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FILOSOFIA ANTIGA: PENSAMENTOS CLÁSSICO E HELENÍSTICO

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Por:   •  13/3/2015  •  5.687 Palavras (23 Páginas)  •  2.825 Visualizações

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O período pré-socrático foi dominado, em grande parte, pela investigação na natureza. A partir do século V a.C., a atenção dos filósofos gregos começou a ser atraída também para outros problemas. Eles passaram a ter maior interesse no ser humano e nas suas relações com o mundo, especialmente nas relações entre si, isto é, vida política e vida social.

Assim, desenvolveu-se a filosofia clássica da Grécia antiga, que marcou profundamente a história do pensamento ocidental. Consideremos brevemente o contexto histórico em que surgiu o pensamento clássico grego. Este coincidiu com o apogeu político, econômico e cultural das cidades gregas, produzido entre os séculos VI e IV a.C., especialmente de Atenas e de sua democracia.

Até meados do século VIII a.C., Atenas havia vivido uma monarquia, mas o poder do rei foi passando aos poucos para as mãos dos representantes da aristocracia ateniense (os eupátridas), que comandavam o governo da cidade. Entre os séculos VII e VI a.C., diversas reformas – promovidas sucessivamente por Drácon, Sólon e Clístenes – foram criando uma nova forma de governar, a democracia, que se guiava basicamente pelo princípio da isonomia, isto é, de que todos os cidadãos tem o mesmo direito perante as Leis.

A partir do século V a.C., sob a liderança de Péricles (499 – 429 a.C.), essas reformas políticas aprofundaram-se e Atenas atingiu grande esplendor, tanto no campo econômico como cultural. Nessa cidade viveu – ou por ela passou – boa parte dos mais destacados artistas e intelectuais da época, vindos de diversas partes do mundo grego: dramaturgos, arquitetos, escultores, historiadores e filósofos.

Há várias diferenças entre as democracias atuais e a antiga democracia ateniense. Apenas uma pequena parte da população masculina adulta era reconhecida como cidadão em Atenas. Além disso, tratava-se de uma sociedade escravista. Assim, escravos, mulheres e jovens menores de 21 anos não tinham direitos políticos. Nem mesmo os estrangeiros que residiam em grande número na cidade, podiam participar da vida democrática.

Por outro lado, apesar dessas limitações, a democracia ateniense era uma democracia direta, isto é, cada cidadão tinha não apenas direito ao voto, mas também à palavra. As discussões se davam na chamada Ágora, principal praça pública da cidade, onde se reuniam em assembleia todos os cidadãos.

Desse modo, a instituição democrática ateniense – propiciando a participação de um número maior de habitantes na discussão sobre temas práticos e públicos – favoreceu também o desenvolvimento de uma cultura que valorizava o uso da palavra e da razão. As habilidades argumentativas e dialéticas dos cidadãos tornaram-se um bem cada vez mais apreciado. Foi nesse contexto que apareceram os sofistas e Sócrates.

Sofistas: a retórica

Os sofistas pertenciam, em geral, à periferia do mundo grego. Eram professores viajantes que, por determinado preço, vendiam ensinamentos práticos de filosofia. Eles empregavam a exposição ou monólogo como método de ensino. Levando em consideração os interesses dos alunos, davam aulas de eloquência e de sagacidade mental. Ensinavam conhecimentos úteis para o sucesso nos negócios públicos e privados. Alguns deles diziam-se mestres em qualquer assunto, desde a arte de fazer sapatos até a ciência política e como viver bem na polis grega.

Por isso eram chamados de sofistas, palavra de origem grega que quer dizer “grande mestre ou sábio”, algo assim como “supersábios”.

As lições dos sofistas tinham como principal objetivo o desenvolvimento do poder de argumentação, a habilidade retórica, bem como o conhecimento de doutrinas divergentes. De acordo com essa interpretação, eles transmitiriam todo um jogo de palavras, raciocínio se concepções úteis para driblar as teses dos adversários e convencer as pessoas.

O momento histórico vivido pela civilização grega favoreceu o desenvolvimento desse tipo de atividade em Atenas. Era uma época de lutas políticas e intenso conflito de opiniões nas assembleias democráticas. Por isso, muitos cidadãos sentiam a necessidade de aprender a retórica ou oratória – arte de falar e argumentar em público – para conseguir persuadir as pessoas em assembleias e, muitas vezes, fazer prevalecer seus interesses individuais e de seu grupo social.

Essas características dos ensinamentos dos sofistas favoreceram o surgimento de concepções filosóficas relativistas sobre as coisas. Como vimos anteriormente, para o relativismo não há uma verdade única, absoluta. Tudo seria relativo ao indivíduo, ao momento histórico, a um conjunto de fatores e circunstâncias de uma sociedade.

Heróis ou vilões?

O termo sofista teve originalmente um significado positivo. Entretanto, com o decorrer do tempo ganhou o sentido de "enganador" ou "impostor", devido, sobretudo, às críticas de Platão.

Desde então, considerou-se a sofística, isto é, a arte dos sofistas, apenas uma atitude viciosa do espírito, uma arte de manipular raciocínios, produzir o falso, iludir os ouvintes, sem qualquer amor pela verdade. Verdade se diz aletheia, em grego, e significa "manifestação daquilo que é", "o não oculto". Aletheia opõe-se a pseudos, que significa "o falso", "aquilo que se esconde, que ilude". Os sofistas pareciam não buscar a aletheia; contentavam-se com pseudos.

Por isso hoje se utiliza a palavra sofisma, derivada de sofista, para designar um raciocínio aparentemente correto, mas que na realidade é falso ou inconclusivo, geralmente formulado com o objetivo de enganar alguém.

Abordagens mais recentes sobre a atuação dos sofistas procuram mostrar que o relativismo de suas teses fundamenta-se em uma concepção flexível sobre os homens, a sociedade e a compreensão do real. Para os sofistas, as opiniões humanas são infindáveis e não podem ser reduzidas a uma única verdade. Assim, não existiriam valores ou verdades absolutas.

É importante destacar, por último, que não existe uma doutrina sofística única. O que há são alguns aspectos comuns entre as concepções de certos sofistas, como Protágoras, Górgias entre outros, o que permitiu que fossem considerados como um conjunto ou corrente.

Protágoras de Abdera: Nascido em Abdera (a mesma cidade natal de Demócrito), Protágoras (c.480-410a.c.) é considerado o primeiro e um dos mais importantes sofistas. Ensinou por

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