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Ensaio Sobre O Crepúsculo dos Ídolos - Friedrich Nietzsche

Por:   •  22/6/2022  •  Ensaio  •  1.080 Palavras (5 Páginas)  •  99 Visualizações

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ÉTICA II

|  Prof. Me. Fr. Afonso de Carvalho Garcia  |

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NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. O crepúsculo dos ídolos: ou a filosofia a golpes de martelo. Curitiba - PR: Hemus, 2001. 102 p.

Lucas Emanuel Souza Melo

A obra pertence ao último período de vida de Nietzsche, tendo sido escrita em 1988, juntamente com “O Anticristo” e “Ecce Homo”. No final desse mesmo ano, o autor começou a apresentar sinais de loucura e no início do ano seguinte foi internado em uma clínica psiquiátrica em Basileia. É o terceiro escrito em que Nietzsche critica a moral. O primeiro é Para além do bem e do mal, é o mesmo que além do verdadeiro e falso, e vice-versa: o problema gnosiológico se apresenta como o inverso do conhecimento da problemática moral. O segundo, também escrito nessa linha destrutiva, é “A Genealogia da moral”, em que afirma que o cristianismo é fruto de um ressentimento, a consciência não é a voz de Deus no homem, mas o instinto de crueldade que o faz retroceder, e o sacerdote é o terrível poder do ideal ascético, nocivo por excelência.

O “Crepúsculo dos ídolos” subtitulado “a maneira de filosofar com o martelo” é o terceiro. Supõe uma declaração de guerra contra o ideal antigo de verdade. O nome, tomado de uma obra de Wagner, significa que não há Deus, apenas deidades falsas veneradas por toda a humanidade. Wagner é para Nietzsche na música, o que Schopenhauer é na filosofia. Nietzsche se presta a criticar toda a moral que até agora foi ensinada, respeitada e pregada. Essa moral vai contra os instintos da vida e representa uma condenação de tais instintos tomando Deus como inimigo da vida. Portanto, a moral que Nietzsche oferece é uma moral do instinto.

Enquanto obra filosófica, pertencendo ao último ano de lucidez do autor, é uma de suas obras mais maduras, se propondo a destruir todo idealismo: só existe o mundo real, o mundo do espaço e do tempo, o mundo dos sentidos. O gênero literário que Nietzsche emprega é o aforismático (aforismo é uma sentença breve a doutrinal) com uma relativa unidade lógica, tentando dizer com frases o que outros dizem em livros inteiros. A obra é dividida em onze capítulos, onde o autor constrói sua crítica e sintetiza conceitos importantes de seu pensamento, tais como a distinção entre real e aparente, a transmutação dos valores, os conceitos de apolíneo e dionisíaco, entre outros.

Em sua crítica à filosofia, ele assinala graves erros: a subvalorização da realidade, dessa realidade que é devir, mudança. O mundo real foi rejeitado para afirmar um mundo imaginário, ao qual os filósofos chamam real. O segundo ponto é a confusão entre o último e o primeiro: os filósofos, a partir de Sócrates, se têm guiado por conceitos gerais (que são vazios, não são conceitos nem nada) e desta maneira chegam ao conceito supremo, o mais geral, Deus, cunhado pelo cristianismo. Este conceito é o último (o mais vazio, o mais geral), mas é colocado como o primeiro (como a base do todo). Nietzsche conclui baseado em 4 teses que é necessário colocar em xeque a ontologia (o conceito de ser), na verdade o que se tem chamado de aparente é de fato o real, e o que foi tido como verdadeiro (atemporal, eterno, Deus) é pura invenção.

As razões pelas quais esse mundo é considerado aparente, isto é, o que é captado por meio dos sentidos, são precisamente as que nos fazem ver o que é de fato o real, pois não há outra realidade possível. As características que se atribuem ao “ser verdadeiro” não são mais do que características do nada. O chamado mundo verdadeiro não é mais do que algo ilusório, criado pelas necessidades de manter uma moral que necessita que suas leis sejam cumpridas. Desse modo, não há sentido inventar fábulas acerca de outro mundo, a menos que queiramos mentir ou que estejamos possuídos por um receio frente à vida que nos leve a nos vingarmos dela. Por fim, distinguir um mundo real e outro aparente não é mais que um sintoma de decadência, de distanciamento da vida real, de pessimismo ante as possibilidades da vida. É salutar apresentar ainda a distinção que o autor apresenta entre apolíneo e dionisíaco, que respectivamente se referem ao aparente – o que os filósofos consideram real, o perfeitamente formado, o harmônico e o bem expresso; e o dionisíaco, pelo contrário, denota o que está em caminho de ser, o que ainda não tem forma, mas possui a força esmagadora da vida, do desejo de ser, da vontade de potência.

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