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Rascunho de iniciação científica

Por:   •  9/4/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.537 Palavras (11 Páginas)  •  160 Visualizações

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     UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

Os prazeres violentos tem finais violentos:  O drama barroco em um mundo pós-humano

Bruna Guimarães Santos – 119.779

Orientadora: Profa. Dra. Lilian Santiago

GUARULHOS – SP

2017


RESUMO

Propomos como hipótese de leitura inicial que os dispositivos tecnológicos devem ser abordados como um espaço de enunciação onde se negociam interesses fragmentados e heterogêneos procedentes de diversas relações sociais. Os elementos que tem a ver com a construção do humano estão implicados de forma nuclear nos debates e projetos tecnológicos contemporâneos. Desta forma, é impossível separar as relações interpessoais – expressadas e determinadas no desenho tecnológico- das estruturas mais amplas que as sustentam.

A presente proposta pretende ajudar na compreensão de como os constantes avanços técnico-científicos tem alterado a relação com o mundo em nossa volta. A abordagem partirá da série Westworld exibida pela HBO sob uma perspectiva benjaminiana.

Palavras-chave: técnico-científico, Drama barroco, Shakespeare, Westworld, ser humano-máquina, parque temático, Walter Benjamin


  1. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE

A seguinte pesquisa tem por objetivo analisar a forma como os avanços técnico-científicos têm afetado o desenvolvimento de nossos afetos e, consequentemente, das nossas relações interpessoais. O interesse pela questão surge a partir do contato com obras que nos colocam inquietações quanto a esta temática, dentre as quais, vale citar, Frankenstein, de Mary Shelley, na qual a figura do monstro expressa claramente o medo da autora quanto as consequências de tais avanços na transformação do ser humano. Todavia, além deste clássico literário que atravessou os séculos, o receio quanto a interferência que os avanços tecnológicos desenvolveram em nossa sociedade vem aumentando cada vez mais, como podemos observar ao considerar as obras que tem marcado a contemporaneidade: a agonia de Eros e sociedade do cansaço, de Byung-Chul Han, regras para um parque humano, de Peter Sloterdijk, a sociedade do espetáculo, de Guy Debord e o Manifesto ciborgue, de Donna Haraway, são algumas das quais podemos citar para mostrar a forma como a relação entre técnica e formação humana tem se tornado uma grande preocupação da nossa era e, portanto, é uma questão que demanda  debate. E, por partilharmos da mesma apreensão que tais autores expressam em suas obras, pretendemos contribuir para a discussão.

O ponto de partida de nossas reflexões a este respeito está ancorado na série Westworld, produzida pela HBO. O enredo, que se dá em um parque temático futurístico, onde aqueles que possuem poder aquisitivo tem a oportunidade de interagir com um mundo onde a única lei é a satisfação dos prazeres. Os anfitriões (androides) do parque possuem todas as características físicas e cognitivas de qualquer ser humano, possuem enredos e são capazes de reproduzir qualquer emoção humana. Tudo isto é fruto de um código de programação e de técnicas de produção inovadoras. Cada detalhe deste imenso palco é feito para que, a tênue linha entre o real e o irreal seja transpassada, e os convidados (humanos) se encontrem absortos em um novo mundo.

Por fim, as consequências da interação com este nível de modernização nos dão margem para repensar nossa concepção de progresso, intrinsecamente vinculada ao binômio ‘ciência e tecnologia’. As reflexões a serem desenvolvidas a partir de agora estarão sob as lentes da leitura a ser realizada da obra Origem do drama trágico alemão de Walter Benjamin.

  1. JUSTIFICATIVA DA SOLICITAÇÃO

Tamanha quantidade de reflexões que vem sendo desenvolvidas a cerca da temática que este projeto trata, alimentam, para nós, também algumas lacunas. Pois, os avanços técnico-científicos não cessam, logo, suas consequências tomam novos caminhos de interpretação. Por este motivo, as pesquisas acerca deste tema devem ser constantemente atualizadas e, não obstante, devem ser aproximadas tanto quanto possível da reflexão filosófica posto que, é nesse espaço que se deposita a esperança de um futuro promissor, não somente em questões utilitárias, mas também porque estão sujeitas a uma forma de abstração metafísica. É este o principal motivo pelo qual nosso projeto se faz necessário.


  1. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

“Você não sabe onde está, sabe? Você está na prisão dos próprios pecados”. A frase forma parte do diálogo entre dois personagens da série Westworld, Doutor Robert Ford, o criador do parque Westworld, e Peter Abernathy, um dos androides, ou melhor, sua criatura.

O parque Westworld que tem por finalidade entreter os adultos com seus robôs, passou por fases de aprimoramento das técnicas de produção. Inicialmente, os androides possuíam limitações que permitiam com que fossem distinguidos facilmente dos humanos. Com o intuito de melhorar a experiência dos convidados, torná-la mais real, os anfitriões foram recebendo novas características humanas: capacidade de improvisar, ler expressões faciais, reconhecer assuntos que interessassem os convidados, além dos aprimoramentos físicos, onde a estrutura mecânica ficou submersa por camadas de pele, músculos, ossos e órgãos, não por acaso, a figura do homem produzida por Da Vinci está presente na abertura da série. Um trabalho árduo com o único objetivo de permitir que os convidados tivessem a melhor experiência possível, que usufruíssem de todo o prazer possível e que se envolvessem profundamente nas narrativas do palco que representam o parque temático de Westworld. Contudo, uma variável nos códigos de comando faz com que os anfitriões passem a agir de forma inesperada. Inicialmente as variações de comportamento eram consideradas como fatores isolados, correspondentes a apenas alguns anfitriões. Todavia, tardiamente foi constatado que o erro tinha uma amplitude maior do que se gostaria de admitir, logo, as consequências não poderiam ser outras que se não: esses prazeres violentos, tem fins violentos, uma referência à clássica obra Romeu e Julieta, de William Shakespeare, que é citada várias vezes durante a série. Eles estavam, enfim, presos ao que haviam criado.

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