A Liberdade em Merleau Ponty

Afinal, o que é essa tal liberdade?

“Nascer é ao mesmo tempo nascer do mundo e nascer no mundo. O

mundo está já constituído, mas também não está nunca completamente

constituído. Sob o primeiro aspecto, somos solicitados, sob o segundo somos

abertos a uma infinidade de possíveis”, segundo Merleau- Ponty.

A expressão “Nascer do mundo e nascer no mundo” pode parecer ter

significados próximos, porém entendo segundo a leitura e interpretação do

texto de Merleau-Ponty é que nós seres humanos existimos sob dois aspectos

ao mesmo tempo, o de ser nascido, gerado, desenvolvido, influenciado dentro

de uma visão de mundo e sociedade a qual já existe com seus valores, regras

e formas de relações (nascer do mundo) e por outro lado nascer em um mundo

subjetivo, com infinitas possibilidades que nos permitem a liberdade.

Porém, há dois paradoxos nestas duas formas de ser, pois o homem

neste mundo, nas esferas, social, cultural ou geográfica encontra limites a sua

liberdade ao mesmo tempo em que neste mesmo mundo e suas esferas se

abre um vasto campo de possibilidades disponíveis a esse ser. Neste aspecto

cabe à pessoa fazer escolhas, mas não há determinismo, e nem escolhas

absolutas. É impossível que o homem seja livre em algumas ações e

determinado em outras. A pessoa não pode ser determinada só pelo meio,

porque para isso ele seria uma coisa, objeto. Sendo assim, para Merleau-

Ponty, o homem se realiza nas suas relações. O homem está ligado às coisas

e aos outros, assim nada pode tornar o homem totalmente livre.

O homem é uma estrutura psicológica e histórica. Estando no mundo ele

“recebe” uma maneira de existir. Assim todos os seus atos e pensamentos

estão vinculados a essa estrutura. No entanto a liberdade não se dá, apesar ou

sobre as motivações, mas por meio delas. Aqui esta estrutura que é o homem,

não limita seu acesso ao mundo, mas, ao contrário, é o meio que faz o homem

comunicar-se com ele. É só assumindo a sua situação, social e natural, é que o

homem poderá ter... a liberdade.

“Tu habitas em teu próprio ato. Teu ato é tu... Tu te transformas... Tua

significação se mostra, ofuscante. Este é teu dever, é tua raiva, é teu amor, é

tua fidelidade, é tua invenção... O homem é só um laço de