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Estamos perdendo a razão?

Por:   •  19/10/2016  •  Resenha  •  992 Palavras (4 Páginas)  •  798 Visualizações

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ESTAMOS PERDENDO A RAZÃO?

VATTIMO, Gianni. Estamos perdendo a razão? in Café Philo: as grandes indagações da filosofia. Rio de Janeiro, Zahar.

        O filósofo e político italiano Gianni Vattimo é considerado um dos símbolos do pós-modernismo europeu, seu pensamento sofre influências de autores como Heidegger e Nietzsche. Vattimo utiliza-se de conceitos destes autores para uma compreensão da sociedade do nosso tempo, baseando suas ponderações nos pensamentos que serviram de fundamento para uma apreciação crítica da cultura humana, em especial, da cultura ocidental.

        Vattimo nasceu em Turim em 1936, estudou filosofia e especializou-se na Alemanha, tornou-se professor universitário em sua cidade natal dando aula de estética e teorética, em seguida passou a lecionar em algumas universidades dos Estados Unidos. É autor de mais de mais de 25 livros publicados na Itália.

O texto de Gianni Vattimo faz uma breve análise sobre a racionalidade ao longo do século XX e coloca em questão a possibilidade de uma razão universal e a busca desta razão universal pelos seres humanos. Primeiramente o autor apresenta a noção de racionalidade, que seria a “agregação de todas as diferenças numa totalidade”, posição a qual Hegel acreditava ser possível alcançar através do Estado. No entanto, como explica, essa universalização cultural se torna mais complexa na medida em que as diferenças tornam-se cada vez mais concretas.

O autor evidencia que essa razão universal apresenta-se na visão existencialista e fenomenológica como algo imposto aos demais, o que faria dela totalitária. O conceito de razão universal proposto, não pode tomar forma de comprovação científica através do método (conhecimento científico), uma vez que esta razão é compreendida não como conhecimento, mas como um sistema lógico e sistemático de pensar e agir. O que torna clara esta ideia é a proposição apresentada pelo autor “Sobre aquilo que não se pode falar, deve-se calar”, que se entende dentro desta lógica, que não se deve limitar-se necessariamente a uma forma de positivismo, de levar em consideração apenas o conhecimento metodologicamente verificável, mas que há formas de saber humano que não se deixam traduzir em uma forma de linguagem.

Porém, no decorrer do século XX a dicotomia entre o racional e irracional enfraquece, e a esse fenômeno o autor atribui ao surgimento das ideologias ocupando o espaço científico. Com isso a ideia de racionalidade universal ganha outro fator que é o enviesamento ideológico. Assim a sociedade está, segundo o autor, cada vez mais diversificada, tanto em cultura, como do domínio de teorias e concepções, o chamado pluralismo cultural, ou seja, a sociedade possui dai adiante muitas formas de enxergar o mundo, muitas perspectivas, o que dificulta a supremacia de uma cultura e visão de mundo em detrimento de outra.

Com isso, Vattimo conclui que o declínio de racionalidades totalizantes tem correlação com surgimento de consciências diversificadas das pretensões unificadoras, o que caracteriza assim, a chamada “pós-modernidade”. Pós-modernidade essa que é marcada não pela ausência desta racionalidade, mas pela pluralidade de razão que não permite que o pensamento convirja em uma única direção.

Cabe ressaltar que, ao partir de pensamentos não apenas críticos, mas também que se opõem a maior parte da cultura vigente em grande parte do globo, isto é, que se posicionam em contrário a uma interpretação religiosa e universalizante da existência, Vattimo espera introduzir a consciência e lucidez de que qualquer tentativa de utilizar-se de um pensamento e interpretação da realidade como doutrina de pensamento e conduta a ser seguida por todos, não há espaço na pós-modernidade, sendo causa para esta perca de espaço a filosofia desconstrutiva destas visões unificadoras e gerais dos filósofos que o influenciaram, deixando espaço somente para pensamentos com bases individuais e idiossincráticos.  

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