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Análise antropológica do cristianismo sob uma perspectiva Feuerbachiana

Por:   •  26/4/2021  •  Exam  •  844 Palavras (4 Páginas)  •  108 Visualizações

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Um elemento apontado por Feuerbach acerca do modo como o ser humano se relaciona com a religião diz respeito ao fato de que a objetivação que o crente faz não é notada por ele; tendo em vista que a essência do divino é um antropomorfismo externalizado, a essência divina é a essência humana. Uma das críticas que recaem sobre a antropomorfização de Deus envolve a inviabilidade de um comportamento com rigor estabelecido por um ser tão diferente de si próprio, logo, o ser divino deveria ter algum grau de semelhança com o homem para que se fosse cabível esperar dele uma conduta alinhada aos interesses divinos. É também observado que deve haver uma capacidade humana para que seja possível compreender o âmbito divino em algum grau, vendo nele aspectos que veem em si próprios. Ocorre que, a partir do momento em que o indivíduo reconhece características humanas na concepção do divino, sua fé, tal como funciona, é posta em dúvida. De modo a lidar com esta problemática, que envolve confrontações a tais críticas, a teologia recorre ao argumento de que nossa concepção do divino não é o divino em si, mas nossa imagem dele; a percepção humana do divino que faz soar o mesmo com algo parecido conosco, sendo Deus outra coisa: algo além, distante de si. A teologia almeja conciliar os atributos divinos com os humanos, o que resulta num distanciamento crescente, a razão servindo ao propósito de salvar Deus da descrença.

A religião, no entanto, não sabe lidar com o divino de algum modo que não seja através de elementos humanos. Como citado anteriormente, os valores que vão sendo atribuídos como divinos são valores humanos objetivados. Toda perspectiva de observação do divino e da essência do divino é humana. As experiências sublimes são experiências humanas em diferentes níveis, os valores divinos são valores humanos ideais; quando se parte de uma diretriz divina como “sejam santos como o senhor é santo”, reconhece-se no divino que o indivíduo é pecador, mas que não pode ser outra coisa que não aquilo. E um dever sem poder é o que o autor aponta como uma quimera ridícula, que não move a sensibilidade. É necessário para que se sinta compelido àquilo que seja viável que busque alcançar tais virtudes. O distanciamento que se faz do divino torna inviável uma busca por uma possível santidade, bem como alcançar quaisquer qualidades divinas: o amor, a bondade, a compaixão, o prazer, todas as qualidades que são renegadas no ser humano e que são aceitas no âmbito divino.

O processo de objetivação envolve um esvaziamento do homem, no sentido de que este abre mão de sua própria essência e de suas qualidades para realizá-las num âmbito divino. O prazer carnal é pecaminoso, a passo que o prazer sublime do êxtase sentido num contexto de adoração divina é não somente aceito como louvável; é o próprio contato com a divindade. O indivíduo sujeita também aos pensamentos de Deus, seguindo princípios outros que não de si. Mesmo o distanciamento que ocorre do ser humano com o ser divino através do pecado representa também um afastamento de si próprio, daquilo que dá dignidade ao homem. A pessoa sente o peso da falha sob forma de dívida com Deus, e, consequentemente, consigo próprio. Ocorre um estranhamento do ser Divino, mesmo que o ser divino seja humano, logo, é um estranhamento de si mesmo; cria-se uma dependência com esta entidade de modo a ser capaz

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