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A PROPEDÊUTICA LÓGICO-SEMÂNTICA

Por:   •  15/11/2017  •  Resenha  •  2.416 Palavras (10 Páginas)  •  1.181 Visualizações

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CENTRO DE HUMANIDADES

CURSO DE FILOSOFIA

LOGICA I: PROPEDÊUTICA LÓGICO-SEMÂNTICA

FORTALEZA-CEARÁ

2017

RESUMO CAP. 1: O que significa lógica?

Começaremos nossa propedêutica lógico-semântica com o conceito de lógica. O que se entende por lógica? A palavra foi concebida no decurso da história desta disciplina sob vários aspectos, ora de um modo mais amplo, pra de um modo mais restrito. Com respeito a essa variedade, não é contudo sensato perguntar qual é o significado correto, já que não existe um significado verdadeiro de uma palavra. 

Pode-se classificar a história da lógica, grosso modo, em três períodos. O primeiro abrange a lógica antiga, estendendo-se aproximadamente desde seu fundador. Aristóteles, até fins da idade média. No segundo, trata-se da lógica moderna, iniciando-se com a chamada lógica de Port-Royal. Este segundo período se caracteriza pela predominância de problemas ligados a teoria do conhecimento e à psicologia. 

Este segundo período foi o mais improdutivo do ponto de vista da lógica. 

O terceiro período é o lógica atual, começando com a Begriffschrift de Frege. Esta lógica é frequentemente caracterizada como logística matemática ou simbólica ou mesmo como logística. Estas caracterizações referem-se ao desenvolvimento da lógica com base em cálculos. Mas o que se entende então no geral por lógica? Para tal objetivo é suficiente inicialmente dizer sobre a temática da lógica que ela simplesmente investiga determinadas regras, leis ou relações; e a questão agora é: regras, leis ou relações de que? Trata-se de leis do ser ou da realidade, de leis do pensamento ou de leis da linguagem, tomemos p. ex. o princípio da contradição. Eles diz, grosso modo, o seguinte: algo não pode ao mesmo tempo ser ou não ser o caso. Por que não? Alguns dizem que isso se funda na essência do ser; outros, na essência do pensamento; uns terceiros, na essência da linguagem. Estes três diferentes modos de conceber a lógica influenciaram a questão de como se deve delimitar a temática da lógica. A primeira teoria da inferência formal válida foi desenvolvida por Aristóteles no escrito Analytica Priora; mas apenas com Frege ela se tornou uma disciplina abrangente. Ainda uma diferenciação faz-se necessária. A lógica enquanto doutrina do método foi conectada a descoberta da verdade; a lógica no sentido estrito, a fundamentação da verdade. Mas nem toda fundamentação da verdade se realiza sob a forma de inferências formais. Podem-se fazer as seguintes distinções: toda fundamentação da verdade de um enunciado se da diretamente (pela percepção) ou indiretamente (através de outros enunciados). Sendo assim, mesmo que a lógica se limitasse a inferência e as regras de fundamentação da verdade, ela seria mais abrangente do que o modo como ela é concebida pela visão moderna corrente.

RESUMO CAP. 2: Frase, frase enunciativa, enunciado, juízo.

Essa variedade de concepções aparece sobretudo na questão de como o conceito básico de lógica do juízo deve ser entendido: juízo é um conceito primariamente psicológico. O conceito linguístico correspondente é o de frase enunciativa. O termo juízo é usado ambiguamente; ele tem um sentido primariamente psicológico apenas quando significa julgar; mas muitas vezes também é compreendido no sentido do julgado, e nesse caso ele corresponde aproximadamente a proposição. Tanto a concepção psicológica quanto a antológica podem ser defendidas de um modo extremo ou moderado. Na forma moderada, o que vem a ser um juízo ou um pensamento é elucidado implícita ou explicitamente por recurso as frases correspondentes. A concepção psicológica extrema foi a concepção usual no século XVIII; também Kant a defende. Ele esclarece na logik, que um juízo é a representação da unidade da consciência de várias representações. O modo como juízes eram compreendidos em geral na época de Kant pode ser visto a partir da CRP, B140s, onde Kant diz: "Nunca pude me satisfazer com a explicação que lógicos dão de um juízo: ele é, como dizem eles, a representação de uma relação entre dois conceitos". 

