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Aprendendo a viver na diversidade

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Por:   •  29/5/2013  •  Resenha  •  1.618 Palavras (7 Páginas)  •  530 Visualizações

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Aprendendo a viver na diversidade

 

“Precisamos aprender não apenas a conviver com a diversidade (...), mas a desejá-la, promovê-la e respeitá-la como uma benção, um prêmio da Natureza”

 

Ações educativas sem julgamentos preconceituosos, que promovam o respeito ao "diferente" e ajudem na formação de cidadãos tolerantes são possíveis e devem ser colocadas em prática

 

 

Na vida cotidiana, os processos de comparação e discriminação estão sempre presentes. Desde a infância aprendemos a comparar e a separar o grande do pequeno, o bonito do feio, o certo do errado, o normal do anormal. Mesmo o sábio poeta Fernando Pessoa já tendo dito que "nada sabemos da alma, senão da nossa; as dos outros são olhares, são gestos, são palavras, com a suposição de qualquer semelhança [ou diferença] no fundo", julgamentos discriminatórios fazem parte do dia-a-dia de crianças e adultos.

 

"Primeiramente, é preciso aceitar que a discriminação, qualquer que seja ela, é aprendida. Ninguém nasce supondo que é 'normal', melhor ou inferior em relação a outros indivíduos", afirma Zilda Del Prette, professora do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Desta forma, "é importante que na escola, principal fonte formadora de cidadãos, as crianças sejam ensinadas a respeitar as diferenças e a superar preconceitos que levam a julgamentos errados e a conflitos dentro e fora da sala de aula", continua ela.

 

Uma atenção especial a essa tarefa da escola é fundamental, pois, inadvertidamente, pais e professores podem permitir a reprodução da discriminação e até acentuá-la, tendo em vista que há uma forte tendência de organizarmos nossas ideias e práticas a partir daquilo que é comum, igual e homogêneo. "Estamos todos habituados a buscar as semelhanças e a valorizá-las, muito mais do que as diferenças, mesmo elas sendo tão presentes. A própria Ciência se constrói sobre a busca da regularidade, da estabilidade e, embora este esforço seja necessário, por vezes acaba ficando obscurecida a importância da diversidade e da variação, inclusive como forma de garantir a continuidade da vida em um mundo que muda constantemente", destaca Ana Lúcia Cortegoso, também professora do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da UFSCar (PPGEEs).
 
A história recente da Educação e, em particular, da Educação Especial, mostra que há diferentes dispositivos para fomentar o desenvolvimento de práticas inclusivas de atenção à diversidade. Na base de todos eles está uma política educacional que estabeleça diretrizes, metas e objetivos voltados para a inclusão, além de garantir as condições mínimas para o alcance desses objetivos e metas.

 

De início, é necessário desenvolver uma cultura de inclusão e de respeito à diversidade - dentro e fora da escola. Para realmente ocorrer, a cultura de inclusão requer o envolvimento da sociedade organizada e do Estado. Isto, segundo Zilda Del Prette, vem ocorrendo no nosso país há alguns anos, ainda que de maneira lenta. "Pode-se dizer que os recursos legais, como itens de nossa Constituição sobre cidadania, ou leis complementares, como os chamados Estatutos, por exemplo o da Criança e Adolescente, dão as condições necessárias ao desenvolvimento do trabalho, mas não suficientes para a construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva", considera ela.

 

De acordo com o professor Almir Del Prette, também do PPGEEs e PPGPsi, o que é posto na lei deve ser seguido por uma ação estratégica, que deve começar na família e se estender para a escola em todos os níveis, em um movimento social amplo que agregue os demais setores da comunidade. "É possível fazer um paralelo com o processo de vacinação que começou no País há muito tempo. Inicialmente, se fez uso da lei e, posteriormente, utilizou-se, de forma bem sucedida, o processo educativo. Hoje, é muito raro encontrar algum pai que se oponha à vacinação de seu filho e, mais ainda, as mães buscam esse recurso como direito legítimo", exemplifica o pesquisador.

 

Na escola particularmente, que é para onde convergem as atenções quando se fala em práticas inclusivas, além das condições materiais - melhoria das salas de aula, materiais pedagógicos adequados, ampliação e melhor remuneração do quadro docente -, os pesquisadores entendem como fundamental a qualidade da atuação do professor, não apenas para oferecer um modelo de respeito e de valorização das diferenças entre os alunos, mas também como agente mediador de interações sociais educativas e inclusivas na sala de aula. "Em relação ao professor, a primeira coisa é ele próprio não discriminar o aluno 'diferente', seja em termos de rendimento, de estética ou de habilidades. A segunda é colocar esse tópico na pauta de seus objetivos de ensino e criar condições diárias para envolver os alunos no processo de aprendizagem", acredita Zilda Del Prette.

 

Condições de aprendizagem

 

Em princípio, como enfatiza a pesquisadora Ana Lúcia Cortegoso, é necessário entender que não há alunos normais, há apenas alunos: os tipos e graus de necessidade que cada indivíduo tem para aprender são diferentes e, mais do que dividi-los em categorias "x" e "y", é necessário verificar, sempre, quais são os limites do próprio professor para lidar com tal diversidade. "A partir daí, é possível equilibrar a demanda com diferentes números de alunos em classe, para que haja diferenciação de programação e de conteúdo naquilo que não pode ser aprendido da mesma forma por todos", afirma Cortegoso.

 

Ou seja, não há nada mais injusto do que tratar todo mundo igualmente, se as necessidades são diferentes. A distribuição da atenção precisa ser qualitativamente equilibrada. O professor deve, inclusive, contar com os alunos que precisam menos de sua atenção, para agirem como tutores. "Esses alunos se sentirão valorizados ao poderem colaborar e, certamente, aprenderão muito com isso, inclusive no sentido de se tornarem melhores cidadãos. E, na verdade, todos

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