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CRISE NA EDUCAÇÃO E O MUNDO MODERNO: ENTRE O PASSADO E FUTURO

Por:   •  16/11/2019  •  Ensaio  •  809 Palavras (4 Páginas)  •  251 Visualizações

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CRISE NA EDUCAÇÃO E O MUNDO MODERNO: ENTRE O PASSADO E FUTURO.

Cristiana Nunes da Silva¹

         No ensaio A crise na educação, Arendt inicia seus escritos relacionando a crise na educação americana com a crise geral do mundo moderno, demonstrando a presentificação e a relevância de tal crise, a incapacidade de solucionar a crise somada à maneira de como ela afetou o campo da política são as principais provas de seu caráter problemático e dos graves prejuízos sociais por ela causados, a crise na educação vai além de um problema restrito, particular de um âmbito social ou de um país distinto (ARENDT, 2005, p. 222).

Destaca ainda o papel da educação das novas gerações baseada na superioridade do adulto como estratégia ditatorial para alienação e submissão a determinados regimes e formas de governo. A autora ressalta ao escrever que a educação não pode desempenhar um papel nesta política a qual se refere, pois os adultos já estão educados e que qualquer tipo de intervenção educativa nestes indivíduos seria uma tentativa de desvinculá-los das atividades inseridas dentro da política.

        A relação proposta por Hannah Arendt entre natalidade, discurso e política nos ajuda a aprofundar o sobre o lugar da infância e da escola na sociedade contemporânea. As crianças nascem e precisam ser educadas. Arendt nos adverte que quem “se recusa a assumir a responsabilidade pelo mundo não deveria ter filhos nem lhe deveria ser permitido participar na sua educação. No caso da educação, a responsabilidade pelo mundo toma forma de autoridade” (Arendt, 2002, p. 43). Além disso, a autora afirma que, para manter o que há de revolucionário na criança, a educação tem que ser conservadora. Mas, como fazer nascer, na criança, o desejo revolucionário de mudança. Como uma educação, que ensina a conservar o mundo, pode, ao mesmo tempo, ensinar a criança a se comprometer com a transformação do mundo.

Exatamente em benefício daquilo que é novo e revolucionário em cada criança é que a educação precisa ser conservadora; ela deve preservar essa novidade e introduzi-la como algo novo em um mundo velho, que, por mais revolucionário que possa ser em suas ações, é sempre, do ponto de vista da geração seguinte, obsoleto e rente à destruição (ARENDT, 2005, p. 243).

O processo educacional não acontece entre os adultos, pois estes já estão comum pensamento formado e fundamentado naquilo que lhe fora ensinado durante seus tempos jovens. Assim, então, supõe-se que o adulto está preparado para a ação política no mundo público. Arendt lamenta o fato de a tradição não ser mais vivenciada na vida humana como aquele caminho que direciona a ação dos cidadãos a partir de uma lógica que considera os princípios, os valores, as reflexões dos antepassados, daqueles que nos precederam. Tudo isso fica esquecido junto a eles e passamos a viver e educar as crianças esquecendo-se deste legado.

Arendt faz uma crítica é o despreparo do professor diante do conhecimento que deve ser transmitido e construído com o aluno. Ela reflete o agir pedagógica como mera transmissão de conteúdos elaborados apenas para a prática, como resposta ao contexto pragmático da época que almeja, sobretudo, o fazer em detrimento do conhecer. Para ela, o conhecimento não deve adentrar essa lógica, mas antes de tudo, ser direcionado para a compreensão do mundo, pois só se transforma aquilo que se compreende.

A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele e, com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse a renovação e a vinda dos novos e dos jovens. A educação é, também, onde decidimos se amamos as nossas crianças o bastante para não expulsá-las do nosso mundo e abandoná-las a seus próprios recursos, e tão pouco arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para nós, preparando-as em vez disso com antecedência para a tarefa de renovar um mundo comum. (ARENDT, 1972, p. 247).

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