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Habermas: A Vida e a Obra

Por:   •  2/6/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  4.278 Palavras (18 Páginas)  •  287 Visualizações

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1 Habermas: A Vida e a Obra 

        

        Jürgen Habermas nasceu na cidade de Düsseldorf, na Alemanha, curiosamente no mesmo ano em que foi fundada a Escola de Frankfurt, 1929.

        Em 1954, aos 25 anos, graduou-se com o trabalho intitulado O Absoluto e a História, sobre Schelling. Ainda no mesmo ano Habermas tornou-se assistente de Adorno, a quem assistiria durante os próximos cinco anos, até 1959, no Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, a chamada Escola de Frankfurt.

Aos 31 anos Habermas passou a lecionar filosofia em Heildeberg e em 1961 publicou a famosa obra Entre a Filosofia e a Ciência- O Marxismo como Crítica, inserida em O estudante e a Política. Jürgen Habermas passou, então, a lecionar filosofia e sociologia na Universidade de Frankfurt.         

Várias obras e artigos foram publicados pelo filósofo nos anos seguintes, entre os quais se destacam: Evolução Estrutural da Vida Pública, em 1962; a famosa Teoria e Práxis, em 1963; Lógica das Ciências Sociais, em 1967; e Técnica e Ciência como Ideologia e Conhecimento e Interesse, ambas em 1968.

Em 1968 Habermas mudou-se para New York e tornou-se professor da New York School for Social Research. Mas já em 1972 muda-se novamente, desta vez para Starnberg, assumindo a direção do Instituto Max-Planck. Contudo, em 1983 Habermas torna, novamente, a lecionar na Universidade de Frankfurt.

Por fim, em 1994, Habermas aposentou-se, porém sem nunca deixar de contribuir para o arcabouço do conhecimento através de contínuas palestras, obras publicadas e outros.

Autor de vasta obra, que compreende hermenêutica jurídica; críticas ferrenhas ao positivismo em sua expressão resultante, o tecnicismo; análise do Marxismo e muitos outros temas, Jürgen Habermas é representante da segunda fase da Escola da Frankfurt.

Contudo, mesmo sendo vasta a sua obra, o principal eixo das discussões do filósofo é, sem dúvida,  a crítica ao tecnicismo e cientificismo que, ao seu ver, reduziam todo o conhecimento humano ao domínio da técnica e modelo das ciências empíricas, limitando o campo de atuação da razão humana a todo conhecimento que fosse objetivo e prático.

Destacam-se,  assim, três idéias fundamentais seguidas por Habermas:

  1. Teoria da Ação Comunicativa (que será analisada mais adiante);
  2. A defesa da existência de uma esfera pública, na qual os cidadãos, livres de domínio político, podem expor idéias e discutí-las – Habermas, contudo, destaca que a mídia exerce influência no sentido de diminuir este espaço;
  3. A idéia de que as ciências naturais seguem uma lógica objetiva, enquanto as ciências humanas – uma vez que a sociedade e a cultura são baseadas em símbolos – seguem uma lógica interpretativa.

E em cada um desses temas expressa-se a característica de Habermas, herança explícita da Escola de Frankfurt, isto é, a abordagem dita “crítica” a respeito das teorias, das ciências e do próprio presente, construindo, assim, um conhecimento engajado e revolucionário.

Seguindo este eixo e introduzindo uma nova visão a respeito das relações entre a linguagem e a sociedade, em 1981 Habermas publicou aquela que é considerada sua obra mais importante: Teoria da Ação Comunicativa. Mais adiante seu conteúdo e esta importante teoria de Habermas serão abordados com mais detalhes.  

Em algumas outras obras Habermas abordou as ciências sociais e, em especial, dedicou-se a estudar o Direito: em Conhecimento e Interesse (citada anteriormente), publicada em 1968, Habermas apresenta uma distinção entre as ciências exatas e as ciências humanas, afirmando a especificidade das ciências sociais; em A Transformação Estrutural da Esfera Pública (Strukturwadel der Öffentlichkeit), publicada em 1962, aborda o fundamento da legitimidade da autoridade política como o consenso e a discussão racional; no recente Entre Fatos e Normas, publicado em 1996, o filósofo faz uma descrição do contexto social necessário à democracia, bem como esclarece fundamentos da lei, de direitos fundamentais bem como uma crítica ao papel da lei e do Estado. Habermas, dessa forma, destaca-se como uma importante base para, entre outros, o estudante de Direito.

2 A Escola de Frankfurt e a Teoria Crítica

Com a Revolução Francesa e o advento do Iluminismo, o século XVIII ficou conhecido como a “era das luzes”, época em que houve a emancipação do homem através do uso da razão, avanços tecnológicos e um progresso expressivo da ciência.

        No século XIX, a herança do Positivismo se fez presente nos pensamentos de Hegel, principalmente na crença de que a razão era o instrumento para se instaurar a harmonia e a felicidade entre os homens.

        O que houve, entretanto, foi a instauração de um caos crescente, com a exploração da classe trabalhadora e a miséria oriunda das desigualdades sociais impostas pelo capitalismo.

        No século XX, o que se passa na Alemanha não é tão diferente das demais regiões da Europa, porém com um agravante – em 1918 é proclamada a República, deixando para trás a dominação de perdurava desde o século XII, pela família dos Hohenzollen, e forma-se um Estado nacional, com a unificação dos principados independentes. Em 1923 eclode outra insurreição operária: a dos operários de Bremen, esta, porém, sufocada pelo Partido Socialista Alemão, governo da época.

        A Europa, principalmente a Alemanha, vivenciava toda a brutalidade da 1ª Guerra Mundial. O comunismo iniciava-se na Rússia e o fascismo, na Itália. Hitler se impunha, trazendo consigo, o horror do holocausto.

        Nesse contexto surge um movimento, em 1924, conhecido como a Escola de Frankfurt, encabeçado pelo Theodor W. Adorno– filósofo, sociólogo e musicólogo, Walter Benjamin – ensaísta e crítico literário, Herbert Marcuse – filósofo e Max Horkheimer – filósofo, sociólogo, que acreditavam na teoria de Marx, sobre o Materialismo Histórico e esperavam poder conciliar a teoria marxista à realidade, na qual o povo e o governo teriam uma convivência harmônica.

        A Escola de Frankfurt torna-se conhecida por desenvolver uma “teoria crítica da sociedade”, que é um modo de fazer filosofia integrando os aspectos normativos da reflexão filosófica com as realizações explicativas da sociologia, visto que o objetivo da mesma é fazer a crítica, buscando o entendimento e promovendo a transformação da sociedade.

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