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A Filosofia do Romantismo e sua Recepção no Brasil

Por:   •  29/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  3.016 Palavras (13 Páginas)  •  222 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

LEONARDO GONÇALVES DA COSTA

A Filosofia do Romantismo e sua Recepção no Brasil

Rio de Janeiro

2017


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

A Filosofia do Romantismo e sua Recepção no Brasil

LEONARDO GONÇALVES DA COSTA

Trabalho apresentado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/IFCS) como requisito para obtenção de aprovação na disciplina de História da Filosofia no Brasil III, ministrada pelo professor: Luiz A. Cerqueira.  

Rio de Janeiro

2017

O coração tem razões, que a própria Razão desconhece.
                                                     Blaise Pascal

  1. O Romantismo: raízes e características essenciais do movimento

A gênese do Romantismo encontra suas raízes no movimento alemão “Sturm und Drang”, que significa “Tempestade e Ímpeto”. Antes mesmo da guinada implacável da Revolução Francesa em 1789, a Alemanha já experimentava  um caráter profundo de transformação cultural entre as décadas de 1770 e 1780. Essas transformações, progressivamente foram levando ao sobrepujamento  completo das idéias iluministas e à afirmação constante do romantismo.

As proposições e idéias por de traz do movimento alemão “ Sturm und Drang” foi, justamente, a redescoberta e exaltação da natureza como força criadora e onipotente; a noção de “gênio” como força imaginária que cria e, portanto, não retira do exterior (natureza) nenhuma regra, mas ele próprio torna-se a regra; a contraposição da concepção deísta da divindade como razão universal frente ao Iluminismo; o sentimento nacionalista expressado pelo ódio às tiranias e exaltação da liberdade; e os sentimentos fortes, que são apreciados em sua intensidade e ímpeto arrebatador. Este movimento de grande expressividade cultural, relevância histórica e atribuição de um refinado sentido, contou com  personalidades como Goethe, Schiller e os filósofos Jacobi e Herder.  

Por Iluminismo, entende-se o movimento intelectual e espiritual europeu, comumente de “século da luzes”, cujo auge foi atingido no século XVIII. Os pensadores iluministas acreditavam no progresso social e nas capacidades libertadoras do conhecimento racional e científico. Eram exímios críticos da sociedade existente e hostilizavam a religião, por considerarem que a mente humana era aprisionada pela superstição. Dentro deste espírito das  luzes, a Revolução Americana (1776) e a Francesa (1789) foram justificadas à luz da compreensão dos princípios iluministas dos direitos humanos e naturais.

O Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa, e se estendeu por um grande período do século XIX. Caracterizou-se essencialmente como uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo, e buscou no nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais da Europa, o sentimento pátrio expressado com o desejo e exaltação da liberdade.  

O berço do romantismo pode ser considerado três países: Itália, Alemanha e Inglaterra. Porém, na França, o romantismo ganha força como em nenhum outro país e, através dos artistas franceses, os ideais românticos espalham-se pela Europa e pela América. Para alguns estudiosos do movimento, o “Sturm und Drang” representou uma verdadeira espécie de reação prévia daquilo que seria a Revolução Francesa, enquanto reação contrária ao Iluminismo, do qual, a mesma Revolução foi seu ápice.

Este movimento de cultura, e por esta razão, também filosófico, é bastante complexo na própria elaboração de uma definição do termo Romantismo. De acordo com o que afirmava Sébastien Mercier, já na origem do movimento, o “Romantismo não se define: sente-se”. Na opinião de alguns autores, o romantismo seria como que uma constante espiritualista do homem, em contraposição ao mundo natural da estética clássica, constantemente permeada de conceitos mecanicistas provenientes da lei natural e do direito natural.

Compreendido desta maneira, pode ser concebido como uma contínua tendência na acentuação da primazia dos sentimentos sobre o pensamento; uma forma de expressar a sobreposição das intuições sobre os conceitos; uma compreensão dinâmica da vida sobre a visão estática proveniente do Iluminismo; e do orgânico sobre o mecânico, em contraposição ao entendimento sem desenvolvimento das leis.

 O romantismo é compreendido, em grande parte, como reação às afirmações do Iluminismo. O homem romântico é centrado em um universo misterioso e particular. O eu afirma-se: nas suas manifestações extremas conduz à criação de obras que evidenciam traços expressivos das alegrias e tormentos, esperanças e revoltas, mas também da alienação ou do aniquilamento do criador, pela loucura e pelo suicídio.

De um modo bastante amplo, o romantismo é a reação contrária a este espírito racionalista proveniente do Iluminismo que, sozinho, pretendia abarcar todo o mundo e a compreensão da sociedade. Refletindo de forma inicial a racionalização e a mecanização que caracterizava o mundo industrial, o romantismo intuiu a ameaça que esse processo representava para a expressão dos indivíduos, tendo em vista que os sentimentos e as emoções estavam sendo relegados ao segundo plano.

No entanto, a complexidade da compreensão em torno do romantismo gira em torno da tentativa de uma definição mais precisa do que é propriamente o fenômeno romântico. É possível fazer uma distinção em seu interior de diversas perspectivas e categorias que definem os  seus componentes essenciais.

A começar pela origem da palavra “romântico”, que possui uma significância muito relevante para este movimento. Perpassando também, o ponto de vista histórico e geográfico em que este movimento está situado, nota-se seu processo de expansão e desenvolvimento no campo das artes e da filosofia. A partir deste viés, um olhar atento pela sensibilidade romântica evidencia que ela é também composta por uma categoria psicológica. E, por fim, as ligações existentes entre o romantismo e a filosofia.

O termo “romântico” apresenta uma longa complexidade histórica. É usado pela primeira vez como adjetivo na Inglaterra, por volta do século XVII, indicando aquilo que se refere ao fabuloso, extravagante, fantástico e irreal. No século seguinte, passou a expressar cenas agradáveis contidas na poesia e literatura e, com o passar do tempo, entrou em uso para indicar o renascimento do instinto e da emoção, frente à  supressão operada pelo racionalismo do século XVIII.

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