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A EDUCAÇÃO COMO APERFEIÇOAMENTO DO SER HUMANO EM SANTO AGOSTINHO

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Por:   •  13/2/2015  •  2.617 Palavras (11 Páginas)  •  476 Visualizações

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A EDUCAÇÃO COMO APERFEIÇOAMENTO DO SER HUMANO EM SANTO AGOSTINHO

Ana Priscila Lima Do Nascimento.

Bolsista do Programa PIBID-Filosofia/UECE.

prihccfav@yahoo.com.br

A Filosofia de Santo Agostinho pensa a educação a partir de sua teoria da iluminação. Nessa teoria o filósofo relata que a nossa consciência, ao construir conceitos, não está somente fazendo uma abstração a partir da realidade, como, também, não está trazendo a memória uma ideia preexistente como nos diz a teoria da reminiscência. Para Agostinho, nossa consciência encontra-se, naquele exato momento, recebendo uma luz, uma iluminação divina. Ao longo do trabalho perceberemos como esse pensamento pode ser relacionado com a realidade do ensino (relação professor e aluno), pois, para ele, a educação deve ser o esforço de aperfeiçoamento do ser humano, um aprimoramento, conduzindo-o à perfeição, para uma aproximação de Deus, afirmando a Sua essencial contribuição para o referido alcance. A pesquisa nos faz concluir que, como instrumento e mediação dessa relação professor e aluno, Agostinho utiliza de recursos da linguagem, o que se evidencia em sua obra especial dedicada ao estudo da linguagem e da educação: De Magistro (Do Mestre).

Palavras-chave: Agostinho, educação, iluminação.

INTRODUÇÃO

Sem dúvidas, um dos grandes doutores do pensamento medieval foi Santo Agostinho (354 – 430), ou, como era também conhecido, bispo de Hipona. Nasceu em Tagaste, província da Numidia, conhecida hoje como Souk-Ahrás, na atual Argélia e morreu em Hipona. Seu pai Patrício era um conselheiro municipal de Tagaste que fora convertido ao cristianismo pouco antes de morrer. E sua mãe era Mônica, mais conhecida como Santa Mônica, nome este dado a ela por sua espiritualidade fervorosa, sem dúvidas possui um papel marcante na vida de Agostinho, principalmente no que diz respeito à sua mudança de vida, ou seja, ao abandono do paganismo e aceitação do cristianismo.

Realizou estudos de letras e retórica, tendo sido professor em Milão. Converteu-se ao cristianismo em 386, e tornou-se personagem central da Patrística , movimento surgido no seio da igreja primitiva que tinha por fim conciliar fé e razão. Nesse fluente debate, Santo Agostinho defendeu a tese de que a fé, em certa medida, é precedida pela razão.

A sua busca pelo conhecimento e certezas começa com o início de sua vida no ensino de retórica em Cartago, Roma e Milão. Embora tenha vivido sempre dentro do cristianismo ensinado por sua mãe (Mônica – cristã fervorosa e imortalizada em suas Confissões), entrega-se ao ambiente de professores e companheiros, vivendo intensamente tudo o que a licenciosidade poderia lhe dar. Envolve-se com uma mulher (de nome oculto), nascendo seu filho Adeodato (com quem dialoga na obra De Magistro) e em Milão tem contato com Santo Ambrósio, conhecendo a filosofia de Plotino. Sua busca o leva do maniqueísmo ao ceticismo acadêmico para depois fazê-lo chegar ao cristianismo eclesiástico, convertendo-se.

Na obra De Magistro (Do Mestre), Agostinho dialoga com seu brilhante e prodigioso filho Adeodato, na tentativa de investigar, tanto o fundamento quanto a origem da linguagem, assim como determinar a possibilidade do aprendizado humano.

Procuraremos discutir aqui o fenômeno educativo em Santo Agostinho, a partir da Teoria da Iluminação Divina. No que se refere à Educação, Santo Agostinho teve uma evidente influencia platônica, que não permaneceu, posto ter se alterado, chegando a um perfil próprio. O que não poderia ter sido diferente, pois sendo cristão não podia concordar com a teoria platônica da reminiscência ou “anamnese”, em que o conhecimento seria simples recordação das experiências passadas, o que negaria a sua própria doutrina.

“(...) Exatamente para superar essa aporia que Platão descobre um caminho totalmente novo: o conhecimento é “anamnese”, ou seja, uma forma de recordação, um emergir daquilo que já existe desde sempre no interior de nossa alma. (...) Consequentemente a alma viu e conheceu toda a realidade, a realidade do outro mundo e a realidade deste mundo. Sendo assim, conclui Platão, é fácil compreender como a alma pode conhecer e aprender: ela deve simplesmente extrair de si mesma a verdade que já possui desde sempre; e esse “extrair de si mesma” é “recordar”. (REALE, 2003).

Na busca para explicar esse processo, defendeu que o conhecimento é adquirido a partir de uma ação imediata de Deus, a iluminação divina, o que viabiliza o seu principal objetivo, qual seja, alcançar o próprio Deus, pois, conhecer a verdade é conhecer o próprio Deus. No entanto, a alma só seria iluminada na medida em que ficasse isenta dos desejos das coisas corporais para assim poder contemplar a Deus, pois “Deus é quem ilumina”.

A TEORIA DA ILUMINAÇÃO DIVINA

Retomando a dicotomia platônica do “mundo das ideias” e “mundo sensível”, Agostinho substitui o primeiro termo por “ideias divinas”. Nesse contexto percebemos a doutrina platônica cristianizada por Agostinho, onde ele não poderia concordar com a ideia de uma Teoria da Reminiscência , como pensava Platão, pois a mesma é contrária a sua doutrina.

Agostinho nos conduz a uma Teoria da Iluminação, onde recebemos de Deus o conhecimento de toda e qualquer verdade eterna, caracterizada por uma luz que não é material e que tende a conduzir o homem para uma vida feliz, meta de toda a filosofia agostiniana. Ele utiliza como analogia o exemplo do Sol que, com sua luz, ilumina todas as coisas que conhecemos, assim como Deus ilumina nossa razão tornando possível um pensamento correto, ou seja, nos conduzindo a verdade de todas as coisas. Não podemos deixar de ressaltar, é claro, que Agostinho adverte que essa iluminação não dispensa o homem de desenvolver o próprio intelecto, pois a busca da iluminação não pode substituir o próprio esforço humano em aprimorar sua inteligência. A função da iluminação seria capacitar o pensamento para distinguir entre as coisas sensíveis e as inteligíveis.

Por meio desse processo interior – iluminação divina – que para Santo Agostinho se chega à verdade, não é o espírito que cria a verdade, mas cabe a ele somente descobri-la por meio da iluminação divina, ou seja, por meio de uma participação fundamental de Deus no interior do homem ao longo desse processo de conhecimento. Para Agostinho a fonte de todo o conhecimento é divina, eterna

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