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OS ÍNDIOS: CLASSE E CIDADANIA NO PERÍODO COLONIAL TARDIO NA INDONÉSIA

Por:   •  8/1/2019  •  Ensaio  •  4.380 Palavras (18 Páginas)  •  240 Visualizações

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Fichamento

OS INDOS: CLASSE E CIDADANIA NO PERÍODO COLONIAL TARDIO NA INDONÉSIA (09 -37)

• Testemunhos escritos com relação ao tempo doeloe (colonial malaio-portuguesa (usada em neerlandês e indonésio) que significa tempo passado, tempo de outrora. É muito usada para referir-se ao etos da sociedade colonial de antes de 1900), do final do século XIX estão cheios de referências sobre a miscigenação, o hibridismo eurasiano e a presença inescapável do sobrenatural.

• É impossível definir o que exatamente constitui o índico e quem pertence a ele, simplesmente porque seu significado resiste a qualquer definição ou tentativa de delineamento.

• No arquipélago índico, contudo, os mestiços descendentes de europeus considerados legalmente como europeus pertenciam aos círculos sociais mais altos. Um sentimento de pertencer a uma etnia indo não surgiu antes do final do século XIX, quando tempo doeloe já estava dando lugar à sociedade colonial tardia, com sua agricultura de exportação altamente organizada e poderosa, comunicações telefônicas e carros motorizados.

• O momento em que uma consciência de classe indo surgiu fez com que esta ficasse profundamente imbuída de um sentido de pertencimento étnico a uma pátria índica. Sua luta por um poder social crescente fundiu-se a uma busca por cidadania dentro do contexto colonial. Os indos eram filhos de um império colonial e, portanto, podemos dizer com Cooper e Stoler, constituíam tanto uma força criativa como de ruptura, que tentava modificar os limites coloniais da exclusão racial.

• Os indos eram europeus para a administração civil, independentemente de sua posição econômica ou social. Desde os primórdios do século XIX, não era a riqueza ou a raça, mas o reconhecimento por parte do pai europeu o que tornava alguém europeu pela lei.

• Isto separava esse indivíduo das populações indígenas, embora a fronteira fosse frequentemente cruzada por casamentos entre descendentes de europeus e cristãos indígenas.

• Ninguém pensaria em incluir os latifundiários plantadores de açúcar e índigo em Java Central ou os ricos produtores de noz-moscada e macis das ilhas Banda na categoria de inlandsche kinderen, embora dificilmente qualquer um deles fosse branco puro.

• Os requisitos formais foram empregados mais rigorosamente a partir da década de 1840, mas, graças ao estabelecimento, em 1867, de um treinamento para funcionários públicos em Batávia, o número de funcionários públicos nascidos nas Índias pode perfeitamente ter aumentado ao longo do século XIX.

• Eurasianos ricos e cultos eram considerados neerlandeses e às vezes descritos como creole, que em sentido estrito significava um branco europeu nascido nas Índias. Mas branco aqui se refere ao étnico, não ao racial.

• Um dos mitos índicos, que data da época da Companhia das Índias Orientais Holandesas, era o de que, uma vez casado com uma moça índica, se estava acorrentado às Índias. Os recém-chegados do século XIX, os chamados totoks, não constituíam uma classe alta fechada em si mesma nas Índias.

• As redes sociais e econômicas nas Índias do século XIX eram basicamente redes familiares. As famílias melhor posicionadas na economia colonial tinham laços antigos com as Índias, e consequentemente era raro que fossem inteiramente brancas.

• Contudo, as mulheres brancas não chegaram em grande número até os anos de 1920 e superestimar a influência de teorias racistas sobre as relações sociais nas Índias pode facilmente obscurecer a dinâmica da economia colonial. Em 1870, quando os primeiros navios navegaram através do Canal de Suez, já haviam sido designados os ganhadores e os perdedores da economia colonial de plantation.

• Mesmo que esse padrão migratório não fosse nada novo e, como o absenteísmo da plantation, já fosse parte da vida nos velhos tempos da Companhias das Índias Orientais, sua escala era sem precedentesMesmo que a palavra indo raramente fosse usada antes de 1885, os jornais índicos, que começaram a surgir a partir dos anos de 1850, fornecem provas abundantes de uma linha de demarcação no bojo da sociedade colonial europeia. Contudo, é improvável que a imprensa estivesse indicando algo novo, já que essa divisão entre residentes temporários e famílias europeias enraizadas localmente pode muito bem ter existido desde os dias da Companhia das Índias Orientais.

• Considerando a distinção entre as comunidades índicas enraizadas localmente e a sociedade índica em trânsito, podemos compreender porque o pai do movimento indo do século XX nas Índias Neerlandesas, o jornalista G.A. Andriesse, tentou evitar a terminologia do sangue misto ou sangue puro, ou indos e totoks. Em 1895, cunhou as palavras trekkers e blijvers, que eram mais ou menos equivalentes respectivamente a aqueles que passam e aqueles que ficam.

• Em contraste com os recém-chegados do início do século XIX, esses expatriados do final do século não eram mais obrigados a abandonar seus padrões metropolitanos para sobreviver física e socialmente. Podiam dar-se ao luxo de resistir às tentações de uma proposta de casamento índico.

• O surgimento de jornais baratos e populares em língua neerlandesa ao redor de 1885 dá indícios da existência de um número crescente de eurasianos com pelo menos conhecimento passivo do neerlandês. A sociedade europeia nas Índias estava obviamente mudando, mas isto não é razão suficiente para concluir que os recém-chegados marginalizaram os europeus de ascendência mista nascidos nas Índias.

• A guerra em Aceh estava custando uma fortuna, e a competição ferrenha no mercado mundial de açúcar forçou o governo a abrir mão de impostos sobre exportação de que necessitava muito. Muitos pequenos funcionários públicos conseguiam se sustentar através do crédito a curto prazo, oferecido muitas vezes pelos lojistas chineses, o que explica seu ressentimento contra os chineses em geral.

• O surgimento de uma classe indo, que se tornou visível na década de 1860 e generalizou-se na década de 1880, foi consequência da expansão da economia colonial e do progresso da educação primária para descendentes de europeus nas Índias. O primeiro fator ocasionou uma proliferação da imprensa, enquanto o segundo fez surgir um grupo de leitores que se expandia continuamente, preenchendo duas condições para o surgimento de jornais em língua neerlandesa, que procuravam leitores entre os segmentos minoritário, mas prósperos da sociedade europeia.

• É quase desnecessário dizer que a crescente consciência indo já havia nascido antes que idéias de fin de siècle sobre diferenças

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