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Das Três Transformações Do Espírito

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Por:   •  2/6/2014  •  1.001 Palavras (5 Páginas)  •  292 Visualizações

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Das três transformações do espírito

Gostaria que imaginássemos a belíssima passagem de Assim falou Zaratustra, livro mais conhecido e mais aclamado de Nietzsche, que é a primeira tentativa do autor de colocar um discurso filosófico dentro de uma nova perspectiva de uso da arte para expressar sua visão filosófica e trágica da existência. A passagem posta em questão é “das três transformações”, onde Nietzsche faz uma brilhante analogia entre os tipos de espíritos que permeiam o homem e as criaturas que, com suas características específicas, nos geram imagens dessas personalidades.

Imaginemos um camelo, andando pelo deserto, carregado com pesos quase que além da sua capacidade de conduzi-los. Esta metáfora nos mostra um tipo de homem, citado por Nietzsche como “espírito sólido”. O espírito sólido carrega todo o peso do mundo em suas costas. Mas, o que seria esse fardo apontado por Nietzsche? Os valores e o condicionamento pela busca da verdade. O camelo torna-se serviçal em sua própria casa, no seu próprio deserto, passando a ser ele próprio apenas um instrumento para a continuidade de negação da vida.

A segunda transformação do espírito ocorre quando a figura do camelo se revolta contra essa situação e começa a querer “ser senhor no seu próprio deserto” , por não agüentar, ou não querer mais carregar essa fardo pesadíssimo. Se seguirmos os passos do leão, veremos que a revolta representada por ele é a revolta de Nietzsche contra o sistema moral Kantiano do “tu deves”. A partir dessa parte do texto, o filósofo nos mostra um novo caminho: o “eu quero”. Tornar-se quem se é a máxima nietzschiana contra o conhece-te a ti mesmo socrático. Isso nos mostra que, o sujeito não pode estar voltado somente para si, pois com isso, os valores da vida irão sempre recair sobre algo ideal, ou seja, sobre uma idéia que temos acerca do que seria o homem ou a verdade, fazendo-nos perder, assim, o sentido de vida, tão defendido por Nietzsche. O leão se mostra como o espírito forte, mais arrebatador contra o estado em que se encontrava o espírito sólido.

Por um instante podemos visualizar um camelo, cansado e ofegante, com vários badulaques em suas costas, coisas sem sentido e inúteis que ele carrega. De repente, acontece um adágio em sua marcha fúnebre, e suas costas começam a ficar mais leves, sacudindo anos de ideais e falsas verdades. Suas patas começam a criar garras e aceleram mais e mais seus passos, fazendo-o ganhar velocidade. Sua crina, de repente, vira uma longa juba e ele não mais se vê caminhando pelo deserto, mais correndo em direção ao novo, ao inesperado, exatamente o oposto do que poderíamos esperar de um espírito sólido, fechado e inerte. Somente com essa nova atitude de mudança ele consegue se libertar de seu fardo e seguir em busca de algo ainda por vir.

Em outra parte do texto, vemos uma nova imagem gerada pela narrativa. Em sua frente, o leão encontra o “dragão do dever”, que aqui é colocado como uma alusão direta ao ideal ascético kantiano. Vamos à passagem.

Qual é o grande dragão a que o espírito já não quer chamar Deus, nem senhor? “Tu deves”, assim se chama o grande dragão; mas o espírito do leão diz: “eu quero”. O “tu deves” está postado no seu caminho, como animal escamoso de áureo fulgor; e em cada uma das suas escamas brilha em douradas letras: “tu deves”.

Uma nova perspectiva diferente da adotada até então aparece. Vemos a importância do espírito do leão, que ainda não é o espírito livre defendido por Nietzsche como criador de novos valores, mas é uma espécie de primeiro

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