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O Raciocínio Carr. A natureza da política

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Por:   •  23/9/2013  •  Resenha  •  943 Palavras (4 Páginas)  •  305 Visualizações

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Capítulo VII: A NATUREZA DA POLÍTICA

Carr define Política de uma maneira muito semelhante à definição de Aristóteles, como sendo “aquilo que lida com o comportamento dos homens em grupos permanentes ou semi-permanentes organizados.” (CARR, 2001, p. 127). Assim, concorda com o filósofo que “o homem é um animal político” e o analisa na sua complexidade: ora agindo egoisticamente, ora sendo sociável, cooperativo e com desejo de manter boas relações com os outros. Esse dualismo se reflete na sociedade e é o que faz ela também ser dualista. Citando o Professor Laski, Carr diz que “todo Estado é construído sobre a consciência dos homens” (LASKI, 1925, p. 55, citado por CARR, 2001, p. 128), mas toma a palavra do antropólogo Linton (The Study of Man, 1936, p. 240) para dizer que “a guerra parece ser principal força na criação do Estado.” (2001,p. 128). Assim, conclui que “o Estado é constituído a partir desses dois aspectos conflitantes da natureza humana” (2001, p. 128).

Continuando sua tese, Carr diz que “não se pode divorciar política e poder (...) e o homo politucus que só visa ao poder é tão irreal quanto o homo economicus que só visa ao lucro. Deve basear a ação política numa coordenação de moral e poder.”(idem, 2001, p. 129). Para o autor, em política é fatal ignorar o poder quanto ignorar a moral: não se deve descuidar de nenhum deles. Aqui utópicos e realistas trilham caminhos antagônicos.

Capítulo VIII: O PODER NA POLÍTICA INTERNACIONAL

Carr vê o poder como a força motriz na política internacional: “A Política é, em certo sentido, sempre a política de poder.” (2001, p. 135). Para o autor, não se aplica sempre o termo “política” para as atividades do estado, mas apenas quando há conflito de poder. Assim, nem todas as relações entre Estados são políticas. A maior parte delas são “técnicas”. Mas quando envolve uma questão de poder entre um Estado e outro, logo torna-se um assunto “político”. Assim, Carr diz que ‘”é seguro dizer que o poder é sempre um elemento essencial da política”. (2001, p. 135)

Prosseguindo, Carr diz que para entender um assunto político: não basta saber do que se trata, mas é necessário saber quem está envolvido.

No pós-guerra (1a.Grande Guerra), autores utópicos chegaram a pensar que com a criação da Liga das Nações significaria a eliminação da força nas relações internacionais e as discussões eliminariam os exércitos e a marinha. Carr chama para a realidade dizendo que é uma ilusão pensar que houve no passado nações fracas e desarmadas detendo poder. Mesmo na Liga das Nações as decisões eram tomadas e o poder era exercido pelas grandes potências da época: Grã-Bretanha, Itália, França e Alemanha. (2001, p. 137). Isso acontecia em detrimento da suposta “igualdade jurídica” existente entre as nações. As nações menores seguiam ou sofriam pressão para seguir as maiores. Isto aconteceu quando a Inglaterra (1931) e mais tarde a França (1936) deixaram o padrão ouro ou mesmo quando a Alemanha ultrapassou a França no poderio militar. Nesse momento, conforme narra Carr, muito países menores declararam neutralidade ou mesmo passaram para o lado da Alemanha.(2001, p. 138)

O Tratado de Locarno é um exemplo da delicada política e equilíbrio de poder em um dado momento na Europa.

O autor divide o poder político em três segmentos: militar, econômico e ideológico, sendo todos interdependentes, segundo Carr, sendo o poder, na essência “um todo indivisÍvel”.

a) Poder Militar: o mais importante, pois a possibilidade da guerra sempre está presente. Carr menciona o grande estrategista prussiano da época de Bismarck, o Barão de Clausewitz, para quem “a guerra não é nada mais do que a continuação das relações políticas por outros meios”. (Clausewitz in Carr, 2001, p. 143). Aqui a Diplomacia é exercida pela coerção e pela força ( “A Diplomacia é a guerra em potencia”). (Hawtrey, p. 107). O poder militar tornou-se um fim em si, diz Carr. Luta-se guerras para se tornar mais forte militarmente ou para evitar que o outro se mais forte (idem, p. 146).

b) Poder Econômico: Carr argumenta que o econômico e a política sempre estiveram intimamente ligados na história: “a força econômica sempre foi um instrumento do poder político” (2001, p. 148). O progresso da humanidade vem através do desenvolvimento econômico, estando este conectado ou sendo instrumento do político.

“Uma vez que riqueza era uma fonte de poder político, o Estado deveria procurar ativamente promover a aquisição de riqueza” (idem, p. 149). Na teoria mercantilista, os metais preciosos era a melhor forma de acumular riquezas, quando se pressupunha que era função do estado a tarefa de promover o acúmulo de riqueza. Este pensamento foi quebrado com a teoria liberal, onde se previa o Estado o menor possível, um mal necessário. (idem, p. 150).

Na prática na há uma separação muito clara entre o econômico e o política na época de Carr (durante o pós-guerra), tanto que o termo “potencial de guerra” tornou-se uma outro nome para o poder econômico (idem, p. 152). Prosseguindo cita Bruck: “As leis fundamentais da história são leis políticas, as leis econômicas são secundárias”

De qualquer forma, para Carr não se pode separar o econômico do político, sobretudo na arena internacional: “Tentativas de resolver problemas internacionais através da aplicação de princípios econômicos divorciados da política estão fadadas à esterilidade” (idem, p. 154). E conclui sua argumentação típica realista: “O poder é indivisível e as armas militares e econômicas são, meramente, diferentes instrumentos do poder” (idem, p. 155).

Car aprofunda o assunto do Poder Econômico através de vários sub-títulos, dos quais destacarei o que julgo o mais importante:

Poder Econômico Como Instrumento da Política

Carr julga ser este um dos instrumentos ou arma da política nacional para exercer influência de um país no exterior, especialmente através de dois meios:

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