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Quando o outro entra em cena, nasce a ética

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Por:   •  19/9/2014  •  Artigo  •  300 Palavras (2 Páginas)  •  395 Visualizações

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QUANDO O OUTRO ENTRA EM CENA,

NASCE A ÉTICA

sua carta tirou-me de grave embaraço, para colocar-me

em outro de igual gravidade. Até agora tenho sido eu (e

não por decisão minha) a abrir a discussão, e quem fala

primeiro fatalmente interroga, esperando que o outro responda.

Daí meu embaraço, ao sentir-me inquisitório. E

muito apreciei a decisão e humildade com que o senhor,

por três vezes, desafiou a lenda de que os jesuítas responderiam

sempre a uma pergunta com outra pergunta.

Agora, porém, sinto-me embaraçado para responder a

sua pergunta, pois minha resposta seria significativa se

eu tivesse tido uma educação laica e, pelo contrário, tive

uma forte influência católica até (para assinalar o momento

de uma ruptura) os vinte e dois anos. A perspectiva

laica não foi para mim uma herança absorvida passivamente,

mas o fruto, muito sofrido, de uma longa e lenta

mutação, e não estou certo de que algumas de minhas

convicções morais não dependam ainda de uma influência

religiosa que marcou minhas origens. Hoje, já em

idade avançada, vi (em uma universidade católica estrangeira

que tem em seus quadros professores de formação

laica e deles exige, no máximo, manifestações de respeito

formal no curso dos rituais religioso-acadêmicos) alguns

de meus colegas chegarem aos sacramentos sem

que acreditassem na “presença real” e, portanto, sem

que tivessem sequer se confessado. Com um frêmito, depois

de tantos anos, adverti ainda o horror do sacrilégio.

Todavia, creio poder dizer em que fundamentos se baseia,

hoje, minha “religiosidade laica” — porque acredito

firmemente que existem formas de religiosidade, e logo

sentido do sagrado, do limite, da interrogação e da espera,

da comunhão com algo que nos supera, mesmo na

ausência da fé em uma divindade pessoal e providente.

Mas isso, posso percebê-lo em sua carta, o senhor também

sabe. O que o senhor tem se perguntado é o que há

de vinculante, arrebatador e irrenunciável nestas formas

de ética.

Gostaria de tomar as coisas a distância. Certos

...

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