Toda essas explicações, tanto as ontológicas quanto às psicológicas, são no fundo inteligíveis se não soubermos de antemão que elas se referem aquilo que é expresso em uma frase enunciativa. Teorias psicológicas recorrem portanto frequentemente, de modo totalmente ingênuo, embora não de modo explícito, ao aspecto linguístico. Ora, nós temos certamente uma noção intuitiva de que aquelas sequências sonoras que chamamos de frases se diferenciam também no que diz respeito ao sentido - portanto semanticamente - das palavras(ou dos morfemas). Pode-se também complementar ainda o que foi dito do seguinte modo: quem emprega uma frase enunciativa, ao dizer, p. ex., "Teeteto está sentado", ergue sempre uma pretensão de verdade, e por isso os participantes do diálogo podem perguntar se essa pretensão de verdade está ou não justificada, e isto significa: se o que ele diz é verdadeiro ou falso. Aristóteles não aborda a questão que surge imediatamente com respeito a este ponto: o que significa então verdadeiro e falso?. O critério de agora nos permite sobretudo também a importante diferenciação entre aquelas partes de uma frase que nós podemos caracterizar por sua vez como frases componentes e outras partes da frase que não possuem propriamente o caráter de uma frase. Quanto a essas frases ligadas à situações, há que se dizer que o pensamento é uma função de dois fatores: do sentido da frase e da situação na qual ela é usada. Quando usadas em diferentes situações ou por diferentes falantes, duas dessas frases com o mesmo sentido não exprimem apenas diferentes pensamentos; há também o fato de duas frases com diferentes sentidos poderem, dependendo de quando, onde e por quem elas são proferidas, expressar um e o mesmo pensamento. 

RESUMO CAP. 3: Implicação lógica e verdade lógica; analiticidade e aprioridade.

A expressão inferência está em estreita relação com a expressão consequências lógica. Dizemos, p. ex.: A partir dos enunciados "todos os homens são mortais" e "Sócrates é um homem" pode-se deduzir logicamente o enunciado "Sócrates é mortal"; ou também: este se segue (logicamente) daqueles; ou mesmo: a partir dos dois primeiros enunciados, pode-se inferir o terceiro; essa inferência seria válida. A concepção psicológica da lógica sugere uma tal interpretação. Essa concepção dinâmica é contudo insustentável. Face a isso já Aristóteles possuía uma explicação correta no essencial: o fato de uma inferência ser válida significaria que, se as premissas são pressupostas, a conclusão resulta necessariamente. O termo resulta parece também conter uma conotação dinâmica; contudo o decisivo é falar em necessariamente. Somente a explicação usual na lógica moderna da relação de consequência por meio do conceito de implicação está totalmente isenta de possíveis equívocos. O conceito de implicação é explicado do seguinte modo: o fato de a conclusão estar implicada pelas premissas significa que é impossível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão seja falsa. Agora como nós podemos saber, em cada caso, que, se as premissas são verdadeiras, a conclusão também tem que ser verdadeira, ou que o enunciado complexo inteiro tem que ser verdadeiro. Mas antes dessa questão sobre como se pode saber isso, surge uma questão preliminar sobre o que se entende por verdade necessária: O que se entende por esse uso do termo necessidade ou impossibilidade por "tem que" e "não pode"?. De mais a mais, as frases que caracterizamos como logicamente verdadeiras são necessariamente verdadeiras no mesmo sentido em que, como ainda veremos, uma outra classe de frases também é necessariamente verdadeira. O conceito decisivo para a compreensão dessa necessidade é o de verdade analítica, e a ele se liga estreitamente o conceito de um conhecimento a priori. Para melhor compreender a questão de se todos os juízos a priori são analíticos temos que tentar compreender o conceito de analítico mais adequadamente do que ele foi compreendido por Kant. Temos então que conceber um conceito de analítico que seja mais geral do que o de Kant. Podemos neste caso nos ater a segunda explicação fornecida por Kant: Um enunciado é analiticamente verdadeiro se sua negação implica uma contradição. Essa definição parece ser adequada, mas por usar o termo "implica" ela não é suficientemente explícita. O fato de uma contradição estar implicada significa que, se determinadas transformações são realizadas, resultará uma contradição explícita. Já que as frases enunciativas estão estruturadas, há o caso limite em que as expressões componentes estão compostas de tal forma que se chega a uma mera repetição, p. ex., explícita no enunciado "Um homem é um homem", e implícita no enunciado "Um solteiro é um homem". Os significados das expressões componentes que apresentam em uma combinação normal uma possibilidade de verdade podem, em combinações particulares, se repetir ou se anular implícita ou explicitamente. Certamente não é sensato falar de frases independentemente dos seres que as compreendem. Se compreendemos uma determinada expressão de tal ou tal modo, isto é contingente e, nessa medida, também subjetivo. A questão sobre o sentido da verdade lógica ou, respectivamente, da necessidade lógica. Nem todas as frases analiticamente verdadeiras são logicamente verdadeiras. Temos que distinguir entre aquelas frases que são analiticamente verdadeiras (ou falsas) com base no significado de palavras substanciais e aquelas frases que são analiticamente verdadeiras (ou falsas) com base em sua forma lógica. Quanto ao conceito de verdade lógica temos: uma frase é logicamente verdadeira se há um esquema válido no qual ela pode ser formalizada. 

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