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Fernando Pessoa -Análise Do Poema " Leve, Breve,suave"

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Por:   •  13/6/2014  •  1.182 Palavras (5 Páginas)  •  6.605 Visualizações

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Análise do poema "leve, breve, suave..."

Este poema ortónimo de Fernando Pessoa reflecte sobre um acto simples: a observação do canto matinal de uma ave. Mas, quanto a mim, o poema esconde um significado mais profundo.

Embora possamos interpretar o poema pela sua suposta musicalidade (é o que parece fazer por exemplo Amélia Pinto Pais (no seu livro "Para Compreender Fernando Pessoa"), em que as rimas e doçura melódica transparecem o próprio cantar da ave; eu antes preferia ver a oposição que o poeta faz entre o canto da ave (que representa o mistério da Natureza imutável) e o papel do observador (neste caso o poeta).

Veja-se como o princípio do poema "Leve, breve, suave, / Um canto de ave / Sobe no ar com que principia / O dia" é marcado por uma leveza que vem da falta de significados, de análise, é só pura realidade - é a Natureza, sem pensamento.

Quanto pessoa escuta, tudo pára de repente: "Escuto, e passou...". Quer ele dizer que a oposição do seu pensamento, da análise racional, matou a acção pura da Natureza. Parece-lhe mesmo que foi só por ele ouvir que tudo parou. Veja-se - ouvir! Nada mais. Pessoa sentiu-se um estranho à Natureza.

O início da segunda estrofe marca esse "fim do edílio", do paraíso do que era só natural. Se a primeira estrofe é positiva, a segunda é negativa:

"Nunca, nunca, em nada, / (Raie a madrugada, / Ou splenda o dia, ou doire no declive) / Tive / Prazer a durar / Mais do que o nada, a perda, antes de eu o ir / Gozar".

É essencial que se separe (Raie a madrugada, / Ou splenda o dia, ou doire no declive) do resto da estrofe, para que a possamos ler só assim: "Nunca, nunca, em nada, / Tive / Prazer a durar / Mais do que o nada, a perda, antes de eu o ir / Gozar". Quer Pessoa dizer que nunca pode tirar prazer das coisas naturais: ele assim que pensa mata tudo o que é natural. Não consegue ter em si esse prazer natural das coisas, um "prazer a durar" (ou seja, um prazer que se prolongue no tempo).

Embora pareça complexo, o poema é afinal bastante simples no seu significado:

Pessoa não consegue sentir e gozar as coisas de maneira simples. Não consegue ter prazer nas coisas, porque pensa logo da perda das mesmas, racionaliza-as demasiado. É esta complexidade da sua mente, do seu raciocínio que prejudica (que cala) o que é Natural. A ave calou-se (metaforicamente) por causa da intrusão do raciocínio de Pessoa.

análise do poema "quando as crianças brincam"

O poema "Quando as crianças brincam" é um poema ortónimo tardio de Fernando Pessoa, datado de 5/9/1933.

O tema da infância é um tema recorrente na obra ortónima (escrita com o próprio nome) de Pessoa. É um tema simultaneamente reconfortante e doloroso para Pessoa e é fácil de compreender porquê.

Fernando Pessoa viveu uma infância dita feliz até aos seus 6 anos. É com a morte do pai que a unidade (e paz) familiar se quebra de modo definitivo e irreversível, culminando na traumática mudança dos Pessoa para a distante África do Sul, tem o menino Fernando apenas 8 anos. Ele - uma criança precoce, quiçá mesmo sobredotada - tinha uma consciência do que lhe estava a acontecer e registou todos os pormenores dessa mudança na sua psique.

Por isso a sua infância é agridoce - se por um lado houve uma altura de verdadeira felicidade, a barreira dos 6 anos marca o princípio de uma tristeza imensa que sempre o acompanhará. Ele recordará assim, de modo ambivalente, este período da sua vida. Há poemas em que a infância é recordada como tempo feliz (poema "quando era criança" por ex) e outros em que ela é recordada pelo oposto.

O poema em análise colhe, por assim dizer, destes dois mundos. Nele Pessoa recorda a infância tanto pelo que teve de feliz como de infeliz.

Mas passemos à análise propriamente dita do mesmo:

Quando as crianças brincam E eu as oiço brincar, Qualquer coisa em minha alma Começa a se alegrar.

A memória visual de Pessoa é activada pelo movimento das criança, sobretudo pelos sons. A memória

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