Relação Dos Lusiadas Com O Poema Mensagem De Fernando Pessoa

Os Lusíadas, de Camões, e Mensagem, de Fernando Pessoa, constituem duas obras grandiosas da Literatura Portuguesa e que nos enchem de orgulho. O poema camoniano possui um conjunto de acontecimentos renascentistas com fatos relevantes, conceito moral de atos heróicos transcorridos durante as batalhas, fenômenos históricos, lendários e míticos representantes da batalha portuguesa. Já o poema pessoano é um aglomerado de acontecimentos dos tempos modernos.

Mesmo possuindo uma natureza heróica, Os Lusíadas e A Mensagem, diferem ao relacionar-se com um assunto independente de qual for. A epopéia pessoana ao falar sobre a história de Portugal possui um caráter patriarca, assim como no poema de Camões, mas em a Mensagem o patriotismo é seguido de uma crítica. Além disso este poema é cheio de mistérios espiritualmente simbólicos, pois na sua concepção, o futuro da Pátria estava nas mãos de Deus. As duas obras se relacionam bastante, embora tenham sido de épocas diferentes. Um bom exemplo é a passagem de D. Sebastião que para Pessoa não passava de um nacionalista lendário, um retrógrado racional; em oposição a esta postura Camões tem D. Sebastião como um enviado de Deus com incumbências relacionadas ao império português, por isso o autor convida-o a se tornar o pesadelo dos mouros da África. Em um outro momento em que vemos uma diferença relacionada a este exemplo, é na terceira parte – “O Encoberto” - quando para Camões D.Sebastião continua ligado a um fé cristão, ao divino, espiritual -"(...) tenro e novo ramo florescente / De uma árvore, de Cristo mais amada / Que

nenhuma nascida no Ocidente, ... " ( CAMÕES. op. cit. pág. 22) e para Fernando Pessoa, como um ícone de esperança para o novo Portugal, "E outra vez conquistemos a Distância

- / Do mar ou outra , mas que seja nossa! "(PESSOA. op. cit. pág. 83).

Em relação ao gigante do mar, “Gigante Adamastor”, os dois livros o mostram como um representante do perigo encontrado no mar para os navegadores, mas de maneiras diferentes. No Lusíadas, este ser aparece por meio de uma transformação da divindade em pedra, na Mensagem “O Mostrengo” surge com esse novo nome, de forma aérea e com tetos negros ligados ao fim do mundo, mas este é enfrentado por “o homem do Leme”, um homem sem muita importância, identificado como João II e representante dos portugueses. Porem, em os Lusíadas, essa cena não é repetido, uma vez que os portugueses temem ao Gigante.

Outro episódio de semelhança e diferença é o da “Ilha dos Amores”, de os Lusíadas e “As Ilhas Afortunadas", na Mensagem. As duas são ilhas de encantamentos, paixão, a primeira encontra-se representando o passado mítico de Portugal, um lugar paradisíaco, puro, reservado aqueles com maior poder e onde nada é proibido. Pessoa, relata As ilhas afortunadas como moradia do D.Sebastião e por isso sendo um lugar fantástico, num tempo construidor do futuro.

2- Fazendo uma análise comparada com os poemas das duas obras, em os Lusíadas, o Velho do Restelo avisa aos navegadores que partiram com Vasco da Gama sobre as dificuldades que apareceriam assim que a navegação começasse. Pessoa assume uma postura bem parecida no poema do Saramago, quando este alerta ao astronauta, que era um