limites do rádio e do jornal impresso e tratar de sentidos visuais, que mexem com as pessoas. Assim, desde sempre todas as informações e conteúdo televisivo, passou a ter o poder de estado. Agrada-se a população sem deixar de informar os acontecimentos rotineiros mesmo que de forma rápida e objetiva, mas sempre intencionalmente, pois uma imagem vale mais que mil palavras.

“O medium tecnológico ganha, de fato, tamanha autonomia com relação a situação vivida, humana, dos sujeitos, que consegue mesmo impor-lhes as suas razões técnicas. O medium não é aí um simples mediador entre informante e público, mas um espaço autônomo capaz de criar modelos próprios, que neutralizam o sentido político das ações e dos discursos.” (SODRÉ, 1999, p.28)

Em “O Monopólio da Fala” também vemos que tudo está relacionado ao fait-divers. O impacto dos conteúdos ideológicos sobre as pessoas/telespectador pode alterar seu comportamento e remanejar sua atitude. “O notável para o medium jornalístico é a relação entre a morte e um número elevado, ou seja, entre o ordinário e o cúmulo” (SODRÉ, 1999, p.31), fazendo com que na televisão esse modelo seja o canal pelo qual é feita a interpretação de dados. “O que impressionava mais era o cúmulo da matança, ou seja, menos a morte brutal em si mesma e mais as suas imagens apavorantes geradas pela televisão” (SODRÉ, 1999, p.32).

O medium modela ideologicamente os acontecimentos, mas antes dele não existia esse modelo de discurso de classe dominante. É a própria informação enquanto forma unilateral de relação social que trata de fazer e separar radicalmente o falante de ouvinte, censurando a resposta e tornando abstrata toda e qualquer situação concreta dos indivíduos. A liberdade dos meios de informação é diferente da liberdade política de opinião, visto que a última é a possibilidade real de falar e ser ouvido e a primeira

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