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PLATÃO E A JUSTA DESIGUALDADE

Por:   •  21/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.766 Palavras (8 Páginas)  •  12.421 Visualizações

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  1. PLATÃO E A JUSTA DESIGUALDADE

        Atenas, por volta do Século V a.C., era uma cidade na qual existia bastante desigualdade social. Apenas tinha direito a cidadania os homens adultos nativos, ou seja, eram excluídos da sociedade estrangeiros, escravos, mulheres, crianças e adolescentes.

        De acordo com Platão, fundador da academia de Atenas, a sociedade era dividida em três classes diferentes, onde o Magistrado, a menor das classes, era formado pelos governantes que desenvolviam as leis na época, os guerreiros que tinham como função defender e proteger a cidade, e por último, a classe dos artesãos e trabalhadores, a maior e mais numerosa das classes, onde o objetivo era o fornecimento e suprimento dos bens básicos a sobrevivência de toda a cidade.

        As desigualdades não existem desde que as pessoas sejam conduzidas educadamente as suas devidas tarefas, considerando uma cidade justa, onde cada um ocupa seu lugar de acordo com sua natureza, ou seja, em sua visão, cada um possui melhores habilidades em determinado segmento.

        Com isso, determina como uma cidade justa, quando todas as pessoas que compõem as três classes, cumpram suas devidas tarefas e funções adequadamente, fazendo apenas aquilo que lhe foi designado e nada mais, gerando assim harmonia entre as diferentes classes.

        Essa justiça é enfatizada por uma teoria chamada “Teoria da Alma”, onde Platão cita que a alma humana é dividida em três partes: a racional, da classe dos magistrados, determinada como a função da alma e responsável pelo conhecimento, a irascível, da classe dos guerreiros, determinada como a parte que se irrita e defende o corpo de possíveis ameaças e por último, concupiscente, da classe dos trabalhadores, que se resume nas necessidades básicas de todo indivíduo.

        Em sua visão, reforçando a teoria de que cada um deve fazer apenas suas atividades movidos por suas melhores habilidades, se a classe concupiscente assumisse o governo, a cidade iria adquirir grandes problemas econômicos e no caso da classe irascível, a cidade viveria em constante guerra.

        Sendo assim, fica como responsabilidade da educação em preparar a sociedade e seus indivíduos para suas determinadas funções designadas, tornando a desigualdade justa e harmoniosa, provendo um bem comum.

  1. A DESIGUALDADE SEGUNDO O FILÓSOFO ROUSSEAU

        Jean Jacques Rousseau, filósofo nascido em 1712, desenvolveu um pensamento onde aponta que a desigualdade baseia-se na noção de propriedade particular e a insegurança em relação as outras pessoas.

        Os primitivos se uniam e se ajudam apenas em casos de extremas necessidades, preferiam viver suas vidas isoladamente. A partir de novas imposições que foram surgindo com o tempo, eles foram percebendo que poderiam conquistar condições que pudessem torna-los melhores do que outras pessoas da sociedade, surgindo assim o conceito de “propriedades”, seja ela de terras, animais, pessoas, armas, etc.

        De acordo com Rousseal (2008), as desigualdades entre os homens têm como base a noção de propriedade privada e a necessidade de um superar o outro, numa busca constante de poder e riquezas, para subjugar os seus semelhantes. 

Para Rousseal, existem dois tipos de desigualdade social, a física e a natural, que são definidas por fatores de força física, idade e condições de saúde e a desigualdade moral e política, que é o senso comum entre a sociedade, ou seja, uma convenção autorizada e aprovada pela maioria das pessoas.

        Rousseau diz que, “sendo quase nula a desigualdade no estado de natureza, deve sua força e desenvolvimento a nossas faculdades e aos progressos do espírito humano, tornando-se, afinal, estável e legítima graças ao estabelecimento da propriedade e das leis...”, isto é, os fatos que ocorreram pertinente a essas mudanças e divisões, são os reais motivos do surgimento da desigualdade na sociedade.

  1. O HOMEM NO ESTADO DE NATUREZA SEGUNDO ROUSSEAL

        O estado de natureza é um momento que ocorreu antes da existência da sociedade civil, para Rousseal, o processo de civilização que afastou o homem de sua natureza e fez com que acabassem a igualdade entre as pessoas.

        De acordo com Rousseal, todo homem nasce bom, com o passar do tempo, a civilização que o corrompe. Sendo assim, o estado de natureza seria o momento em que as pessoas viviam pela natureza, apenas com o que ela lhe oferecia.

        Rousseal afirma que o estado de natureza, seria o estado primitivo, de quando surgiu a humanidade. Em seu ponto de vista, a sociedade era auto-suficiente e muito mais feliz e voltada para o bem comum, enquanto com a imposição da sociedade, o homem se tornou artificial e orgulhoso.

  1. A PROPRIEDADE PRIVADA COMO ORIGEM DA DESIGUALDADE SOCIAL

        Com as mudanças no estado de natureza, as pessoas passaram do modo natural para o modo civil, onde passou-se a admirar as terras e outros tipos de bens como forma de poder, força e reconhecimento.

        Com isso, a busca pela riqueza se tornou cada vez maior, fazendo com que as pessoas quisessem dominar uns aos outros.

        De acordo com Rousseal (1989):

Antes que tivessem inventado os sinais representativos das riquezas, elas só podiam consistir em propriedades e animais, os únicos bens reais que os homens podiam possuir. Ora quando as heranças cresceram em números e em extensão, a ponto de cobrir todo o solo, e tocaram-se umas às outras, uns só puderam prosperar a expensas dos outros, e os supranumerários, que a fraqueza ou a indolência tinham impedido por seu turno de as adquirir, tendo se tornado pobres sem nada ter perdido, porque, tudo mudando à sua volta, somente eles não mudaram, viram-se obrigados a receber ou roubar sua subsistência da mão dos ricos. Daí começaram a nascer, segundo os vários caracteres de uns e de outros, a dominação e a servidão, ou a violência e os roubos.

        Rousseau (1989) afirma que a desigualdade se encontra na má distribuição das propriedades,  onde na sociedade, encontramos pessoas com absolutamente nada, e outros com muito:

Os enriquecidos só pela indústria não podiam basear sua propriedade em melhores títulos. Por mais que dissessem: “fui eu quem construiu esse muro; ganhei este terreno com meu trabalho”, outros poderiam responder-lhes: “Quem vos deu as demarcações, por que razão pretendeis ser pagos a nossas expensas, de um trabalho que não vos impusemos? Ignorais que uma multidão de vossos irmão perece e sofre a necessidade do que tendes a mais e que vos seria necessário um consentimento expresso e unânime do gênero humano para que, da subsistência comum, vos apropriásseis de quanto ultrapassasse a vossa?

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