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Alienação: (Des) Humanização Do Homem No Trabalho

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Por:   •  28/5/2014  •  939 Palavras (4 Páginas)  •  2.675 Visualizações

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O trabalho humano pode ser genericamente definido como o trabalho pelo qual o homem transforma a natureza, transformando a si próprio e à sociedade para atender suas necessidades. Podemos distinguir o resultado do trabalho humano daquele proveniente da mais organizada das comunidades animais (uma colméia etc.), que é a capacidade humana de idealizar o produto do seu trabalho antes mesmo dele se materializar, ou seja, as características teleológicas do trabalho. Ainda podemos dizer que o trabalho sob o aspecto de necessidades se revela um senhor de utilidades (os valores-de-uso que são inerentes naturalmente as coisas), bem como de mercadorias (os valores-de-troca que as coisas assumem como resultado de uma relação de intercâmbio).

Há sociedades em que a complexidade da cadeia produtiva se torna tão grave que o produto perde o sentido que sua contribuição representa. Esse processo é denominado alienação. E o que é alienação? O trabalhador tanto da área industrial quanto da área educacional não define seu ritmo de trabalho, seu salário, suas condições de moradia, seu tempo de lazer, transformando-se em sujeito alienado. Sua individualidade, ao mesmo tempo em que é sua não lhe pertence. A alienação é, portanto, o processo de coisificação do homem por meio do trabalho: aquilo que era coisa sem vida (a matéria, o produto), ganha vida, pois passa a determinar o valor do próprio trabalhador.

Etimologicamente a palavra trabalho origina-se do latim tripalium que significa (três paus), o seja, um verdadeiro instrumento de tortura. Escravos e animais domésticos atendem com o corpo as necessidades da vida. Trabalhador, terra, animal e ferramenta constituíram, na sociedade escravocrata, a única e eterna realidade, sem história, sem progresso, sem perspectivas terrestres. O trabalhador, o escravo, o servo eram tidos peças de engrenagens naturais; pertenciam a terra e seus corpos morriam consumidos no tripalium da sobrevivência e, assim, fantasiosamente, suas almas voavam livres pelos ares ou pelos céus da metafísica. Desde esse tempo remoto não se consegue a socialização da dialética.

O drama de PROMETEU acorrentado é ainda a imagem mais real e expressiva da luta do homem para a libertação do trabalho como instrumento de tortura. A educação era sinônimo de repressão e, em certa medida, ainda é, porque tira qualquer possibilidade dos trabalhadores saírem do seu feudo do qual pertencem naturalmente. O processo educativo do sistema escravocrata consistia, de um lado, no aprimoramento reiterativo das habilidades das mãos que trabalham e de outro, na repressão de qualquer movimento da criatividade humana que teimasse em descolar o corpo do trabalhador da terra ou da oficina que trabalhava.

A máquina foi sempre o grande sonho de libertação do homem. A máquina, obra da inteligência humana, poderia finalmente reduzir a jornada de trabalho para transformar o homem escravo em cidadão político, culto e artista. O labor libertou o homem do antigo tripalium, isto é, soltou-o deste instrumento de tortura, podendo usar a força do seu corpo para vendê-la "livremente", para o capitalista. Ao entrar nas fábricas modernas e ao ver as novas máquinas, o homem reacende sua fé no futuro, começa a acreditar que pode haver, nesta vida, um progresso real, uma diminuição de sua jornada. O operário, brevemente, vai usar suas mãos e dispor de tempo livre para a poiésis, isto é, para ações criativas, sociais, culturais e políticas. É o trabalho realmente livre. Claro que ao lado das novas maneiras de trabalho sobreviviam os antigos modelos de produzir. Por isso, ao lado de uma nova educação nacional e laica, conviviam orientações educacionais arcaicas. A moderna escola burguesa não se impõe sem ásperas polêmicas na luta antagônica entre os intelectuais educadores dos séculos XVII e XVIII.

Mesmo no século XVIII o trabalhador começou a perceber, com nitidez, que a máquina não estava tão a favor dele como as ciências progressistas da época ensinavam. A jornada de trabalho na indústria não diminuía, ao contrário, aumentava. Só quem se beneficiava era o dono da máquina. Os trabalhadores perceberam que as máquinas tinham vínculos orgânicos e compromissos políticos como o capital e, por causa disso, acabavam sendo maléfica a eles. Deixaram de depositar sua confiança nas máquinas capitalistas e, sim, nos seus companheiros. Assim, surgiram os sindicatos, abandonou-se a velha verdade burguesa de preparar mão-de-obra para o mercado de trabalho, e afirma-se a clara intenção de dissolver o caráter de mercadoria da força de trabalho. Passa-se a questionar a coisificação do trabalhador e a defender-se a emergência do sujeito criativo. É uma luta que muitas vezes defende a única maneira possível da resistência. Por isso, defende-se o "não-trabalho", a redução da jornada de trabalho e a transformação do trabalho burguês (labor) em poiésis, ou seja, a substituição do trabalhador das mãos pelo novo trabalhador da inteligência humana.

Vê-se, pois, que na concepção de tripalium o corpo de trabalhador estava ligado, intrinsecamente, ao seu objeto de trabalho, a terra e a oficina, ou seja, enquanto fosse vivo, jamais poderia ser livre. Sua liberdade era um estágio adquirido apenas com a morte. Isto é, uma concepção de liberdade fundada na metafísica e não da dialética materialista histórica. Podemos perceber, ainda, que no trabalho como labor o operário produz no que não é dele. Ele não planeja, não participa do destino de sua produção. Não compreende as relações de produção que se desenvolve no contexto histórico do modo social e político de produção capitalista. O trabalhador é transformado em um robô, um autômato, um alienado mental. Quanto ao trabalho como poiésis, o operário trabalha no que é dele, planeja e participa do destino de sua produção. Ele compreende as relações de dominação que se dão no contexto histórico do modo social e político de produção capitalista. Não é nem um robô nem um autômato e nem um alienado mental.

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